Triagem Molecular para Imunodeficiência Combinada Grave (SCID), Agamaglobulinemia Ligada ao X (XLA) e Atrofia Muscular Espinhal (AME) com técnica de PCR em tempo real multiplex (RT-qPCR)
amplificando quatro alvos (TREC, KREC, SMN1 e RPP30) usando DNA extraído de amostras de sangue seco (DBS).
SCID inclui um grupo de distúrbios imunológicos hereditários raros, porém graves e potencialmente fatais, nos quais os linfócitos T não se desenvolvem e os linfócitos B estão ausentes ou comprometidos. A deficiência das células B e T gera o termo “combinada”. Os pacientes não tratados desenvolvem infecções potencialmente fatais devido a bactérias, vírus e fungos. O teste de triagem dos círculos de excisão do receptor de células T (TRECs), um subproduto do desenvolvimento normal das células T, identifica a SCID típica.
A XLA é uma forma hereditária de imunodeficiência primária, sendo a imunodeficiência relacionada às células B mais prevalente. Normalmente ela é ocasionada por uma mutação ou deleção no gene BTK que impede o desenvolvimento normal dos linfócitos B, resultando em uma deficiência de anticorpos grave. O gene mutado está situado no cromossomo X, desta forma somente os meninos são afetados. Como os pacientes com XLA carecem de anticorpos, eles são propensos a desenvolver infecções que ocorrem frequentemente nas (ou perto das) superfícies das membranas mucosas, como o ouvido médio, seios da face e pulmões, mas em alguns casos também podem envolver a corrente sanguínea ou os órgãos internos.
A AME é uma das mais comuns condições genéticas recessivas e letais. Esta condição está associada à deficiência motora significativa, comprometimento respiratório e nutricional. A forma mais comum de AME (AME do cromossomo 5) é ocasionada pela deficiência de uma proteína neuronal motora chamada Sobrevivência do Neurônio Motor (SMN [Survival of Motor Neuron]). A deficiência da SMN é provocada por mutações do gene no cromossomo 5, conhecido como SMN1.
Aproximadamente 95%-98% dos pacientes de todos os tipos de AME exibem deleção homozigótica do éxon 7 no gene SMN1 e 2%-5% podem ser portadores de deleção heterozigótica do éxon 7 e uma mutação pontual. Os genes SMN1 e SMN2, ambos contendo nove éxons com 99% de identidade de nucleotídeos, são dispostos em tandem em cada cromossomo que codifica uma proteína de ligação ao RNA com 294 aminoácidos. A sequência de codificação do SMN2 é diferente da sequência do SMN1 por um único nucleotídeo (840, C>T), resultando em um splicing alternativo do éxon 7.