A Astronomia denomina de Via Láctea a uma galáxia espiral da qual o nosso Sistema Solar faz parte. Os antigos gregos a viam como um “caminho de leite”. Vista da Terra, aparece como uma faixa brilhante e difusa que circunda toda a esfera celeste, recortada por nuvens moleculares que lhe conferem um intrincado aspecto irregular. São calculadas mais de 250 bilhões de estrelas na sua composição. Em muitas tradições a Via Láctea aparece como um local de passagem, de origem divina, unindo os mundos divino e terrestre, comparada a uma serpente, a um rio, a um jato de leite ou a uma árvore. É utilizada pelas almas e pelos pássaros entre os mundos (Dicionário de Símbolos).
“A Mitologia Grega nos mostra a origem da Via Láctea. Hera vivia atormentada com as escapadas amorosas de seu marido Zeus. Os filhos bastardos resultantes dessas aventuras amorosas eram perseguidos por Hera, que lhes infligia castigos e maldições terríveis. Certa vez colocou no berço de um desses recém-nascidos duas serpentes para que o matassem com suas picadas peçonhentas. Hércules, futuro símbolo de força bruta, esmagou as serpentes com suas mãozinhas. Por algum motivo, Hera se afeiçoou à criança e a levou ao seio para amamentá-la. O menino apertou o seio de Hera com tanta violência, saindo um jato de leite que chegou aos céus. Assim nasceu a Via Láctea”. É o que se encontra em artigo do Dr. Braz Martorelli Filho – Mastologista (Suplemento Cultural da APM – Ed. 271, Agosto 2015).
A Embriologia nos ensina que, por volta da quinta/sexta semana de vida intrauterina, forma-se uma estria ou crista láctea primitiva no embrião humano, constituída de células epiteliais proliferadas, em direção a cada um dos lados do tronco embrionário, estendendo-se da axila à virilha. (Port. crista mamária ou, por analogia, Via Láctea; em inglês: milk line or mammary ridge). Os brotamentos da crista mamária sofrem atrofia completa, permanecendo apenas aqueles que originarão as glândulas mamárias no tórax anterior. Em algumas mulheres persistem remanescentes da crista mamária, o que explica o achado de tecido mamário heterotópico normal ou mesmo patológico, desde a axila à vulva (vide desenho). Já foram descritos em linfonodos axilares e ao longo da linha mamária, sendo a parede torácica e a vulva os locais mais comuns. Mamas supranumerárias são referidas como polimastia e mamilos supranumerários chamados de politelia, também ao longo de toda a linha mamária da axila até a região vulvar.
O tecido remanescente pode sofrer influência das alterações hormonais no ciclo menstrual como aumentar de volume e dor pré-menstrual. As doenças que afetam a mama normal podem também surgir no tecido heterotópico, como hiperplasia e tumores benignos e malignos. Felizmente são ocorrências incomuns.
Texto baseado em artigos nacionais e no livro Analogias no Ensino Médico. Coopmed. Av. Alfredo Balena, 190. Belo Horizonte, MG.
[[Artigo disponível na íntegra na REVISTA NEWSLAB ED 158]]