A betoneira é máquina que consiste em um grande recipiente giratório em que se prepara o betão (“concreto”); o mesmo que misturador (figura do topo). A palavra origina-se do francês betonnière (1833). Trata-se de equipamento muito utilizado para mistura de materiais, na qual se adicionam cargas de pedra, areia e cimento, junto com água, na proporção e textura devida, de acordo com o tipo de obra. Os sistemas de mistura podem variar conforme o tipo, sendo mais comuns os pivotantes, onde o tambor gira ao redor de um eixo, ou rotativo, quando o tambor gira sobre roletes. A critério do engenheiro, arquiteto ou do mestre de obras, podem ser acrescentados outros materiais, em proporções diversas. A betoneira é muito usada na construção civil, bem como na construção de barragens e açudes. Há também veículos especiais denominados caminhões-betoneira, indispensáveis na maioria das obras de grande porte.
A nossa digestão se inicia quando introduzimos a comida na boca. Imediatamente os dentes trituram os alimentos sólidos que, misturados com a saliva, já iniciam parte do processo digestivo. Através de movimentos da língua e dos músculos da boca, as porções de comida são engolidas e passam ao esôfago. Este é um órgão tubular e musculoso que, com contrações muito vigorosas, leva o alimento ao estômago em cerca de dez segundos. Segundo os fisiologistas, o esôfago permite a um indivíduo “plantar bananeira” e engolir normalmente.
O estômago tem forma de bolsa, armazena inicialmente os alimentos ingeridos, promove a fragmentação dos componentes sólidos e transfere para o duodeno, sob um fluxo intermitente, a suspensão resultante, cujas maiores partículas têm dimensões inferiores a 0,5mm. Produz também grande quantidade de ácido clorídrico e várias enzimas digestivas em meio líquido (suco gástrico). A comparação/analogia com a betoneira se baseia no trabalho mecânico fascinante do estômago: grande órgão misturador dos alimentos com múltiplas e ininterruptas contrações e dotado de forte musculatura disposta em três camadas ou túnicas e orientadas em três direções diferentes: a camada externa é longitudinal, a média é circular e a interna oblíqua, propiciando movimentos peristálticos vigorosos. O processo de mistura se faz em várias horas. Nesse período, a comida passa do estado sólido ao semilíquido. Assim sendo, o estômago forma um bolo alimentar pastoso, chamado de quimo (massa viscosa). Este, por interferência de nervos e hormônios, passa paulatinamente pelo piloro (“guardião, porteiro”) que se torna relaxado e alcança o duodeno.
Como se sabe, há muitas pessoas exigindo muito do estômago ou “betoneira abdominal”: por não triturar os alimentos na mastigação, por abarrotá-la de comida apressadamente, por ingerir bebida alcoólica, muitas vezes associada ao cigarro, por excesso de gorduras, por temperos fortes e abuso de determinados medicamentos, além de um distúrbio psíquico chamado ansiedade. Nessa anarquia comportamental a “betoneira” pode protestar com alguma doença como gastrite, úlcera e câncer.
*Artigo baseado em fontes nacionais.
Sobre o autor:
José de Souza Andrade-Filho, Patologista no Hospital Felício Rocho-BH; Professor de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e Membro da Academia Mineira de Medicina.