Por Humberto Façanha*
Falei na seção passada sobre as avaliações feitas pelos gestores laboratoriais sobre as dificuldades atuais, principalmente no que concerne à área de atuação dos pequenos e médios laboratórios. Foram citadas diversas razões para os problemas, mas todas convergem para fatores externos aos laboratórios clínicos: convênios, fornecedores, governos, laboratórios de apoio, capital externo, concorrência desleal e por aí vai. Então pergunto: Que ações gerenciais estamos adotando para aumentar a produtividade, reduzir riscos, incrementar competitividade e lucros? Você está avaliando a competitividade do seu laboratório? Quantificando os custos de produção? Metrificando a rentabilidade de exames, clientes, equipamentos e setores da produção? Calculando o momento certo para a terceirização mais rentável? Você está se comparando (processo de benchmarking) com os seus concorrentes para saber onde está pior e deve melhorar? E como melhorar? E quanto esperar de retorno? E ainda, o laboratório é um negócio viável considerando as características da região onde opera? Caso tenha uma única resposta negativa, poderá não estar controlando adequadamente os processos da sua organização, ainda que hoje esteja lucrando bem!
No meu trabalho já vi de tudo em gestão. Apreendi com os meus clientes muito! Mas quem sabe controlar os seus processos, quem faz gestão profissional, não está mal neste País. Nem sempre um ticket médio alto assegura sucesso e, muitas vezes um ticket médio mais baixo produz melhores resultados financeiros, mantendo a qualidade legal dos exames. Para isto acontecer, tem que ser gestor profissional, não tem mais espaço para amadorismo. A luta é por centavos. Os laboratórios clínicos são uma alternativa de investimento (além de uma paixão!), portanto, como todos os investimentos, têm que ser geridos com cuidado, por profissionais. Você faria uma cirurgia nos olhos com um carpinteiro? Um implante dentário com um ferreiro? É óbvio que não. Então, porque não tratar do seu investimento com profissionalismo? Não quer que ele prospere?
Quem não sabe calcular a sua competitividade e avaliar o seu risco de insolvência, não sabe se localizar no “Mapa da concorrência mundial”. E quem não sabe onde anda, está PERDIDO! Simples assim, quem não resolve os problemas estruturais (internos), não pode simplesmente jogar a culpa nos agentes externos (conjunturais). Quem não mensura os seus processos, não gerencia, portanto, fica ao sabor dos ventos (externos ao barco), não ajusta as suas velas. Qual a consequência? Vai para onde o vento levar. O capitão do navio passa a ser os agentes externos, o comandante não sabe onde ir e o leme está quebrado. Quem quiser sobreviver vai ter que se capacitar ou reavaliar a ética. É o MERCADO impondo suas leis naturais ou “artificializadas”, mas determinantes. Não é justo? Não. Tem para quem reclamar. Não. O cidadão mais honesto, decente, sábio, humilde e caridoso que existiu no mundo, foi vilipendiado, torturado e crucificado!! Foi isto justo? Não. Então quem somos nós para reclamar de justiça?! Vamos arregaçar as mangas, nos capacitar, trabalhar, trabalhar, trabalhar…, pois sendo leão ou gazela, temos que correr para sobreviver! A vida é luta renhida que aos fortes exalta e aos fracos abate. Todos, simplesmente, todos temos que lutar, não há escolha para o sucesso honesto!
Portanto, concluo e conclamo novamente os colegas gestores de laboratórios clínicos: vamos mudar a percepção das causas do problema (que, sem dúvidas, existe) e das soluções! Basta de reclamações. Ao invés de buscar as causas somente no ambiente externo, colocar a culpa do problema nos outros, bem como esperar que terceiros apresentem soluções, vamos voltar nossa atenção para dentro dos nossos laboratórios, para as nossas atitudes gerenciais, o que de fato estamos fazendo além de protestar? A SOLUÇÃO para todas estas questões, virá somente com GESTÃO PROFISSIONAL. Não existe alternativa honesta possível! Seja proativo. Faça acontecer!
Boa sorte e sucesso!
*Humberto Façanha da Costa Filho – professor e engenheiro, atualmente é diretor da Unidos Consultoria e Treinamento e do Laboratório Unidos de Passo Fundo/RS, professor do Centro de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas (CEPAC) da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e professor do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA), curso de Pós-Graduação em Análises Clínicas.