Autora: Cleide Rodrigues Borella, Siemens Healthineers
Denominamos trombofilia como a tendência para desenvolver trombose e podemos atribuir esta predisposição a fatores genéticos ou fatores de risco que levam a uma trombose adquirida.¹
Uma nova diretriz, publicada em 10 de agosto de 2021, visou considerar as condições latino-americanas frente ao tromboembolismo venoso (TEV), doença comum na América Latina. Em 2021, um estudo foi publicado para fornecer diretrizes baseadas em evidências latino-americanas sobre o manejo do TEV para pacientes, médicos e tomadores de decisão. As recomendações incluídas neste artigo foram adaptadas de duas orientações anteriores sobre o tromboembolismo venoso (TEV publicadas pela American Society of Hematology (ASH) especificamente para o cenário latino-americano. O público-alvo desta diretriz são hematologistas, clínicos gerais, intervencionistas vasculares, intensivistas, farmacêuticos, pacientes, outros tomadores de decisão e fabricantes.
A ASH e sociedades locais de hematologia formaram um comitê composto por profissionais médicos de 10 países da América Latina, priorizando 18 questões relevantes para o contexto latino-americano. Uma equipe atualizou as análises das evidências dos efeitos na saúde e o comitê encontrou concordância em 17 delas, sendo que 4 destas evidências contêm alterações direcionais forte recomendação com mudança de força.
As recomendações atuais são baseadas em evidências fornecidas por diferentes fontes, como ensaios randomizados que avaliam os efeitos de intervenções na saúde e também por estudos que avaliam valores e preferências de pacientes, uso de recursos, acessibilidade, viabilidade e impacto na equidade em saúde.1-3 Alguns desses fatores provavelmente são diferentes em diversos locais (por exemplo, custos).
Apesar das diretrizes da ASH para gerenciamento de tromboembolismo venoso serem desenvolvidas para o público global, as recomendações foram baseadas nas perspectivas dos países de alta renda. Portanto, a implementação de algumas dessas recomendações pode não ser simples e de fácil compreensão em outros contextos e pode exigir considerações adicionais. O desenvolvimento de recomendações baseadas em evidências é um longo e intenso processo de pesquisa, principalmente devido à dificuldade de identificar e sintetizar as evidências relevantes, necessárias para desenvolver recomendações confiáveis. Assim, todo o processo pode não ser facilmente replicado quando são necessárias recomendações locais, portanto a adaptação é uma eficiente abordagem.
Descrição do problema de saúde
TEV que inclui TVP (Trombose Venosa Profunda) e EP (Embolia Pulmonar), é uma doença relativamente frequente no cenário latino-americano. Em uma coorte de 1138 Argentinos, a incidência de TEV foi estimada em 1,65/1000/aa, com uma prevalência de até 5,9/1000/aa em adultos mais velhos.5
O risco de recorrência de TEV varia de acordo com a origem do evento, associado a exposição a um fator de risco (referido como um pró evento provocado) ou na ausência de fatores de risco (referidos como um evento não provocado). Para pacientes com TEV provocada, a recorrência anual após período de terapia anticoagulante foi estimada em 4% a 9%, 6, 7 dependendo se o fator de risco continua presente, enquanto o risco de recorrência de um TEV não provocado após terapia de anticoagulação intensiva é de 7%6 durante o primeiro ano e de 40% em 10 anos. 8
Existe uma importante lacuna socioeconômica na América Latina. Membros de classes sociais mais baixas estão em desvantagem, porque eles têm menos acesso a serviços médicos de saúde, medicamentos e educação.9-10 Para setores significativos da sociedade, gastos com medicamentos continua sendo o componente mais importante das despesas do próprio bolso porque a cobertura de saúde é ausente ou inadequada.11 Além disso, algumas tecnologias não estão disponíveis em alguns centros médicos da região. Neste contexto, a gestão do TEV merece especial consideração porque questões de viabilidade, acessibilidade e equidade devem ser consideradas na definição de estratégias que visam reduzir eventos de TEV e mortalidade relacionada a ele.
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