Quais são os caminhos que os laboratórios devem seguir para além da sobrevivência, buscarem os justos lucros, aumentando a produtividade, por conseguinte a competitividade com a devida redução do risco de insolvência?
Esta é a famosa pergunta de um milhão de dólares, creio que neste caso, vale até mais do que isto. Pessoalmente tenho refletido muito sobre este assunto e, tenho algumas pistas, algumas ideias que podem ajudar a minimizar o problema. Solucioná-lo na totalidade, não creio. Esta (solução) virá pelo próprio mercado.
Quais são as FORÇAS DE DEFESA dos pequenos e médios laboratórios clínicos do Brasil? São duas: 1) CAPILARIDADE è O País tem dimensões continentais, por decorrência, existem áreas mais remotas dos centros densamente povoados, de certa forma, isolando inúmeras regiões. Nestas, o próprio acesso físico as vezes é difícil. Este fenômeno cria nichos de mercados privilegiados. Atenção, isto não ocorre somente em regiões a milhares de quilômetros da costa ou de um grande centro. Pode ocorrer em bairros de uma metrópole. A capilaridade desestimula que grandes concorrentes institucionais venham disputar o mercado, pois a relação dos investimentos e custos operacionais tende a não compensar os benefícios dos negócios, por decorrência, mantém os concorrentes afastados. 2) TRADIÇÃO è Gera a reputação, que sendo boa, mantém a fidelidade dos clientes, sendo este portfólio de grande valor. Novos entrantes deverão se sujeitar a buscar o crescimento vegetativo, dito orgânico, ou comprar os concorrentes.
Quais são as AMEAÇAS aos pequenos e médios laboratórios clínicos do Brasil? São várias: 1) Queda e estagnação da precificação dos exames, decorrentes da sua produção industrial, socialização da medicina e ruptura do equilíbrio entre oferta e demanda. 2) Avanços tecnológicos: massificação dos Testes Laboratoriais Portáteis (TLP), também conhecidos como “Testes rápidos”, autotestes etc. 3) Novos “entrantes” na área de auxílio ao diagnóstico médico: equipamentos que utilizam pequenos volumes de amostra (uma gota…) para realizar centenas de exames; laboratórios portáteis. 4) Novos modelos de negócios (por exemplo, o Hilab, a telemedicina etc.), dentre outros. 5) A crescente conscientização da saúde pessoal deverá modificar o perfil de sociedade, com novas exigências e orientações dogmáticas em saúde. Isto exigirá transformar rapidamente registros clínicos em informação para a tomada de decisão em favor dos pacientes, impondo grande capacidade para lidar com enorme volume de dados aliada à velocidade de processamento. 6) Interpolaridade crescente entre os smartphones e as tecnologias vestíveis, indústria 4.0 (fábricas inteligentes), internet das coisas, sistemas ciber-físicos, computação em nuvem, big data, impondo uma forte capacitação nestas áreas. 7) Necessidade crescente de reduzir o prazo de entrega dos exames (menor tempo de resposta). 8) Acirramento da concorrência com novos entrantes no mercado, farmácias, clínicas populares e correlatos, laboratórios de apoio com vieses de finalidade (Concorrência de porta, recolhimento de amostras coletadas em clínicas médicas e outros estabelecimentos que se disponham a agendar ou coletar exames). Este elenco de ameaças aos pequenos e médios laboratórios não se esgota no evidenciado. Certamente existem outras! Vale ressaltar que uma das grandes forças de defesa desses laboratórios, que é a capilaridade, já começou a ser destroçada pelos seguintes players: 1) Laboratórios de apoio, na medida em que não abrem necessariamente postos de coleta, pois isto exige investimentos e grandes custos operacionais, usando eles, de subterfúgios eticamente questionáveis, recolhendo amostras em clínicas e outros estabelecimentos de saúde. 2) Farmácias, que, se valendo de falta, brechas ou favorecimento na legislação, estão recepcionando, coletando e fazendo diversos tipos de exames. A dimensão destas AMEAÇAS é considerável, uma vez que o volume, o número de clínicas médicas e correlatos, bem como de farmácias, é de ordem superior a cem mil estabelecimentos. Ainda, estes estão espalhados, disseminados por todos os cantos do País, nos mais longínquos rincões! Não existem dúvidas, as ameaças 1 e 8 são as que mais colocam os pequenos e médios laboratórios em risco de insolvência.
Qual a SOLUÇÃO para os pequenos e médios laboratórios clínicos do Brasil?
Laboratórios METAVERSO: não há outra forma para enfrentar as “novas” exigências do mercado: uma “nova” maneira de recepcionar, coletar e produzir exames, a não ser com competência total. E, quais são as condições para que um laboratório seja classificado como METAVERSO? Veja a seguir.
Dimensões (atributos) do Diferencial competitivo (Competência total), característico dos Laboratórios METAVERSO. Por ela é que os clientes serão fidelizados nestas empresas, que deverão ter competência para manter os referidos diferenciais ao longo do tempo, do contrário, não sobreviverão.
- Reputação è Sólido portfólio de clientes: médicos assistentes, usuários finais e institucionais (planos de saúde etc.). No subconsciente coletivo da comunidade onde atua, vale a máxima: pensou em laboratório clínico, pensou no laboratório Metaverso.
- Gestão profissional è Nela, todos os processos estão corretamente identificados, metrificados por itens de controles e verificação (indicadores de desempenho) estabelecidos nas dimensões pertinentes da qualidade total, com metas determinadas pela concorrência, fundamentando todo o planejamento estratégico de forma competitiva. Ainda, em cada processo estarão identificados seus clientes (internos e externos), fornecedores, responsáveis e forma de monitoramento dos resultados. Em suma, deve-se girar o ciclo PDCA de gestão, incansavelmente, com resiliência, determinação, obstinação, SEMPRE!
- Qualidade em serviços è O Ciclo de prestação de serviços (Jornada do cliente) mapeado em todos os Momentos da verdade e executado de forma assertiva para encantar o cliente.
- Integração na 4ª Revolução industrial (Transformação digital da saúde) è Grande capacidade para lidar com enorme volume de dados aliada à velocidade de processamento, na área da saúde. Isto deverá proporcionar transformar rapidamente registros clínicos em informação para a tomada de decisão em favor dos pacientes. Utilização habitual de Sistemas de Apoio à Decisão – SAD, cuja necessidade decorre, fundamentalmente, da competição cada vez maior entre as organizações, bem como da exigência de se obter de forma rápida, informações cruciais para a tomada de decisões corretas. Um SAD é responsável por captar e elaborar informações contidas em uma base de dados, transformando-os em vantagem competitiva, pela tomada de decisões de forma inteligente.
- Capacidade colaborativa (cooperativismo; associativismo) è A constituição moral que disciplina o comportamento dos gestores laboratoriais e que determina o padrão ético dessas organizações, deve refletir atitudes de desprendimento, de redução do egoísmo, buscando um aumento no comportamento fraterno, onde laboratórios se unem em associações ou cooperativas, tornado o macroprocesso operacional mais eficiente e eficaz, contudo, preservando as características da concorrência pelo mercado. Em síntese, os concorrentes deixam de ser inimigos que devem ser destruídos e passam a ser parceiros nas soluções que assegurem além da sobrevivência, aumento nos lucros. Ainda, tudo isto podendo ser mantido ao longo dos tempos, ou seja, assegurando de forma perene a COMPETITIVIDADE e reduzindo o RISCO DE INSOLVÊNCIA.
Repetimos, pela importância que não há outra forma para enfrentar as “novas” exigências do mercado: uma “nova” maneira de recepcionar, coletar e produzir exames, a não ser com competência total. Esperando termos contribuído para os negócios na área das análises clínicas, nos despedimos até a próxima edição da revista NewsLab.
Boa sorte e sucesso!
Humberto Façanha
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