Toda salada faz bem? Entenda por que má higienização e excesso de tempero podem ser prejudiciais

Excesso de sal na salada pode causar problemas como hipertensão e aumento no risco de infarto.

É unanimidade que comer salada torna o prato mais saudável. Além de deixar o prato mais colorido, os vegetais agregam valores nutricionais à refeição, especialmente por conta das fibras.

E o brasileiro tem investido nesse hábito: a frequência de consumo de salada cresceu entre 2002 e 2018 no Brasil, superando os 20%, de acordo com a mais nova Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE.

Apesar de contribuir para uma alimentação mais saudável, os vegetais crus, se mal higienizados, podem trazer problemas à saúde.

(Esta reportagem faz parte de uma série do g1 Saúde sobre o prato feito básico dos brasileiros, que, além da salada, inclui o arroz, o feijão e a carne.)

 

Confira abaixo respostas para 4 perguntas que podem ajudar a tornar a salada ainda mais saudável:

1 – A salada melhora a digestão?

Sim! Por ser rica em fibras, a salada é essencial para o bom funcionamento do intestino.

As hortaliças fazem parte dos chamados alimentos in natura, isto é, alimentos minimamente processados. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, são aqueles obtidos diretamente de plantas ou animais – como folhas, frutos, ovos e leite.

Ainda segundo a pesquisa do IBGE, quase metade das calorias consumidas nos lares brasileiros vem desse tipo de alimento.

Entre os principais benefícios da ingestão de salada estão:

  • Bom funcionamento do intestino, uma vez que os vegetais e folhas são fontes de fibras
  • Melhora na digestão
  • Melhora no funcionamento geral do organismo, já que as saladas são ricas em sais minerais e vitaminas

Optar por comer a salada antes do prato principal é uma boa opção para permitir que o corpo tenha tempo necessário para digerir melhor os alimentos. Além disso, o consumo antes do prato faz com que não se coma mais do que o necessário.

2 – Salada mal higienizada por causar doenças?

Sim. Um dos principais pontos que se deve ter atenção quando se come salada é a higienização. Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) aponta que até as saladas que são pré-higienizadas podem conter bactérias que causam doenças.

Essa opção muitas vezes é considerada mais prática para o dia a dia, por conter hortaliças já higienizadas e cortadas. Mas os nutricionistas alertam que, mesmo nesses casos, é preciso higienizar os vegetais.

Consumir vegetais sem higienização pode causar problemas como gastroenterite, diarreia, vômito mal-estar, mas também podem levar a formas mais graves dessas doenças.

3 – Vinagre funciona para higienizar a salada?

Não totalmente! O vinagre pode auxiliar na retirada de algum tipo de sujeira superficial ou de pequenas larvas, mas não acaba com o risco de contaminação.

Cinthia Cazarin, professora doutora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, explica é importante se atentar aos produtos utilizados para limpar esses alimentos. “Higienizar com vinagre, que é um hábito muito comum, não é algo recomendado. Ele não é capaz de matar todos os microrganismos presentes na salada. O ideal é utilizar o hipoclorito para não ter risco de contaminação”, compara.

Dica: A receita perfeita para a higienização é utilizar uma colher de sopa de hipoclorito diluída em um litro de água. Os nutricionistas recomendam deixar as hortaliças de molho nessa solução por um período de 15 a 20 minutos e depois lavar novamente os alimentos em água corrente.

Outro alerta importante é checar que o hipoclorito utilizado é próprio para a higienização de alimentos.

Esse processo permite que os vegetais sejam propriamente desinfectados, ficando livres de bactérias e de possíveis resquícios de agrotóxicos utilizados no cultivo.

4 – Colocar muito tempero na salada faz mal?

Depende. Se por um lado o excesso de sal é o grande vilão quando se ingere legumes e verduras, utilizar óleos vegetais em certa quantidade pode ser extremamente benéfico.

O presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Durval Ribas Filho, explica que é importante usar os condimentos com moderação.

“Junto com a pimenta, em molho, não in natura, grandes quantidades de sal são prejudiciais porque promovem um aumento na irritabilidade gástrica. Isso gera uma predisposição à gastrite e, em casos mais graves, até câncer”, detalha Durval Ribas Filho.

O alto consumo de sal pode trazer sérios problemas à saúde como hipertensão, aumento no risco de infarto, AVC e insuficiência renal.

Mas, investir em temperos como o azeite de oliva pode ser uma boa alternativa.

Durval Ribas explica que as vitaminas são divididas em duas categorias: hidrossolúveis (solúveis em água) e lipossolúveis (solúveis em gordura e óleo).

“Nas verduras e legumes existe uma grande quantidade de vitaminas. Se houver uma ingestão associada ao azeite ou outro óleo vegetal, a absorção dessas vitaminas é maior”, comenta.

Entre as principais vitaminas lipossolúveis estão as vitaminas A, D, E e K. Assim, utilizar azeite e outros óleos vegetais é recomendado para melhorar a assimilação desses nutrientes.

 

Matéria – Por Júlia Carvalho, g1