Por Humberto Façanha
Os dois últimos artigos que escrevi ainda em 2021, trazem os títulos “Laboratórios clínicos: reengenharia ou morte!” e “Reflexões sobre os impactos da pandemia nos laboratórios clínicos”. Enviei para alguns amigos, postei em grupos de WhatsApp e publiquei em periódico do ramo e muitas redes sociais. Pontualmente, os amigos gostaram, elogiaram muito etc., contudo, a repercussão não passou disto. Me pergunto o “porquê”. Certamente, a divulgação foi ampla, várias mídias, público direcionado, dentro das técnicas que o bom marketing recomenda, mas, insisto, a repercussão foi pífia! Então, outra probabilidade é de que o conteúdo não foi bem escrito, bem desenvolvido, ou ainda, o tema não despertou interesse. Talvez os gestores laboratoriais não tenham tempo para estudar os desafios da gestão laboratorial. Há quem diga que hoje em dia ninguém mais assiste vídeos com mais de trinta segundos! Pois bem, admitamos, somente por hipótese e boa vontade, que o conteúdo tenha sido bem desenvolvido, por favor caro leitor, só por mero exercício de bondade. Então restam como causas prováveis da pouca repercussão, as seguintes: 1) O tema não despertou interesse. 2) Os gestores não têm tempo para assuntos de gestão econômica e financeira de seus laboratórios. Vamos investigar a primeira causa suposta. Os artigos trataram com uma profundidade razoável, diria até com a máxima extensão que uma publicação desta natureza permite, do tema que envolve a sobrevivências dos laboratórios clínicos. Analisaram diversas ameaças, dentre outras a inflação histórica dos custos fixos, a aceleração dos custos variáveis (de produção) devido a pandemia da COVID – 19, a precificação dos exames que, além de não aumentarem de valor financeiro, nem mais a estabilidade está garantindo, pois na realidade, a queda nos preços ocorre muitas vezes. Por exemplo, nas concorrências (licitações) públicas, com descontos consideráveis na famigerada tabela do SUS, quase sem alterações há mais de duas décadas! Também está se tornando comum promoções de exames, pacotes de exames a preços ridículos, tática copiada de mercearias de bairros, que respeito pelas dificuldades enfrentadas, mas, a mercadoria vendida, não são “exames”. Creio que o produto dos laboratórios exige uma grande tecnologia agregada e uma imensa responsabilidade com as repercussões que os resultados podem trazer para a qualidade da saúde da população. Os referidos artigos analisaram também o comportamento da concorrência aguerrida e, muitas vezes, desleal que ocorre atualmente no mercado das análises clínicas. As ameaças dos novos entrantes neste mercado. Sejam eles de novos “players” ou mesmo, novas tecnologias: avanço dos “points of care”, miniaturização de amostras, telemedicina, farmácias, clínicas médicas, vieses dos laboratórios de apoio etc. A pandemia da COVID – 19 trouxe consigo algumas oportunidades, tal como um incremento na margem de contribuição de exames específicos, ajudando a equilibrar temporariamente a queda no volume de produção, todavia, trouxe também coisas há pouco tempo atras, impensáveis, que aqui resumo tristemente num sarcasmo: agora todo mundo pode fazer exames em qualquer lugar, sem os mínimos controles de qualidade! Vejo com tristeza que os laboratórios são cada vez mais cobrados em termos de exigências técnicas de qualidade. Isto é correto, contudo, os novos concorrentes (farmácias & Cia) deveriam ser tratados de forma igual. A cada um o que lhe é de direito, na medida do justo. Exames são coletados até em postos de gasolina. Praticamente qualquer profissional pode fazer os exames … as Consultas Públicas 911 e 912 já produziram nova RDC? Isto que está ocorrendo no mercado das análises clínicas tem aval oficial? Eu, pessoalmente não sei a resposta para esta questão e, desde já peço desculpas pela minha ignorância, se tudo isto já está regulamentado! Se não estiver, que ocorra a equiparação de tratamento entre laboratórios clínicos, farmácias, tendas em estacionamentos, postos de gasolina, motoboy e outros concorrentes ou se locupletemos todos! Os referidos artigos trataram também das perspectivas futuras dos pequenos e médios laboratórios. Sua maior proteção, que é a capilaridade, vantagens competitivas e todo o rol de ameaças, mas, sobretudo, trataram de APRESENTAR SOLUÇÕES PRÁTICAS, EXEQUÍVEIS E RÁPIDAS para enfrentar todos estes desafios e fortalecer a probabilidade de um futuro melhor e mais perene. Repetimos o dito no início, a repercussão foi pífia. Mas é assustador admitir que o tema não tenha despertado interesse! Vejamos então a segunda causa suposta, a que propõe que os gestores não têm tempo para os assuntos da gestão econômica e financeira dos seus laboratórios. Inicialmente é justo ponderar que talvez seja porque o diagnóstico da situação esteja errado, ou seja, os pequenos e médios laboratórios clínicos estão vivendo tempos maravilhosos, com mercado sereno, alta competitividade, baixo risco de insolvência, alta lucratividade, enfim, voando em céu de brigadeiro. De fato, eu não tenho dúvidas que existem nichos de mercado extremamente privilegiados, com alto valor de ticket médio, concorrência branda, preços dos exames impostos pelo empresário. Contudo, tal situação diminui gradativamente e, chegará o dia em que a concorrência aguerrida aportará nos mais longínquos rincões, derrubando os preços. Quem viver, verá! Por conseguinte, se a hipótese de mercado perene não for verdadeira, então o tema dos artigos deveria ter despertado interesse nos gestores. Resta para tentar explicar a falta de interesse, a suposição de que os gestores não tenham percebido o real valor das propostas de soluções para o desafio no qual os pequenos e médios laboratórios estão mergulhados. Uma de extrema importância se resume no aporte de gestão profissional materializado nos sistemas de tecnologia da informação (TI), acessíveis à laboratórios de qualquer porte, disponibilizados pela Unidos Consultoria e Treinamento, implantados via internet e que exigem reduzido volume de dados de entrada. Esta solução já foi testada com sucesso em mais de uma centena de laboratórios, em todas as regiões do País. Mas o que isto representa? Menos de 1% (um por cento) dos laboratórios do Brasil! Concluo contando uma pequena fábula. Havia há muitos anos, em uma pequena ilha remota, perdida no meio de um vasto oceano, um idoso senhor solitário. Já quase no fim de sua vida, aportou na ilha um viajante, que ficou impressionado com o imenso bananal que cobria quase toda a extensão territorial, mas as bananas estavam apodrecendo e, paradoxalmente, o senhor idoso era muito magro, já evidenciando os primeiros sinais de desnutrição. Perguntou então, o viajante: por que o senhor não se alimenta das bananas que existem em abundância na ilha? E, a resposta foi estarrecedora: elas são comestíveis? Reflexão proposta aos gestores laboratoriais, um último ponto para ponderar: talvez as bananas sozinhas não sirvam para garantir a sobrevivência, mas, certamente, ajudam!
Esperando termos contribuído para os negócios na área das análises clínicas, nos despedimos até a próxima edição da revista NewsLab.
Boa sorte e sucesso!
Humberto Façanha
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