A GSK e a organização Medicines for Malária Venture (MMV) anunciaram nesta segunda-feira, os resultados positivos de dois testes clínicos de fase III da medicação tafenoquina, para a prevenção da reincidência da malária causada pelo parasita Plasmodium vivax (P.vivax).
Os principais resultados, apresentados na Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax (ICPVR) em Manaus, mostram que uma dose única de 300mg de tafenoquina, quando administrada em conjunto com tratamento de três dias de cloroquina aplicada diretamente no sangue, reduziu significativamente o risco de reincidência em doentes com malária por P.vivax do que quando placebo administrado com cloroquina.
P. vivax é uma das várias espécies de parasitas de Plasmodium conhecidas por causar a malária. Após uma picada do mosquito infectado, o parasita tem a capacidade de ficar adormecido no fígado e se reativar periodicamente causando reicidencias da malária. Estas recaídas podem ocorrer semanas ou mesmo anos após a infecção inicial. Estima-se que 8,5 milhões de pessoas são infectadas por malária a cada ano1. Cada uma dessas infecções mantém uma criança ou um adulto afastado da escola ou do trabalho por pelo menos 3 dias.2 Estudos demonstraram que, além do tempo perdido, a malária também pode ter efeitos adversos sobre a habilidade cognitiva. 3,4
Desde 2008, a GSK e a MMV têm trabalhado em conjunto para desenvolver a tafenoquina de dose única, como alternativa ao tratamento padrão com primaquina, que deve ser tomado por 14 dias por aqueles pacientes afetados pela forma reincidente da malária. Os dois estudos randomizados, duplo cego de fase III, “DETECTIVE” e “GATHER”, foram conduzidos em países que enfretam a malária na América do Sul, Ásia e África.
DETECTIVE (TAF112582)
Este foi um estudo duplo-cego e duplo-falso de fase III avaliando a eficácia, segurança e tolerabilidade da tafenoquina em 522 pacientes com malária P.vivax. Os pacientes foram randomizados para receber uma dose única (1 dia) de tafenoquina (300mg), tratamento de 14 dias de primaquina (15mg) ou placebo, com todos os pacientes também sendo tratados com 3 dias de cloroquina para tratar o estágio agudo da infecção.
O estudo apresentou o objetivo inicial, mostrando que uma proporção estatisticamente maior de pacientes tratados com tafenoquina (60%) permaneceu livre de recaídas durante os 6 meses seguintes ao tratamento, do que os pacientes que receberam placebo (26%), com razão de probabilidade de recidiva versus placebo administrado com cloroquina de 0,24, p <0,001.5
Adicionalmente, uma maior proporção estatisticamente significativa de pacientes tratados com 14 dias de primaquina (64%) não apresentaram taxa de reincidência durante os 6 meses seguintes ao tratamento quando comparados com os pacientes que receberam placebo (26%), com razão de probabilidade de recidiva versus placebo quando administrado com cloroquina de 0,20, p <0,001.
A frequênciade eventos adversos foi de 63% para o grupo tafenoquina, 59% para o grupo primaquina e 65% para o grupo cloroquina e a frequênciade eventos adversos graves foi de 8% para o grupo tafenoquina, 3% para o grupo primaquina e 5 % para o grupo de cloroquina.
GATHER (TAF116564)
Este foi um estudo conduzido com 251 pacientes que tomaram 300mg de tafenoquina em dose única em níveis de hemoglobina (uma proteína nos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio) quando comparada com 15mg de primaquina administrada por 14 dias, com todos os pacientes recebendo também um tratamento padrão de 3 dias de cloroquina. A incidência de declínio na hemoglobina (o desfecho primário) foi muito baixa e similar entre os dois grupos de tratamento (2,4% para pacientes que receberam tafenoquina e cloroquina versus 1,2% para pacientes que receberam primaquina com cloroquina, com diferença de proporções (IC 95% ) de 1,23% (-4,16%, 4,98%). Nenhum paciente necessitou de uma transfusão de sangue.
A frequênciade eventos adversos foi de 72% para o grupo tafenoquina e 75% para o grupo primaquina e a frequênciade eventos adversos graves foi de 4% para o grupo tafenoquina e de 1% para o grupo primaquina.
Os principais eventos adversos registrados em ambos os estudos foram consistentes com o perfil de segurança conhecido da tafenoquina. A proporção de pacientes com eventos adversos e eventos adversos graves durante o estudo de 6 meses foi semelhante à tafenoquina, primaquina e cloroquina isoladamente.
Patrick Vallance, Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da GSK, disse: “Um dos maiores desafios para pacientes com malária P. vivax é impedir a reicidencia. Ser capaz de tratar pacientes com uma única dose de medicamento seria um importante passo para assegurar um tratamento eficaz, reduzindo assim o risco de recaída, particularmente em áreas com infraestrutura de saúde precárias. Agradecemos a dedicação e o compromisso dos pacientes, investigadores e colaboradores da comunidade que participaram deste estudo, alguns dos quais vivem em áreas remotas com pouco ou nenhum acesso aos cuidados de saúde. A malária continua a ser uma das principais causas de morte e infecções em muitos países em desenvolvimento e na GSK estamos empenhados em apoiar a meta da Organização Mundial de Saúde de eliminar a malária. Como parte desses esforços, nosso objetivo é tornar a tafenoquina disponível e acessível como medicamento de dose única em países com endemia de malária“.
David Reddy, CEO da Medicines for Malária Venture disse: “Os resultados positivos dos estudos clínicos de fase III para o tratamento com tafenoquina de dose única proporcionam grande esperança de que uma nova droga eficaz afim de parar a reincidência de malária de P. vivax está à vista. A reincidência da malária coloca um pesado fardo no mundo, infectando mais de 8,5 milhões de pessoas por ano. Sem tratamento para eliminar a forma latente do parasita, os pacientes vivem com a doença, nunca sabendo quando reincidirá e quando seus sintomas debilitantes retornarão. Não só a dose única de tafenoquina ajuda a pôr fim à recaída para pacientes individuais, mas também poderia ajudar a tornar a eliminação da malária uma possibilidade real em países endêmicos. Nossa parceria bem sucedida com a GSK para o desenvolvimento deste importante medicamento é o resultado do compromisso conjunto para eliminar essa terrível doença”.
Atualmente, a Tafenoquina não está aprovada para uso em qualquer lugar do mundo. A GSK planeja progredir nos registros regulatórios para a prevenção da recaída da malária de P. vivax em 2017.
Os resultados completos de ambos os estudos serão submetidos para publicação em pulicações especializadas.
Referências:
[1] World Health Organization. World Malária Report 2016 (2016). Disponível em http://www.who.int/malária/publications/world-malária-report-2016/report/en/ acessado em junho de 2017.
2 Price RN et al. “Vivax malária: neglected and not benign.” Am J Trop Med Hyg 77:79–87 (2007).
3 Vitor-Silva S et al. “Malária is associated with poor school performance in an endemic area of the Brazilian Amazon.” Malar J. 8:230 (2009).
4 Fernando SD et al. “The impact of repeated malária attacks on the school performance of children.” Am J Trop Med Hyg. 69(6):582-8 (2003).
5 Using the FDA preferred categorical analysis.
Fonte: Virta Comunicação Corporativa