Antigo Hospital do Câncer de Barretos mudou de nome, mas mantém sua qualidade
Mantido pela Fundação Pio XII, o outrora denominado Hospital do Câncer de Barretos é um dos hospitais mais emblemáticos na área oncológica. Tanto que cresceu e expandiu em outras unidades por todo o Brasil. Esse é um dos motivos pelo qual se chama agora Hospital de Amor.
Essa mudança foi necessária para unificar a marca e evitar confusão sobre localização e denominação com as outras unidades. Além disso, a alteração se deve ao fato do hospital focar naquilo que é sua essência, não o câncer, mas o amor, ou compaixão de como o trabalho ali é exercido.
Entretanto, o que mudou foi apenas a marca, já que, conforme entrevista com a Drª. Iara Santana, responsável técnica pelo departamento de patologia do Hospital de Amor, notamos o quão impecável se mantém a qualidade da instituição. Desde a quantidade de exames à capacidade, é justificável o motivo pelo qual é referência na área de oncologia.
Qual o número de exames diários realizado pelo laboratório?
O Hospital de Amor tem acompanhado e investido fortemente em avanços e descobertas da medicina. O departamento de patologia realiza por ano cerca de 450mil exames de Papanicolau, 39 mil exames de anatomopatológico, 11 mil exames/ano de imunoistoquímica contando com 190 anticorpos, 400 exames de autópsia, 39 mil macroscópicas e confecção de 180 mil blocos de parafina
Quais os tipos de exames que o laboratório realiza?
Além dos exames citados acima, o laboratório também realiza exames de punção, citologia meio líquido e convencional, HPV/COBAS e testes moleculares de última geração.
Conte-nos um pouco da história do laboratório.
Atualmente na unidade de Barretos temos 95 colaboradores, 13 médicos e 9 residentes médicos. Além disso, contamos com um patologista na unidade de Jales, e um laboratório de patologia na Unidade de Porto Velho, com uma equipe de dois patologistas, seis colaboradores e um residente médico.
O departamento patologia do Hospital de Amor Barretos passou por uma reforma recentemente. Na reforma a sala dos médicos patologistas foi ampliada, sendo contemplada com ambientes divididos em até 3 médicos por sala e microscópios modernos de última geração. O setor de macroscópica foi contemplado com áreas individualizadas para cada colaborador, sistema de exaustão e móveis novos. O setor de imunoistoquímica onde realizamos testes complementares também foi ampliado e estamos aguardando novos equipamentos de automatização. A sala dos residentes foi reestruturada e planejada para receber mais alunos, estagiários e residentes.
Foi aprovada recentemente a construção do prédio novo do SVO (Serviço de Verificação de Óbitos). Em uma planta com cerca de 400m² que irá contemplar salas amplas, sala de congelação, auditório para alunos da faculdade em tempo real, secretaria e recepção para os familiares.
Adquirimos o licenciamento e serviço de implantação do Sistema Pathox e novos equipamentos de automatização. Os equipamentos novos trazem um avanço para a patologia, melhorando a qualidade técnica das amostras confeccionadas que posteriormente serão avaliadas pelos patologistas, garantindo laudos mais seguros e de qualidade.
O PATHOX é um sistema inovador que permite a gestão completa do fluxo de trabalho dos Serviços de Patologia e nativamente integrando a gestão de imagens macroscópicas e microscópicas. Desenvolvido em colaboração com os centros principais de referência, PATHOX fornece aos Patologistas: Um mecanismo de fluxo de trabalho, potente e totalmente personalizável pelos usuários; Um sistema de aquisição e gestão de imagem integrada; Um sistema de comunicação de voz; Identificação de um seguro de amostras com código de barras; Gestão dos prontuários de pacientes em uso de máscaras completamente customizáveis por usuários, o sistema otimiza o fluxo de trabalho, aumenta a produtividade e melhora a rastreabilidade e controle de qualidade. PATHOX usa tecnologias avançadas para permitir a telepatologia e transmissão de imagens remotamente através da Internet.
Quais as principais pesquisas já realizadas pelo departamento?
Contamos com um time de patologistas pesquisadores onde atualmente desenvolvemos estudos nas principais áreas oncológicas. Dentre as principais pesquisas desenvolvidas pelo departamento estão o câncer de mama, de colo do útero, pulmão e na área molecular. O departamento de patologia está integrado com o desenvolvimento de pesquisas do IEP, juntamente com pesquisadores de alto nível nacional e internacionalmente reconhecidos.
Quais as metodologias utilizadas?
O setor de Diagnóstico Molecular, conta com equipamentos modernos, realizando testes moleculares atualizados, testes que identificam mutações genéticas relacionadas a diferentes tipos de câncer e incorporados à rotina de nossos pacientes. Os testes têm obtido resultados expressivos no auxílio ao tratamento e prognóstico de nossos pacientes.
Quais os desafios enfrentados pelo departamento?
Dentre os principais desafios enfrentados pelo departamento, podemos citar a gestão de um hospital com várias unidades fixas e moveis espalhadas pelo pais. Recebemos materiais de pacientes vindos de vários estados e regiões para serem processados e analisados na nossa unidade de Barretos. Para isto, já estamos estudando uma nova e moderna tecnologia de patologia digital, para integração de todas as unidades em tempo real. O projeto de patologia digital será apresentado a diretoria e se contemplado será inédito no Brasil.
Qual a importância do laboratório de patologia nesse processo?
O laboratório de patologia é visto pelo paciente como uma “caixa preta”: um conjunto de equipamentos sofisticados, onde o material é recebido e o diagnóstico aparece quase que milagrosamente, impresso em um laudo. Porém, essas interpretações e diagnósticos complicados são feitos por um profissional altamente qualificado e em constante atualização, que é o patologista, especialistas na arte e na ciência do diagnóstico. Auxiliados por uma equipe, composta por técnicos de laboratório e assistentes administrativos, analisam e emitem laudos anatomopatológicos.
Baseados nesses laudos, os clínicos e cirurgiões que acompanham os pacientes podem decidir entre as opções de tratamento. Eventualmente, os clínicos examinam com os patologistas os detalhes técnicos específicos dos laudos e, em alguns casos, discutem opções de tratamento.
Frequentemente, também entramos em contato com o médico responsável, para esclarecermos possíveis dúvidas e saber detalhes da doença para redigir o laudo com precisão.
Os laudos anatomopatológicos são escritos em termos técnicos específicos, pois são redigidos para que seu médico saiba com exatidão sobre a doença.
Outra visão comum é que nós, patologistas, lidamos no dia-a-dia com exames de autópsia no Serviço de Verificação de Óbitos, quando há dúvida sobre a doença que levou o paciente a falecer.
Drª. Iara Viana Vidigal Santana
Graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais; Residência Médica em Anatomia Patológica e Citopatologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora; Fellow em Oncopatologia pelo Hospital do Câncer de Barretos; Trabalhou como Médica Patologista no Hospital do Câncer de Barretos/ Unidade Porto Velho; Aprovada na prova de título pela Sociedade Brasileira de Citopatologia; Mestranda em Ciências da Saúde, Laboratório de Neurociências, na Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc (nota 6 da Capes). É responsável técnica pelo departamento de patologia do Hospital de Amor (Hospital do Câncer de Barretos/Fundação PIO XII). Faz parte das equipes de Congelação, Patologia Mamária, Patologia do TGI e Patologia Ginecológica.
Sobre a mudança de nome do Hospital
A convite de Washington Olivetto, o designer Alexandre Suannes redesenhou o logotipo
O fato deflagrador do projeto foi a constatação de que a marca antiga não expressava claramente a identidade da instituição, baseada no partido fundamental de “O Amor acima de tudo”. A solução foi focar no aspecto positivo do tratamento — o Amor ao invés do câncer. E, além disso, o Hospital já tinha um apelido informal de “hospital do amor”.
Para isso, foi sugerida a mudança do nome para hospital (feito) “de” amor. O aspecto humano presente em todas as áreas de atuação — educação, prevenção e tratamento — deixou mais evidente e, com um logo mais simples, amigável e carinhoso.
Outro fator importante é que estava ocorrendo uma confusão na nomenclatura, pois com várias unidades fora de Barretos — Jales, Amazônia, Nova Andradina, etc. — os nomes ficavam compridos demais e faziam referência a dois lugares ao mesmo tempo: “Hospital de Câncer de Barretos / Amazônia”, por exemplo.
Com a simplificação — Hospital de Amor / Amazônia; Hospital de Amor / Jales, agora não importa onde a instituição esteja presente. Seus princípios — já descritos — são sempre os mesmos.