As doenças da videira podem causar um impacto significativo na produção de frutos. Plasmopara viticola, também conhecido como míldio da uva, é uma das doenças mais destrutivas das videiras em todo o mundo. Este patógeno fúngico produz esporos no final do verão que podem sobreviver ao inverno como no tecido da videira, assim como nas folhas mortas no chão do vinhedo.
O controle de P. viticola é feito em grande parte pelo uso de fungicidas sintéticos e à base de cobre. Mas o uso intensivo desses pesticidas químicos está associado a riscos ambientais e à saúde, bem como ao risco de o patógeno desenvolver resistência. As aplicações de longo prazo, repetidas e excessivas de fungicidas à base de cobre podem resultar em seu acúmulo nos solos dos vinhedos com consequências negativas associadas – como redução do rendimento ou impacto na biota do solo.
As plantas desenvolveram defesas naturais – incluindo a produção de produtos químicos chamados fitoalexinas – que agem contra o ataque de patógenos. Por exemplo, os estilbenos são um grupo de polifenóis produzidos pelas videiras em resposta a uma infecção. Muitas dessas substâncias, principalmente aquelas que formam estruturas oligoméricas, são conhecidas por apresentarem alta atividade antimicrobiana.
Para reduzir a dependência de produtos químicos sintéticos, há uma necessidade urgente de alternativas ecologicamente corretas para o controle de doenças da videira. O fornecimento de estilbenos a partir de subprodutos da videira está atraindo um interesse crescente devido ao seu potencial para combater doenças como o míldio.
Extrato natural
Em um novo estudo, publicado na OENO One, os cientistas investigam os efeitos protetores de um extrato de subproduto da videira enriquecido em estilbenos oligomerizados contra P. viticola.1
Os pesquisadores prepararam um extrato de uma mistura de tronco e raízes de videira e, em seguida, caracterizaram seu conteúdo de estilbeno usando cromatografia líquida de ultra-alta eficiência acoplada à espectrometria de massa (UHPLC-MS). O extrato foi particularmente enriquecido em estilbenos (contendo 470 mg/g), especialmente formas complexas como ϵ–viniferina e r–viniferina.
Em uma série de testes de laboratório, a equipe demonstrou que o extrato conferia proteção às videiras contra P. viticola, exibindo atividades antimicrobianas para a mobilidade e esporulação dos zoósporos e estimulando as defesas das plantas. Eles então testaram uma preparação formulada que poderia ser aplicada em campo, mostrando que isso reduziu o desenvolvimento de uma variedade de oósporos que infectam videira, batata, tomate e melão em condições semi controladas.
A equipe usou reagentes de grau analítico e água ultrapura gerada a partir de um sistema de purificação de água de laboratório ELGA para esses experimentos – minimizando o risco de introdução de contaminantes que podem afetar seus resultados.
Controle de doenças ecologicamente correto
Este estudo demonstra que um extrato de subproduto da videira enriquecido em estilbenos oligomerizados tem um efeito protetor sobre vários míldios que afetam as principais espécies de culturas.
O desenvolvimento de extratos ativos à base de estilbenos pode oferecer uma estratégia ecologicamente correta para a proteção de culturas e, mais particularmente, para o controle de doenças nas vinhas.
Os próximos passos serão realizar testes em estufa e em campo para confirmar se este extrato natural pode oferecer uma opção ecológica para controlar este patógeno comum da videira.
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Referência:
- Taillis, D. et ai. Um extrato de subproduto da videira enriquecido em estilbenos oligomerizados para controlar o míldio: foco em seus modos de ação contra Plasmopara viticola. Oeno One 2022;56(3) doi: https://doi.org/10.20870/oeno-one.2022.56.3.4911
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