Embora o número de casos seja pequeno, é um fato que as crianças são as menos contaminadas e para os pesquisadores, ainda não está claro o fato do vírus não ter tropismo em crianças. Sabe-se, porém que a baixa incidência está relacionada a fatores do próprio vírus, que é pouco agressivo nesta faixa etária como também fatores ambientais, já que a epidemia começou durante o período de férias escolares, o que justificaria a pouca disseminação entre este grupo.
“Pode ser que o vírus tenha afetado mais adultos até o momento porque houve transmissões em locais de trabalho e em ambientes de viagem”, pondera Sanjay Patel, consultor de doenças infecciosas pediátricas no Hospital Infantil de Southampton, na Inglaterra. “Agora que vemos mais adultos estando com seus filhos, podemos ver um aumento no número de infecções em crianças, ou não.” Ele ainda ressalta que, é bem possível que mais crianças – do que as divulgadas até o momento, estejam infectadas, pois elas não foram testadas em larga escala, então, isso reforça ainda mais sua tese.
Outra hipótese bastante discutida no momento é a de que o coronavírus parece usar o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) para esse propósito. Pode ser que as crianças tenham menos receptores de ECA-2 em suas vias inferiores (pulmão) do que nas vias superiores, e por isso as vias superiores (nariz, boca e garganta) serem mais afetadas.” Isso esclareceria o fato da maioria das crianças infectadas , apresentarem sintomas que não passam de resfriado.
Para o consultor pediátrico honorário na Universidade de Southampton, Graham Roberts, “Crianças parecem acumular mais respostas (a infecções virais) do que os adultos, como febres altas, que não são tão frequentes nos adultos e é bem possível que o sistema imune infantil seja mais bem equipado para controlar o vírus, restringi-lo às vias aéreas superiores sem causar grandes problemas adicionais e eliminá-lo.”
Por possuírem sistema imune ainda em desenvolvimento, as crianças são alvo fácil para versões graves de gripe como a influenza e pneumonia, por exemplo. Entretanto, no caso do covid-19, suspeita-se que a imaturidade seja de alguma forma positiva, fazendo com que a reação viral seja mais mitigada frente ao vírus. Segundo o Dr.Renato Kfouri – infectologista do Departamento Cientifico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria ( SBP ), “ às vezes, o que faz o vírus ser mais agressivo é uma resposta imune exagerada ou desregulada, que gera um processo infamatório por trás da doença”. Contudo, a Organização Mundial da Saúde pede cautela, o comportamento do vírus ainda está sendo estudado. Portanto, não podemos afirmar que as crianças estão protegidas e, mesmo que apresentem sintomas leves ou inexistentes, elas podem sim, transmitir o vírus ,logo, os manejos de precaução são os mesmos indicados para adultos.
Portanto, é muito importante conversar com as crianças sobre o covid-19, explicar a elas sobre os cuidados extras de higiene e distanciamento social, acolhendo suas angustias de forma que não sintam medo por terem que mudar tanto suas rotinas, pois é uma situação transitória e que estes cuidados são para proteger, não só a eles, como a família e amiguinhos.
FONTES:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-52152324
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1809-98232008000200259&lng=pt&nrm=iso
https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/o-novo-coronavirus/
https://medprev.online/blog/coronavirus-o-que-os-grupos-de-risco-precisam-saber.html
https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019

Fábia Bezerra, Biomédica, com mais de 20 anos na área Laboratorial. Consultora e Auditora na Empresa Suzimara & Sarahyba Consultoria.
Email: contato@suzimaraesarahyba.com.br
[[Artigo disponível na íntegra na Revista Newslab Ed 160]]