A análise de dados de 16 grupos de pacientes de COVID-19 sugere que portadores silenciosos podem ter “atrapalhado” os esforços para conter a disseminação da doença
Uma extraordinária porcentagem de pessoas infectada pelo vírus por trás da pandemia mortal de Covid-19 nunca demonstram os sintomas da doença, de acordo com resultados da análise do Scripps Research Institute aferindo dados de infecções assintomáticas.
Os achados, publicados na revista Annals of Internal Medicine, sugerem que as infecções assintomáticas estejam em cerca de mais de 45% de todos os casos de Covid-19, desempenhando um papel importante na disseminação inicial e contínua da Covid-19. O artigo salienta a necessidade de testes em massa e o isolamento social para mitigar a pandemia.
O estudo colectou dados de 16 coortes diversas ao redor do mundo, e sugere que os indivíduos assintomáticos podem transmitir o vírus por um extenso período de tempo, talvez maior que 14 dias. As cargas virais são bastante similares em pessoas com ou sem sintomas, porém, ainda não está claro se a infectividade é da mesma magnitude, para sanar essa dúvida, serão necessários estudos de maiores escalas que incluam suficientes amostras de pessoas assintomáticas.
Os autores também concluíram que ausência de sintomas pode não significar necessariamente ausência de danos. Tomografias computadorizadas conduzidas em 54% dos 76 pacientes assintomáticos de um navio cruzeiro, demonstraram anormalidades subclínicas nos pulmões, aumentando a hipótese de que a infecção pelo Sars-Cov-2 pode impactar a função pulmonar de maneira não aparentemente imediata. Serão necessários mais estudos para confirmar o potencial significado deste achado.
Os autores também reconhecem que a falta de dados longitudinais torna difícil a distinção entre indivíduos assintomáticos e pré-sintomáticos. Um indivíduo assintomático é alguém que é infectado pela Sars-Cov-2, mas nunca desenvolve os sintomas da Covid-19, enquanto um indivíduo pré-sintomático é infectado, porém eventualmente desenvolverá sintomas. Testes longitudinais, repetidos nos mesmos indivíduos ao longo de um período de tempo, irão ajudar a diferenciar entre esses dois casos.
Com informações de Scripps Research Institute News , tradução de João Gabriel de Almeida (Revista Newslab).