Durante o inverno ficamos mais vulneráveis a doenças respiratórias por oscilações climáticas e maior tempo em ambientes fechados. Além do fato de o ar frio irritar as vias aéreas, ocasionando sintomas alérgicos como a falta de ar e a coriza. Ambientes fechados e sem renovação de ar, podem acumular poeira e umidade tornando o ambiente adequado para a proliferação de fungos. Sendo esses agentes responsáveis por grande parte das reações alérgicas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, as alergias atingem, em média, 30% da população mundial.
Os agentes fúngicos que compõem a microbiota do ar mais comuns são: Alternaria ssp., Aspergillus ssp., Cladosporium sp., Fusarium ssp., Mucor ssp., Penicillium ssp. Os fungos dispersados através do ar (anemófilos) produzem uma gama de metabólicos secundários, dentre eles as micotoxinas, que causam doenças por inalação ou contato direto, sendo seus efeitos variando de desordens agudas e crônicas, a reações sistêmicas. Podendo ainda estar envolvidas com doenças de hipersensibilidade, pneumonite por hipersensibilidade, a síndrome da fadiga crônica e insuficiência renal.
O ambiente domiciliar merece bastante atenção, podendo ser veículo de contaminação por fungos. Sistema de refrigeração e aquecimento das casas, resultam em diminuição da ventilação e aumento da umidade contribuindo para proliferação de mais de 200 tipos de fungos, incluindo mofos e bolores. Para tanto, torna-se necessário o monitoramento da qualidade fúngica do ar e o controle ambiental de fungos viáveis. Associadas a essas ações são imprescindíveis medidas de biossegurança aplicadas nesses ambientes, incluindo reformas para correção de umidade, melhoria da ventilação e iluminação, além da retirada do material em deterioração. Preconiza-se a limpeza espacial com produtos antifúngicos ou uso de solução de limpezas desses ambientes com hipoclorito de sódio e água (proporção 1:1) além remoção da estrutura fúngica (mofo) mediante o auxílio de bucha. Toda a limpeza deve ser executada usando equipamentos de proteção individual (EPI´s) tais como luvas, óculos de proteção e uso de máscaras no momento da limpeza.
Algumas medidas de preventivas são uteis para reduzir fungos nos ambientes domésticos:
- Verificar se possui infiltração na residência;
- Arejar o ambiente doméstico;
- Manter a umidade da casa o mais baixa possível, sendo o ideal abaixo de 50%.
- Após o banho, deixar as portas abertas para favorecer a circulação do ar;
- Optar por desumidificador ou ar-condicionado com filtro adequado para reduzir a umidade ambiental.
- Utilizar tintas fungicidas em sítios que tendem a criar umidade. O indicado é usar uma pintura permeável, como a tinta de cal, que permite que as paredes “respirem”, absorvendo a umidade e minimizando a formação de manchas, bolhas e, consequentemente, o surgimento do bolor.
Diante do exposto, tais medidas de Biosseguranças são úteis na diminuição de fungos anemófilos, podendo contribuir para doenças respiratórias ou agravamento do estado de saúde em crianças e pessoas imunocomprometidas.
É de fundamental importância que todos nós desenvolvamos a “percepção do invisível”, que contribui na prevenção das infecções.

Jorge Luiz Silva Araújo-Filho (@dr.biossegurança): Biólogo, mestre em patologia, doutor em biotecnologia; palestrante e consultor em biossegurança. Contato: jorgearaujofilho@gmail.com / (81) 9.9796-5514

Gleiciere Maia Silva (@profa.gleicieremaia ): Biomédica, Especialista em Micologia, Mestre em Biologia de Fungos e Doutoranda em Medicina Tropical.
[Artigo disponível na íntegra na Revista Newslab Ed 160]