Estamos em uma guerra constante contra os microrganismos, e ultimamente eles têm vencido várias batalhas. Provocando infecções em pacientes, nos profissionais, em demais usuários dos ambientes de atenção à saúde, além de também acometerem pessoas em suas casas.
Estudos recentes apontam que milhões de pessoas morrem todos os anos, em todo o mundo devido às doenças relacionadas aos microrganismos. Por isso, medidas preventivas são extremamente necessárias para evitar o fortalecimento deles, principalmente para evitar o processo de resistência aos antimicrobianos. E essas ações preventivas são de responsabilidade de toda a população, inclusive sua!
Recentemente, foi publicado em um importante jornal europeu, o “the guardian”, uma matéria sobre esse tema, onde especialistas em saúde afirmam que estão aflitos por um “cenário apocalíptico”, e apresentam resultados perturbadores de uma pesquisa científica que mostra a disseminação da presença de um gene, conhecido como mcr-1 (que confere resistência antibiótica à colistina, um dos antibióticos mais potentes que existe) em uma grande quantidade de bactérias ao redor de todo o mundo num ritmo alarmante.
Segundo inúmeros estudos, atualmente, cerca de 700.000 pessoas morrem por ano devido às infecções por microrganismos resistentes aos medicamentos. No entanto, esta situação global está crescendo implacavelmente e poderá chegar a 10 milhões de mortes por ano por ano até 2050.
Reforçando a importância dessa preocupação global com os microrganismos agressivos, nas últimas semanas vivemos surto por Candida auris, um fungo letal, resistente aos antimicrobianos disponíveis, um arena vírus que provoca alarme na Bolívia, e Ebola que apresenta taxas alarmantes de mortes no Congo.
Os microrganismos estão cada vez mais letais, concorda? Por isso se faz necessário seguir as normas de biossegurança. Você sabe o que é biossegurança? Ela é um processo funcional e operacional de fundamental importância em ambientes de atenção à saúde, em ambientes de preparação e manipulação de alimentos, e em nossa casa também, não só por abordar medidas de controle de infecções para proteção dos trabalhadores e demais pessoas, mas por ter um papel fundamental na promoção da consciência sanitária, na preservação do meio ambiente, na manipulação e descarte de resíduos e na redução geral de riscos à saúde e acidentes ocupacionais.
Além do problema de resistência dos microrganismos aos antibióticos, há alguns meses um grupo de pesquisadores australianos publicaram um artigo na revista “Science Translational Medicine”, que relatam uma espécie de bactéria multirresistente, que causa as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), está se tornando cada vez mais tolerante ao álcool usado na higienização das mãos, prática até então considerada a forma mais barata e eficiente de prevenir as infecções.
A conclusão dos cientistas foi realizada a partir de amostras obtidas em dois hospitais australianos. A análise do material aponta que a espécie Enterococcus faecium está se adaptando ao álcool 70%, que é o produto mais utilizado no combate às infecções.
Diante de todas essas situações envolvendo os microrganismos (bactérias, vírus, fungos), devemos ficar alertas, e praticar as normas de biossegurança em todos os ambientes, inclusive em nossas próprias casas, como já citei anteriormente. Tenho produzido conteúdo relacionado à esses cuidados no instagram, no meu perfil do @dr.biossegurança, onde mostro como podemos nos proteger dessa que considero a “revolução dos microrganismos”!
Artigo disponível na íntegra em Revista Newslab Ed 157.

Jorge Luiz Araújo Filho Biólogo, Mestre em Patologia, Doutor em Biotecnologia; Professor Universitário; Coordenador do ciclo básico do curso de Medicina; Palestrante e Consultor de Biossegurança.