Minuto Laboratório

Seção Minuto Laboratório | Gestão de Facilities

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Os desafios da Engenharia Clínica em um Laboratório Clínico de grande porte

 

As manutenções preventivas e corretivas dos equipamentos de análises clínicas têm sido uma preocupação constante entre os gestores da área laboratorial, a fim de não causar impacto nos prazos de entregas dos resultados, ao mesmo tempo que a eficiência em custos e KPI´s do parque tecnológico, estão estreitamente ligados a nossa garantia de Qualidade, de ponta a ponta.

Segundo a literatura, 70% das decisões médicas são baseadas em resultados de exames de análises clínicas, logo, investimentos na área são vitais para diagnósticos com excelência. Para tanto, 5% do orçamento de qualquer instituição de saúde é voltada para o setor, assegurando que as entregas sejam realizadas no menor tempo, custo e com total qualidade. Para isso, precisamos contar primordialmente com um contrato de manutenção que atenda todas as nossas necessidades.

Realizamos a  gestão da área de diagnóstico laboratorial de uma operadora de saúde que atua territorialmente nas 5 regiões do país  e, ter um contrato de manutenção que atenda às metas das equipes foi um grande desafio.

Após uma avaliação profunda do parque de máquinas, percebemos a necessidade de atualizá-los, com isso, definimos um escopo dos serviços, em seguida, convidamos os grandes players do mercado e iniciamos as rodadas de negociações.

O processo de escolha foi muito acirrado, uma vez que as empresas eram equivalentes entre si e todos os detalhes avaliados viraram critérios de decisão.

Quando chegamos no item assistência técnica, percebemos que esse era o ponto mais crítico do nosso contrato, uma vez que nenhuma das empresas possuía assistência técnica disponível de norte a sul do país.

Iniciamos a discussão pelo SLA (service level  agrement ou acordo de nível de serviço)  que precisou ser separado nas seguintes etapas:

  • 1º Atendimento telefônico
  • 2 horas após abertura do chamado
  • 2º Atendimento presencial

Nossa necessidade para atendimento presencial é de 4 horas, porém nenhuma das empresas concordou com esse prazo.

  • 3 º Atendimento para troca de peças

Por entender que equipamentos de laboratórios hospitalares não podem ficar parados, o ideal era termos peças disponíveis, porém a maioria dos equipamentos são importados e não há garantia de peças a pronta entrega.

Decidimos então, nos precaver e contratar um Engenheiro clínico para nos ajudar nessas definições e este profissional deveria ser um representante do nosso time, que faria toda a gestão desse contrato e dentre as atribuições desse colaborador destacam-se:

1.Definição e acompanhamento de KPI’s

1.1 Produtividade por equipamento

1.2 Tempo de disponibilidade

1.3 Tempo de ociosidade

1.4 Eventos com impactos

1.5 Eventos por falha operacional

1.6 Treinamentos

  1. Planos de Contingência
  2. Aplicações de multas
  3. Acompanhamento dos chamados
  4. Validação das faturas de locação.

 

Com a aquisição de um Gestor de contrato em nossa equipe, as decisões se tornaram mais otimizadas e efetivas. Nos trazendo mais clareza das nossas necessidades e ações.

Assim, ficou estabelecido que:

O fornecedor deverá colocar backup dos equipamentos em todas as unidades hospitalares;

O pagamento do aluguel será feito parcial no caso de equipamentos parados;

Caso tenha algum custo decorrente de exames realizados em laboratórios de apoio o valor será descontado no valor da locação;

É de responsabilidade do contratado localizar, contratar e treinar equipes de assistência técnica em todos os locais em que tem equipamentos instalados em unidades da contratante;

SLA de 2 horas para atendimento telefônico;

SLA de 24 horas para atendimento presencial;

Após 1 ano, percebemos que mesmo dedicando atenção especial ao tema, ainda temos reflexos na operação devido a falha no funcionamento e não cumprimento do prazo em algumas regiões do país.

Reavaliamos o contrato com o intuito de melhorar estas metas e estamos projetando para o próximo ano, montar e treinar uma equipe de técnicos de engenharia clínica para assumir parte dessa gestão, ter atendimento 24 horas e redução dos custos, pois a engenharia clinica hoje representa 15% do nosso custo com o fornecedor.

 

 

Autor: Marcia Maria Ferreira Ribeiro, Biomédica, Diretora SADT – Hapvida Diagnósticos.

 

 

Referências:

BARBOSA, I.; 2007. Diálogo entre o médico e o laboratório. Disponível em:
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320070207151627.pdf.

BRASIL. ANVISA, 2001a – Agência de Vigilância Sanitária. Tecnovogilância – A Engenharia Clínica
como Estratégia na Gestão Hospitalar. Brasília: ANVISA, 2001a. Disponível em: http://
www.anvisa.gov.br/tecnovigilancia/capitulo4.pdf;

SBAC. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANÁLISES CLÍNICAS. ABNT/CB-36 Comitê
Brasileiro de Análises Clínicas e Diagnósticos in vitro. Secretarias Técnicas. Disponível em:

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