Apesar da relação consistente entre a g-glutamiltransferase (GGT) sérica e o diabetes tipo 2 (DT2), ainda não é bem compreendido o papel da GGT na associação entre obesidade e DT2. HONG et al (2014), desenvolveram um estudo para investigar se a associação entre índice de massa corporal (IMC) e a glicose de jejum alterada (IFG) modifica-se com os níveis séricos de GGT variando dentro do intervalo normal.
O estudo foi realizado com 2.424 homens e 3.652 mulheres com idades iguais ou superiores a 40 anos, que participaram de um programa coreano de saúde e nutrição (Fifth Korean National Health and Nutrition Examination Survey). Os níveis séricos de GGT dentro do intervalo normal foram classificados em tercis específicos por gênero. Entre homens e mulheres com níveis de GGT no tercil inferior, o IMC mostrou estatisticamente associações não significativas com o risco de IFG. No entanto, entre as pessoas com níveis no tercil superior, o risco de IFG foi de 3 a 4 vezes maior em pessoas com IMC ≥ 25 kg/m2 do que aqueles com IMC < 23 kg/m2(HONG, 2014).
Os resultados obtidos permitiram verificar uma forte associação entre IMC e IFG entre as pessoas com GGT sérico em níveis fisiológicos superiores. Este achado tem uma implicação clínica importante, porque o GGT sérico poderia ser usado para detectar o risco elevado de IFG em pessoas obesas (HONG, 2014).
Dentre as funções fisiológicas da GGT que podem ser consideradas para interpretar os resultados, os autores destacam: GGT como marcador inicial do estresse oxidativo (LEE, 2004) ou GGT como marcador de exposição a reagentes químicos (LEE, 2009).
CERIELLO (2004) encontrou que o estresse oxidativo desempenha um papel importante na patogênese do DT2 e suas complicações. Além disso, o aumento desse estresse no tecido adiposo é um mecanismo relevante na síndrome metabólica associada à obesidade (FURUKAWA,2004).
O outro mecanismo potencial, é que a GGT no soro pode ser um marcador de exposição a reagentes químicos, porque a GGT celular é uma enzima necessária para metabolizar os conjugados de glutationa de alguns poluentes químicos, que também está intimamente relacionado com o estresse oxidativo (LEE,2009).
Estudos como este mostram as diferentes relações de obesidade com IFG e DT2, de acordo com os níveis séricos de GGT dentro da faixa normal. Fatores que induzem ao aumento dos níveis séricos de GGT podem ser críticos no desenvolvimento de DT2. Além disso, como a medição da GGT no soro é um teste de simples execução, ela pode ser utilizada para a detecção precoce DT2. Estudos adicionais são necessários para investigar a possível interação entre GGT sérica e obesidade associadas ao risco de DT2 (HONG, 2014).
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Referências Bibliográficas:
- Ceriello A, Motz E: Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying insulin resistance, diabetes, and cardiovascular disease? The common soil hypothesis revisited. Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004, 24:816–823.
- Furukawa S, Fujita T, Shimabukuro M, Iwaki M, Yamada Y, Nakajima Y, Nakayama O, Makishima M, Matsuda M, Shimomura I: Increased oxidative stress in obesity and its impact on metabolic syndrome. J Clin Invest 2004, 14:1752–1761.
- Hong et al.: Different associations between obesity and impaired fasting glucose depending on serum gamma-glutamyltransferase levels within normal range: a cross-sectional study. BMC Endocrine Disorders. 2014 14:57.
- Lee DH, Blomhoff R, Jacobs DR Jr: Is serum gamma glutamyltransferase amarker of oxidative stress? Free Radic Res 2004, 38:535–539.
- Lee DH, Jacobs DR Jr: Is serum gamma-glutamyltransferase a marker of exposure to various environmental pollutants? Free Radic Res 2009, 43:533–537.
Enrique Juan Brown
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