Pesquisa indica que o material produz PDL-1, proteína ausente em pacientes diabéticos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui 16 milhões de diabéticos. Dentre as condições da doença, cerca de 5% a 10% das pessoas com este diagnóstico têm o tipo 1, que acontece quando a produção de insulina é insuficiente, pois as células sofrem destruição autoimune. Nesses casos, a condição é tratada com insulina (exógena) e atividades, no entanto, pesquisadores americanos indicam que é possível reverter a patologia com células-tronco.
O estudo, feito no Boston Children’s Hospital e publicado no periódico Science Translation Medicine, realizou testes com camundongos para fazer com que as células-tronco do sangue produzissem o PD-L1, tipo de proteína ausente em pessoas com diabetes tipo 1. Por meio de terapia genética, os cientistas inseriram o gene CD274, responsável pela produção da PD-L1, nas células-tronco dos ratos. Como resultado, as células modificadas geneticamente reverteram, por um breve período, o diabetes em quase todos os camundongos e em um terço manteve níveis normais de açúcar no sangue. Apesar dos resultados positivos, ainda são necessários novos testes para determinar quanto tempo os efeitos da terapia durariam.
Para Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP, estes resultados, recentemente publicado, podem levar a novas abordagens para o tratamento da doença. “Não há dúvida de que os atuais tratamentos imunossupressores (que tem a intenção de bloquear a destruição autoimune das células pancreáticas) são parcialmente satisfatórios. As perspectivas da utilização de células–tronco do tipo hematopoiéticas, tradicionalmente usados no transplante de medula-óssea, que neste estudo foram modificadas geneticamente para produzirem uma proteína PD-L1 que inibe a ação autodestruidora do pâncreas, abre uma nova fronteira dentro da medicina regenerativa. A grande vantagem é identificar um passo imunológico modulador sem a necessidade de imunossuprimir o paciente”.
O especialista ainda ressalta que, por serem adultas e imunologicamente tolerantes, as células-tronco do sangue de cordão umbilical são preferenciais da terapia genética. “Além disso, após a coleta, elas são avaliadas e armazenadas, podendo ficar congeladas por tempo indeterminado sem que haja perda de suas propriedades”, destaca.
Doenças tratadas com células-tronco – Atualmente, as células-tronco são utilizadas para a recuperação de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou radioterapia. “Além da Diabetes tipo 1, encontram-se em pesquisas clínicas o uso para tratamentos de enfermidades como cardiopatia, paralisia cerebral, insuficiência vascular periférica e AIDS”, finaliza Tatsui.