Realizar testes de oncologia molecular no Brasil, ao invés de no exterior, reduz em até 15 dias o prazo para o resultado e em até 70% o custo dos exames, segundo laboratório brasileiro
A realização de exames genéticos de amostras tumorais em laboratórios no Brasil traz resultados mais rápidos e com menor custo, beneficiando o paciente. Esses testes possibilitam a caracterização do perfil do tumor para melhor guiar o tratamento, já que algumas alterações moleculares em câncer podem indicar sensibilidade ou resistência a algumas terapias-alvo. “Para um paciente oncológico, o tempo de retorno dos resultados significa tempo de vida. Esta agilidade aliada ao pronto acesso aos dados genéticos do paciente se traduz em abordagens clínicas mais precisas e eficientes. Quando feito em laboratórios do exterior, todo o processo é mais demorado e oneroso”, afirma, Luiz Henrique Araújo, oncologista assessor da Progenética, uma empresa do Grupo Pardini, referência em Oncologia Molecular e Oncogenética.
Segundo o médico, que também é pesquisador do INCA, a oncologia de precisão já é uma realidade no Brasil e está cada vez mais presente na prática clínica. A tecnologia utilizada no Brasil, além de conter todos os biomarcadores acionáveis para as terapias-alvo disponíveis, também exige menor quantidade de material, otimizando o resultado e reduzindo o número de re-biópsias. “Esses testes buscam encontrar potenciais alvos para terapias personalizadas no DNA e RNA tumoral. É uma das abordagens mais avançadas que o oncologista pode usar, potencializando a resposta para determinar o prognóstico e definir um plano de tratamento personalizado baseado em terapias-alvo”, explicou o especialista. Atualmente essa metodologia é disponibilizada por laboratórios internacionais e também por laboratórios de vanguarda no Brasil – mas pouca gente sabe que existe, e o quanto pode ser acessível.
Nesses testes vários biomarcadores tumorais podem ser avaliados simultaneamente em um único teste, revelando rapidamente um perfil molecular completo, e ainda preservando o material da biópsia, sem precisar prorrogar ou postergar as decisões de tratamento. “Com isso os médicos podem prescrever medicamentos que têm como alvo específico aquelas vias biológicas conhecidamente responsáveis pela doença, evitando adotar terapias inespecíficas ou não ideais para um determinado paciente”, ressaltou o oncologista. Esta abordagem individualizada para o tratamento do câncer é chamada de “oncologia de precisão”. Por meio da análise do perfil molecular tumoral de um paciente, os planos de tratamento podem ser adaptados de forma personalizada em prol do melhor resultado possível disponível.
Um projeto, que conta com a participação dos principais laboratórios e hospitais referência em diagnóstico oncológico molecular no país, criou uma base científica para comparação técnica da qualidade e das taxas de sucesso dos testes de oncologia de precisão realizados localmente. “Além da agilidade no resultado, o projeto pretende evidenciar a qualidade técnica dos testes e o acesso e segurança aos dados genéticos dos pacientes”, acrescentou Luiz Henrique.
O estudo recebeu o nome de Projeto Tarsila, inspirado na Tarsila do Amaral, importante artista plástica brasileira do movimento modernista. Seguindo a luz da referência nacional da pintora, o trabalho científico inédito em oncologia de precisão no país, busca apresentar e comparar os resultados dos principais laboratórios especializados em testes genômicos de aplicação clínica do Brasil.
As amostras foram fornecidas pelos hospitais provedores do projeto e, em seguida, as amostras randomizadas foram distribuídas entre os laboratórios participantes para que fossem processadas de acordo com os protocolos estabelecidos pela Thermo Fisher Scientific, idealizadora do kit Oncomine Focus e do projeto.
NOVAS PERSPECTIVAS DA ONCOLOGIA DE PRECISÃO NO BRASIL
Popularizar o acesso clínico aos exames de oncologia molecular é o principal objetivo do projeto, onde patologistas e clínicos teriam acesso ao perfil molecular dos tumores de seus pacientes em poucos dias, ao invés de semanas ou até meses. Da mesma forma, os oncologistas ficariam aptos a tomar uma decisão inicial mais bem pautada sobre o melhor tratamento para seus pacientes, o mais breve possível.
Enquanto o cenário ideal para oncologia de precisão não se consolida e esteja democratizada e ao alcance de todos no Brasil, a melhor estratégia é se valer dos testes locais ao invés do envio de amostras biológicas para o exterior. Além da agilidade, com resultado em poucos dias e com qualidade equivalente aos testes internacionais, não há riscos logísticos referentes à exportação de material biológico e nem em relação aos dados pessoais e informações genéticas dos pacientes, conforme a Lei Geral de proteção de Dados (LGPD).
Infográfico
Fonte: https://projetotarsila.com.br