Uma nova ferramenta para o diagnóstico e seguimento do câncer de próstata
O câncer de próstata é a segunda neoplasia que mais mata homens no Brasil. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), 61 mil novos casos são registrados anualmente no país, sendo responsáveis por cerca de 13 mil mortes.
O diagnóstico precoce pode mudar o paradigma do câncer de próstata. Resultados favoráveis são alcançados em até 90% dos casos nessa fase. Porém, para se chegar ao diagnóstico, são necessários procedimentos invasivos que podem ter consequências graves.
O exame do PSA (Antígeno Prostático Específico), popularizou-se na década de 90, após sua aprovação pelo FDA (Food and Drug Administration – órgão americano equivalente à ANVISA) em 1986, e, com ele, surgiram avanços relevantes no tratamento e acompanhamento da neoplasia maligna da próstata. Contudo, como qualquer outro, esse exame tem suas limitações. Um exemplo disso é o fato de que a elevação dos níveis séricos de PSA é comum em consequência de outras enfermidades como prostatite aguda ou crônica e hiperplasia prostática benigna, o que pode levar a resultados falso positivos.
Aproximadamente 75% das biópsias prostáticas realizadas têm resultado negativo para o câncer, e cerca de 2% dos pacientes submetidos ao procedimento apresentam complicações que necessitam de internação hospitalar. Dessa maneira, a necessidade de novos métodos diagnósticos não invasivos visa reduzir as indicações de biópsias de próstata.
O novo exame do PHI (Prostate Health Index) utiliza a combinação de três marcadores presentes na amostra sanguínea: o PSA livre, o PSA total e o p2PSA. Um cálculo matemático permite determinar com mais assertividade as chances do paciente ter, de fato, câncer de próstata. Esse exame é aprovado desde 2012 pelo FDA e recomendado pela National Comprehensive Cancer Network.
Como citado anteriormente, muito se evoluiu no entendimento da doença, e hoje nem sempre o diagnóstico de câncer de próstata implica em se indicar o tratamento agressivo. Active Surveillance (AS) é o nome do protocolo de seguimento para esses casos de neoplasias indolentes que podem ser tratados e acompanhados de forma conservadora, sem risco para o paciente. O PHI tem sido avaliado em vários protocolos no intuito de se reduzir o número de biópsias e aumentar a segurança nesse seguimento. Até o momento, os dados são promissores.
Atualmente, espera-se que milhares de pessoas possam se beneficiar dessa
nova ferramenta, uma vez que sua aferição chega a reduzir em até 30% a indicação de biópsias em pacientes considerados candidatos apenas devido à alteração do PSA total. Além disso, a associação com doença de alto risco também tende a gerar benefícios na seleção de pacientes que poderão passar por terapias menos agressivas, como o já citado AS.
Fonte: Dr. Mateus Furtado Rocha / Urologista – CRM-MG 43824