Imagine descobrir que seu filho tem mais aptidão para uma carreira esportiva? Ou tem mais habilidades matemáticas? E se o DNA dele revelar a tendência a gostar de sabores mais doces do que amargos? Todas essas curiosidades podem ser descobertas por meio de testes genéticos feitos ainda na infância, como explica Ricardo Di Lazzaro, médico, doutor em genética e cofundador da marca Genera.
“A análise genética oferece aos pais uma visão inédita da saúde das crianças e a chance de otimizar o potencial delas e cuidados com os filhos desde os primeiros anos”, comenta.
Por meio do estudo do DNA – obtido pela coleta de saliva – é possível ir além dos exames tradicionais de triagem e identificar, inclusive, informações sobre saúde e predisposições a doenças para guiar a prevenção desde cedo.
“Nosso material genético não traz informações somente sobre doenças hereditárias raras, mas sobre toda a nossa constituição. As variantes genômicas influenciam nossa altura, tipo físico, predisposição para condições de saúde comuns e até algumas peculiaridades. As informações genéticas podem ajudar no autoconhecimento e no cuidado personalizado”, avalia Fernanda Soardi, assessora em genética e genômica do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica.
Para saber mais sobre como os testes genéticos podem guiar os cuidados pediátricos, o dr. Ricardo Di Lazzaro responde às principais dúvidas do tema.
- O que exatamente um teste genético pode descobrir sobre a saúde de uma criança?
Os testes genéticos podem revelar dois tipos de informação: a primeira refere-se a variações no DNA que aumentam o risco de desenvolver condições futuras, como diabetes e obesidade; a segunda diz respeito a traços de bem-estar e autoconhecimento, que incluem desde curiosidades até dados importantes sobre a resposta do corpo a medicamentos, por exemplo.
- E quais são essas curiosidades que um teste genético pode revelar sobre o DNA dos pequenos?
Essa é a parte que mais surpreende os pais, pois trata-se de personalização total. O DNA não fala só de problemas, mas de potencial e particularidades.
Por exemplo, podemos identificar se a criança tem predisposição genética para força muscular (ideal para a prática de esportes de explosão, como natação de curta distância ou vôlei) ou resistência física (melhor para realizar maratonas ou ciclismo) e oferecer a ela uma opção de atividade mais personalizada a seu gosto e aptidão.
O teste revela ainda variações importantes, como predisposição à intolerância à lactose ou a maior ou menor necessidade de certas vitaminas, como B12 e D. Se a criança tem uma predisposição genética maior para um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, podemos ajustar a dieta e o estilo de vida desde muito cedo.
Outras curiosidades incluem a predisposição a habilidades matemáticas ou à sensibilidade a certos sabores, como doce ou amargo, o que pode influenciar a forma como a criança se relaciona com a alimentação e o aprendizado.
Há outra aplicação bem importante que o DNA revela: como o corpo da criança responde a certos medicamentos. Essa é uma curiosidade que tem um impacto prático enorme, permitindo ao pediatra e aos pais escolherem o remédio mais eficaz e seguro, evitando efeitos colaterais.
- Existe uma idade ideal para realizar esses testes?
Não há idade mínima para a realização de testes genéticos preventivos, de ancestralidade e de bem-estar, que podem ser feitos até mesmo em bebês. Quanto antes melhor, justamente para aproveitar mais tempo seus resultados.
- O que os pais precisam considerar sobre os cuidados e as implicações futuras ao fazer um teste genético?
Esse é um ponto muito importante, pois um teste genético pode revelar um resultado preditivo, e não uma sentença, ou seja, é uma predisposição, o que não significa que a criança terá determinada doença, de fato, ao longo da vida. E é importante reforçar que os pais devem buscar aconselhamento genético depois do teste.
O principal benefício ao fazer um teste na infância é usar a informação para prevenir certas condições, fazer ajustes no estilo de vida e realizar acompanhamento médico especializado.
- O teste genético substitui a avaliação clínica do pediatra?
De forma alguma. O teste genético é uma ferramenta complementar e valiosa, mas nunca substitui a experiência e a avaliação clínica de um médico, especialmente o pediatra e o geneticista. A interpretação correta dos resultados, a correlação com o histórico familiar e o planejamento de cuidados ao longo da vida devem ser sempre definidos por profissionais de saúde qualificados. Além disso, não substitui outros exames específicos, como o de triagem neonatal.
Bruno Camargos
Analista de Comunicação – eh.up COMUNICAÇÃO HUMANA
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