Dengue, Zika ou Chikungunya: qual será a doença “da vez”?
Começou o período de chuvas e, com ele, o fantasma do retorno das doenças transmitidas pelo Aedes aegypt. Nos laboratórios de análises clínicas, as equipes já estão se preparando para atender a um possível aumento no número de casos de dengue, zika e chikungunya. “É difícil prever qual será o comportamento dessas infecções em cada período, pois são arboviroses sazonais, cuja incidência depende de fatores complexos como, por exemplo: o índice de chuvas, a população de mosquitos infectados e a proporção de pessoas suscetíveis, que nunca tiveram as doenças e não tem imunidade. A eventual queda do número de casos em 2017, quando comparado a 2016, não significa, infelizmente, que estas viroses estejam controladas”, ressalta a diretora técnica do laboratório Geraldo Lustosa, a médica patologista clínica Luisane Vieira.
De acordo com a médica, há um ciclo natural de aumento e redução de casos, que é observado com a dengue há décadas: “Primeiro vem uma epidemia mais forte e, depois, passam-se um, dois anos sem haver outra de igual proporção. No ano de 2017, a diminuição das chuvas no país, em relação ao ano passado, também ajudou. Com menos acúmulo de água, o mosquito perdeu espaço para se reproduzir”.
No Brasil, ainda não há estimativas da soroprevalência do vírus da Zika em cada estado, então não é possível saber quantas pessoas foram infectadas no primeiro surto deste vírus em cada local. Também não se pode ter certeza se as pessoas que já foram infectadas estão realmente imunes. “Isso é o que geralmente acontece com as outras arboviroses, mas não sabemos ao certo se é o caso do Zika. A situação da chikungunya também preocupa. Embora o balanço do Ministério da Saúde aponte redução de casos, em 2017 há registros de surtos e mortes no Ceará e em Minas Gerais”, destaca a médica.
Em 2017, até o momento (dados de 02/10), Minas Gerais registrou 26.083 casos prováveis (casos confirmados + suspeitos) de dengue. Desses, 13 casos vieram a óbito e outros 14 seguem em investigação. Em relação à febre chikungunya, Minas registra 17.548 prováveis da doença e sete óbitos confirmados em decorrência da doença. Outros 15 (quinze) óbitos suspeitos pela chikungunya estão em investigação. Já com relação à febre pelo zika vírus, são 708 casos prováveis no estado, em 2017.
Diante disso, Luisane alerta para a necessidade da continuidade do controle e estímulo às práticas contra a proliferação do mosquito, para evitar novos surtos. Além disso, aponta a importância de procurar os serviços de saúde em casos suspeitos, uma vez que os quadros clínicos são muito parecidos e os exames laboratoriais são fundamentais para o diagnóstico e para a condução do caso. É especialmente importante a investigação de casos de erupções de pele acompanhadas de febre. Hoje temos exames laboratoriais disponíveis para o diagnóstico do tipo de arbovirose com bastante segurança.