Por Wilson Lemes*
O SUS completou 30 anos em 2018 e é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como o maior sistema gratuito e universal de saúde do mundo. Mas apesar de ser considerado uma referência na saúde pública, apresenta enormes gargalos que levarão, dentro de algum tempo, à sua insustentabilidade. E grande parte dos problemas poderia ser minimizada através dos recursos de apoio à decisão clínica.
Em apenas um ano, foram consumidos R$10,9 bilhões de recursos por conta de erros médicos que variam desde a falta de profissionais qualificados à grande variabilidade de cuidado no Brasil, o que mostra a grande necessidade de investir na prevenção de erros evitáveis. Só em 2016, 302.610 brasileiros morreram em hospitais privados ou públicos.
Outro ponto importante é que, segundo o Datafolha, 90% da população brasileira está insatisfeita com o atendimento público, sendo que o suporte à decisão clínica tem grande impacto na hora de melhorar a qualidade e a eficiência. Como? Reduzindo testes desnecessários, evitando diagnósticos errados e resultados adversos para os pacientes devido à má interpretação de exames. Isso porque, com a tecnologia, os profissionais da saúde podem usar a interpretação de laboratório para analisar e gerenciar resultados mais difíceis, acessando orientações concisas para, assim, tomar uma decisão certeira.
Isto ajuda a padronizar e reduzir a variabilidade do cuidado, sendo possível construir protocolos clínicos com base em evidências de maneira mais fácil e ágil. O objetivo é sempre consolidar medidas em prol da saúde, visando lidar, em especial, com as discrepâncias e descontinuidade do cuidado assistencial e evitar um aumento ainda maior na incidência de erros de diagnóstico e eventos adversos, que impactam diretamente nos gastos dos hospitais.
Porém, esse processo de transformação, tanto no setor público, quanto privado, envolve algumas barreiras organizacionais e de gerenciamento como estruturas de governança fragmentadas, falta de colaboração e capacidade limitada em cuidados primários. A falta de bons dados ou sistemas de Tecnologia da Informação (TIC) atrapalha um pouco, afinal eles tornaram-se facilitadores-chave no processo de integração dos cuidados de saúde.
Entre as soluções disponíveis com a TIC, os Sistemas de Suporte a Decisões Médicas baseados em evidências científicas têm atuado como protagonistas nesse cenário de mudança na saúde pública brasileira, como uma relevante e poderosa ferramenta no fluxo de cuidado assistencial nesse ecossistema. Isto porque a solução é baseada em experiência clínica, especificidades de cada paciente, uma grande base de dados médicos atualizados e algoritmos dinâmicos para traçar o melhor caminho a ser seguido no diagnóstico e tratamento. Além disso, os benefícios na qualidade do atendimento podem ser observados também na saúde privada no mundo todo.
Os recursos de apoio à decisão clínica criam, mantém e garantem a adoção de padrões para o tratamento de doenças de maior variabilidade, ajudando os profissionais da saúde a entregarem cuidados consistentes, de alta qualidade e efetivos, além de trazer maior segurança para o paciente. Aumentando a eficiência do processo, também aumenta a economia dos gastos. Os gargalos são inúmeros, mas com certeza, contar com esse apoio pode ser crucial.
*Wilson Lemes é Country Manager LATAM da Wolters Kluwer Health, formado em Marketing, Negociação, Planejamento de Negócios, Dispositivos Médicos e Desenvolvimento de Negócios. O executivo acumula passagens por empresas como GE Healthcare, Nobel Biocare e O4B Consulting.