Garantindo a saúde e segurança das pessoas
Um guia sobre as opções de testagem para o SARS-CoV-2 em pessoas assintomáticas
Se você é se preocupa em manter um ambiente livre da COVID-19 em uma universidade, escola ou local de trabalho, a testagem assintomática de alunos e funcionários deve ser uma estratégia essencial para reduzir a disseminação do vírus, ao mesmo tempo em que auxilia no retorno à normalidade.
Este guia pode ajudar na decisão acerca das diferentes opções de testagem disponíveis para pessoas assintomáticas dentro de cada realidade.
Em que consiste a testagem da população assintomática?
A testagem de pessoas assintomáticas consiste em testar uma grande população de alunos ou funcionários de uma empresa ou grupo mesmo na ausência de quaisquer sintomas, ao invés de simplesmente testar quem apresenta sintomas de COVID-19. A testagem de assintomáticos é realizada de forma ampla e frequente para que as pessoas infectadas com ou sem sintomas possam ser identificadas e isoladas das demais. Você também pode encontrar a testagem de assintomáticos referenciada como “programa de testagem expandida para COVID-19”.
Por que a testagem de assintomáticos é tão importante?
O CDC estima que aproximadamente 40% das pessoas infectadas com o vírus SARS-CoV-2 são assintomáticas, o que significa que não apresentam quaisquer sintomas de COVID-19.1 Mas elas ainda podem disseminar o vírus para outras pessoas, que podem ficar seriamente doentes. Encontrar essas pessoas e colocá-las em quarentena é criticamente importante para reduzir a transmissão.2
As infecções por SARS-CoV-2 podem aumentar exponencialmente. Mas de acordo com o Journal of the American Medical Association, a testagem regular e ampla pode “achatar a curva”. Em uma projeção, quando apenas pessoas com sintomas são testadas, centenas de outras pessoas são infectadas em cerca de 80 dias.3
Em outro exemplo, a testagem frequente e ampla ajudou alguns campi universitários a alcançarem uma taxa de incidência de COVID-19 menor do que as comunidades próximas. Em Wisconsin, no outono de 2020, a taxa de positividade viral média foi cerca de 14%, mas diversas faculdades e universidades do estado apresentaram taxas de positividade de apenas 1%. Essa diferença foi atribuída à testagem frequente e ao monitoramento do contato,4 o que permitiu que alunos e universidade retomassem às atividades em sala de aula.
Quais tecnologias de testagem de assintomáticos estão disponíveis?
Primeiramente, é importante entender a diferença entre testagem para uma infecção ativa e testagem para infecções prévias. Testes sorológicos ou de anticorpos revelam se uma pessoa foi infectada por SARS-CoV-2 no passado ao detectar a presença de anticorpos contra o vírus. Esses tipos de testes não identificam uma infecção ativa. Portanto, discutiremos os testes para infecções ativas, que são os tipos utilizados na testagem de assintomáticos para ajudar a evitar a disseminação do vírus.
Os testes de PCR (reação em cadeia da polimerase) funcionam detectando o material genético do vírus em amostras coletadas dos indivíduos. São os testes para COVID-19 mais sensíveis e precisos disponíveis. Os testes de PCR podem ser projetados para identificar múltiplos alvos do mesmo vírus (multiplexagem), portanto, podem continuar efetivos contra novas variantes, oriundas das mutações do vírus. Esses testes também contém um controle interno para avaliar a integridade da amostra. Existem dois tipos:
- Testes de PCR em tempo real: são o padrão ouro para a detecção de SARS-CoV-2. Amostras de saliva, de secreção nasal ou nasofaríngea (nasal profunda) têm seu RNA extraído e amplificado para detectar até mesmo as menores quantidades de material genético do vírus.5
- Testes de PCR direto (também chamados de PCR rápido): usam a mesma tecnologia, mas com um fluxo de trabalho diferente, dispensando a etapa de extração de RNA e com outras condições modificadas. Utilizam comumente amostras de saliva. O PCR direto funciona de forma mais rápida, utiliza menor quantidade de materiais e plásticos e é mais econômico.
Os RADTs (testes rápidos de detecção de antígeno) funcionam detectando antígenos virais específicos (proteínas) na superfície do vírus. Também são chamados de testes de antígeno de pronto atendimento ou Point of Care (POC), pois podem ser realizados em um consultório médico ou em um laboratório. Os RADTs utilizam amostras de secreção nasal e nasal profunda.
RADTs não são tão sensíveis quanto os testes de PCR, pois seu fluxo não inclui a etapa de amplificação, o que significa que é menos provável que detectem uma infecção se a quantidade de vírus for baixa.6 Isso faz com que os RADTs sejam úteis apenas para a testagem diagnóstica dentro de 5 a 7 dias a partir do início dos sintomas, quando as cargas virais estão elevadas, que não recomendados para a testagem de pessoas assintomáticas ou em estágio inicial da doença, quando as cargas virais são menores.
Os testes LAMP (amplificação isotérmica mediada por loop) detectam o material genético do vírus em amostras de saliva e de secreção nasal com uso de um tipo de amplificação diferente dos testes de PCR.7 Assim como os RADTs, eles podem ser realizados no local de atendimento ou em um laboratório, e são comparáveis ao PCR direto quanto à sensibilidade. No entanto, eles exigem um conhecimento do fluxo de trabalho especializado, pois o processo de amplificação nesse protocolo representa um risco de contaminação do laboratório no longo prazo.
Diferentemente dos testes de PCR, a maioria dos testes baseados em LAMP detectam apenas um alvo, o que significa que não são capazes de verificar múltiplas variantes do vírus de uma vez. (Atualmente já existe uma técnica mais recentes para LAMP que verifica múltiplas variantes, mas exige conhecimento técnico especializado).
Quais critérios devo levar em consideração ao avaliar as opções de testagem de assintomáticos?
Você precisará entender e avaliar os tipos de amostras necessárias para cada tipo de teste, os métodos de coleta de amostras viáveis para a sua realidade e como as amostras serão recebidas pelo laboratório de testagem. Examinar esses fatores ajudará a determinar o processo de implementação e o padrão de testagem que você pode esperar na sua população. Para os testes que discutimos, existem três tipos de amostras:
- Saliva: é o tipo de amostra menos invasivo e é relativamente simples de ser obtido pela pessoa que está sendo testada ou por um profissional de saúde.
- Amostras de swab nasal: são coletadas nas narinas com uso de hastes flexíveis de algodão. Podem ser coletadas pela pessoa que está sendo testada ou por um profissional de saúde.
- Amostras de swab nasofaríngeo: são coletadas apenas por profissionais de saúde. Uma haste flexível de algodão longa é inserida profundamente através das vias nasais. Este é o tipo de amostra mais invasivo e o menos confortável.
Importante notar que as modalidades menos invasivas podem levar a uma maior adesão das pessoas que estão sendo testadas, pois são mais cômodas e fáceis de obter.
Acurácia do teste
Os métodos de testagem diferem quanto à acurácia com a qual identificam as pessoas portadoras ou não do vírus. A capacidade de um teste de detectar o vírus em uma amostra é chamada de sensibilidade. Um teste de alta sensibilidade pode detectar níveis baixos do vírus, enquanto um teste de baixa sensibilidade não é capaz disso.
A sensibilidade é importante porque um teste de baixa sensibilidade pode omitir indivíduos com níveis baixos do vírus e identificá-los incorretamente como livres do vírus, o que é chamado de falso negativo. Uma pessoa com um resultado falso negativo poderia transmitir o vírus livremente na comunidade sem estar em uma quarentena apropriada.
Uma comparação entre os diferentes métodos pode ser identificado aqui: https://www.thermofisher.com/br/pt/home/clinical/clinical-genomics/pathogen-detection-solutions/covid-19-sars-cov-2/pcr-antigen-testing-technologies.html#menu1
Estrutura e materiais necessários
Qual o espaço físico e o inventário de consumíveis necessários para implementar um tipo de programa de testagem em particular na sua organização? Aqui estão os fatores que afetam a praticidade e a acessibilidade de um programa de testagem local:
- Você enviará amostras a um laboratório parceiro para testagem ou a sua organização tem um laboratório local para realizar os testes?
- Qual espaço de bancada, equipamentos e consumíveis do laboratório seriam necessários para a sua população com um laboratório local?
- Se preferir um laboratório local, você considerou a sua cadeia de suprimentos? Fornecedores com cadeias de suprimentos maduras e estabelecidas podem ajudar a evitar faltas dos componentes ou reagentes de teste necessários.
- Um laboratório parceiro pode trazer serviços até você, seja em um laboratório fixo ou em um laboratório móvel?
- Se estiver considerando a testagem de RADT ou LAMP do tipo POC, qual é o tamanho da população que deve ser testada? Para um grande volume diário de testes, a estrutura necessária para a testagem em POC pode ser muito maior do que aquela de um laboratório de PCR.
Custo total
Determinar o custo total envolve adicionar itens de linha individual, analisar o tamanho da população a ser testada e considerar rendimento e escalabilidade dos métodos de testagem. Você precisará considerar:
- Consumíveis
- Custos dos equipamentos
- Custos e utilidades dos espaços
- Funcionários necessários
Testes de PCR são os mais precisos, mas são mais caros do que outros tipos de testes por causa da instrumentação necessária. Testes de pronto atendimento são mais baratos em termos de instrumentação e reagentes por teste. No entanto, o tamanho da sua população pode fazer com que os testes de PCR sejam mais econômicos do que os POC, resultando em um menor custo geral ou por teste. Se você está em busca de equilíbrio entre custo e sensibilidade/acurácia dos testes, o PCR direto pode ser a melhor opção: a alta acurácia do PCR a um custo inferior ao PCR em tempo real.
O que mais é necessário para um programa bem-sucedido de testagem de assintomáticos?
Alta frequência de testagem
A testagem deve ser frequente, mas quanto? A resposta depende de:
- Tamanho da população
- A frequência de interação dos indivíduos com pessoas fora da sua organização
- Prevalência atual do vírus na comunidade
- Comportamentos típicos da população
Por exemplo, uma população de pessoas que socializam frequentemente, como alunos de uma faculdade, pode exigir uma testagem mais frequente do que outras. Mas lembre-se do que as pesquisas demonstraram:
- The Journal of the American Medical Association projeta que testar toda a população a cada 1 ou 2 dias, em vez de testar apenas os indivíduos que são sintomáticos, pode reduzir significativamente a disseminação de COVID-19.3
• Muitas universidades dos EUA apresentaram programas de sucesso ao testarem seus alunos e a faculdade de uma a duas vezes por semana.
• Estima-se que testar as pessoas apenas uma vez na entrada (ou seja, no início do semestre universitário) não é tão eficaz na prevenção da transmissão do vírus quanto a testagem regular e frequente.3
Relatórios rápidos
Existem diversas formas de informar as pessoas sobre seus resultados do teste para COVID-19:
- E-mail para testes negativos
- E-mail e ligação telefônica para testes positivos
- Mensagem
- Busca de resultados dos testes online por meio de um aplicativo para smartphone ou website
Quarentena
Se uma pessoa da sua população receber um resultado de teste positivo ou se estiver apresentando sintomas, ela deve entrar em quarentena imediatamente para reduzir a chance de transmitir o vírus para mais alguém. Ela não deve sair de casa, exceto para receber cuidados médicos.8 Certas organizações, como universidades, podem considerar separar um “dormitório de isolamento” para alunos infectados. Consulte as autoridades de saúde locais para orientações quanto aos protocolos de quarentena.
Monitoramento de contato
O monitoramento de contato pode ajudar a controlar a disseminação da COVID-19 em uma comunidade ao determinar quem mais entrou em contato com uma pessoa infectada através da testagem.
A adesão ao monitoramento pode ocorrer de muitas formas, mas as organizações têm utilizado a tecnologia de smartphones para facilitar o processo. Por exemplo, o estado da Califórnia implementou um sistema (CA Notifica) que permite aos usuários de smartphones serem notificados a respeito da possível exposição à COVID-19 se habilitarem a tecnologia sem fio Bluetooth™. Aplicativos para smartphone semelhantes estão tornando essa tecnologia mais amplamente disponível.
Referências
- Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Cenários de planejamento da pandemia de COVID-19.
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/planning-scenarios.html
- Johns Hopkins University Bloomberg School of Public Health. Perguntas e Respostas sobre o coronavírus.
https://www.jhsph.edu/covid-19/questions-and-answers/
- Paltiel DA, Zheng A, Walensky RP (2020) Assessment of SARS-CoV-2 testing strategies to permit the safe reopening of college
campuses in the United States. JAMA Netw Open 3(7):e2016818.
https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2768923
- Crest E (2020) Some universities and colleges are seeing lower COVID-19 positivity rates than their communities are. NBC 26 Green
Bay. https://www.nbc26.com/news/local-news/some-universities-and-colleges-are-seeing-lower-covid-19-positivity-ratesthan-
their-communities-are
- Smyrlaki I, Ekman M, Lentini A et al. (2020) Massive and rapid COVID-19 testing is feasible by extraction-free SARS-CoV-2 RT-PCR.
Nat Commun 11(1):4812. https://www.nature.com/articles/s41467-020-18611-5
- Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Orientação interina para a testagem de antígeno para SARS-CoV-2.
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/lab/resources/antigen-tests-guidelines.html
- MacDonald A. LAMP-based testing for COVID-19. Technology Networks.
https://www.technologynetworks.com/diagnostics/blog/lamp-based-testing-for-covid-19-340508
- Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Perguntas frequentes.
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/faq.html#If-You-or-Someone-You-Know-is-Sick-or-Had-Contact-with-
Someone-who-Has-COVID-19