As incertezas do mundo atual e, especialmente o mercado das análises clínicas, tornam pertinente a pergunta. Tenho escrito sobre este tema ao longo dos últimos anos e, por incrível que pareça, ele se torna cada vez mais atual. Ao me apropriar da expressão latina “Quo Vadis”, quero mostrar usando todo o seu simbolismo, a importância que os gestores devem dar ao mercado, quais são os caminhos que os laboratórios devem seguir para além da sobrevivência, buscarem os justos lucros, aumentando a produtividade, por conseguinte a competitividade com a devida redução do risco de insolvência. Cunhei nos livros que escrevi, as expressões “1ª e 2ª Disrupção” para identificar as grandes transformações ocorridas no mercado das análises clínicas. Ninguém duvida que nada é permanente e que somente os que tiverem capacidade de se adaptarem mais rapidamente às mudanças, sobreviverão. Contudo, é válido ressaltar as mudanças drásticas, aquelas que ocorrem em um período menor e que resultam em impactos mais significativos nos paradigmas vigentes. Foi o que aconteceu no fim do século passado (1ª disrupção) que marcou de forma indelével a ruptura do equilíbrio entre demanda e oferta de exames, causando uma queda geral na precificação dos exames. As causas fundamentais foram a produção industrial de exames e a socialização da medicina. Já na segunda década do século 21, temos a 2ª disrupção, onde os efeitos da primeira permanecem e, adicionalmente ocorre a 4ª revolução industrial, tipificada nas análises clínicas pela massificação dos Testes Laboratoriais Portáteis (TLP), também conhecidos como “Testes rápidos”; novos modelos de negócios (por exemplo, o Hilab, a telemedicina etc.); crescente avanços tecnológicos em dispositivos, equipamentos e serviços de monitoramento residencial; foco em telemetria, dispositivos, artefatos, sensores e outros equipamentos acoplados aos smartphones e voltados a personalização dos serviços de cuidado pessoal; soluções tecnológicas que irão exigir grande capacidade para lidar com enorme volume de dados aliada à velocidade de processamento, na área da saúde. Isto deverá proporcionar transformar rapidamente registros clínicos em informação para a tomada de decisão em favor dos pacientes. Sistemas de Apoio à Decisão – SAD; novos “entrantes” na área de auxílio ao diagnóstico médico: equipamentos que utilizam pequenos volumes de amostra (uma gota…) para realizar centenas de exames; laboratórios portáteis, exames remotos e junto aos pacientes, dentre outras características decorrentes, fundamentalmente, da “miniaturização” ocorrida nos processadores, na mecatrônica, na realidade ampliada, na internet das coisas, etc. Tudo isto, aliado às consequências da pandemia, está impactando profundamente o mercado dos laboratórios clínicos, criando novas exigências para serem atendidas: concorrências de novos entrantes no mercado, farmácias, clínicas populares e correlatos; a crescente conscientização da saúde pessoal deverá modificar o perfil de sociedade, com novas exigências e orientações dogmáticas em saúde; os laboratórios clínicos deverão sair da sede física para chegar junto aos pacientes, médicos, fornecedores e pagadores dos serviços (convênios…), através da conectividade eletrônica; deverá haver necessidade crescente de reduzir o prazo de entrega dos exames (menor tempo de resposta); necessidade da união entre os serviços de diagnósticos por imagem com os laboratórios clínicos, junções, fusões, aquisições buscando soluções ecologicamente corretas; deverá haver uma contínua pressão descendente de preços, no entanto, o mercado vai ser compensado por um aumento no volume; deverá ocorrer uma verticalização violenta do mercado das análises clínicas; incremento das fusões e aquisições gerando novos grandes conglomerados, ameaçando ainda mais os pequenos e médios laboratórios. Pois bem, após essas duas disrupções detalhadas, resultou um mercado altamente desfavorável aos pequenos e médios laboratórios. Estes, para aumentar a chance de sobreviverem, deverão ter as características do que convencionei chamar de “LABORATÓRIO METAVERSO”. Adicionalmente, o Brasil e o mundo, estão entrando numa espiral de inflação crescente, acompanhada de uma estagnação do PIB, de uma forma geral, tornando muito possível a terrível estagflação (recessão em conjunto com inflação). Para os pequenos e médios laboratórios, a existência de um processo inflacionário em torno dos dois dígitos, poderá levar a uma situação de absoluto descontrole econômico e financeiro, inclusive, ocasionando uma onda de falência destas organizações. O motivo, a razão disto é muito simples, não obstante, a grave repercussão: as consequências das duas disrupções estão presentes, estão em vigência, portanto, OS PREÇOS DOS EXAMES CONTINUAM EM PLENA CONTENÇÃO, contudo, os CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS estão em PLENA EXPANSÃO. E, a capacidade de negociação dos pequenos e médios laboratórios é pífia perante o poder dos clientes institucionais (Governo Federal, Estadual e Planos de saúde em geral). A combinação destes fatores, se o CENÁRIO INFLACIONÁRIO persistir, fará os laboratórios enfrentarem A MAIOR CRISE DA HISTÓRIA, uma vez que, NÃO TÊM CAPACIDADE DE BARGANHAR com os referidos clientes, na mesma taxa de crescimento dos seus custos, sejam fixos ou variáveis, gerando um descompasso entre as receitas e os custos, com as consequências óbvias: redução dos lucros, prejuízos, endividamento, empréstimos bancários, inadimplência com fornecedores etc. Portanto, REZEM para que a inflação volte para patamares civilizados! Voltando a pergunta do título do artigo “Aonde vais”? Quais são os caminhos que os laboratórios devem seguir para além da sobrevivência, buscarem os justos lucros, aumentando a produtividade, por conseguinte a competitividade com a devida redução do risco de insolvência? Esta é a famosa pergunta de um milhão de dólares, creio que neste caso, vale até mais do que isto. Pessoalmente tenho refletido muito sobre este assunto e, tenho algumas pistas, algumas ideias que podem ajudar a minimizar o problema. Solucioná-lo na totalidade, não creio. Esta (solução) virá pelo próprio mercado. Esperando termos contribuído para os negócios na área das análises clínicas, nos despedimos até a próxima edição da revista NewsLab, onde debateremos as ideias citadas anteriormente e os laboratórios Metaverso.
Boa sorte e sucesso!
Humberto Façanha
51-99841-5153
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