São esperados 625 mil novos casos no triênio 2020-2022
Depois de mais de dois anos de pandemia, os impactos na área da saúde ainda são enormes e preocupam a comunidade médico-científica. Além de promover a maior crise sanitária da história, a Covid-19 vem causando atrasos em diagnósticos de muitas doenças, em especial o câncer. É esperado um aumento de diagnósticos tardios nos próximos meses, refletindo-se no aumento de mortalidade por câncer nos próximos anos.
No Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, uma iniciativa global da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), torna-se ainda mais importante refletir sobre a conscientização a respeito da doença, da importância do diagnóstico precoce e da manutenção do tratamento mesmo em momentos de pandemia.
O câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo, cerca de 7 milhões de pessoas morrem em decorrência da doença por ano. Somente no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 625 mil novos casos para o triênio 2020-2022. Atualmente, uma em cada cinco pessoas em todo o mundo desenvolve câncer durante a vida. Além disso, um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres morrem da doença. As expectativas são que os números possam aumentar ainda mais devido à atual crise sanitária.
Durante os primeiros meses da pandemia, houve uma queda expressiva na realização de exames e de consultas médicas. Muitos, por temor da transmissão da Covid, adiaram a realização desses exames. Além disso, tivemos cancelamentos de consultas, procedimentos e exames pela sobrecarga dos serviços de saúde, dos quais a capacidade de atendimento foi, em boa parte, direcionada ao atendimento de pessoas com Covid-19.
Diagnosticar precocemente um câncer é a principal luta para nós, que lidamos no dia a dia com pacientes oncológicos. Embora alguns tipos de tumores se apresentem de maneira agressiva, a maioria dos cânceres é passível de tratamento curativo quando diagnosticados em estágios iniciais. No entanto, a detecção e o tratamento tardios fazem com que essas chances se restrinjam significativamente. No Brasil, infelizmente, boa parte dos pacientes descobre a doença em estágio avançado.
Para combater o câncer é preciso reforçar medidas preventivas, promover o acesso rápido ao diagnóstico e ao tratamento adequado. A minoria dos tumores está associada à herança genética.
Segundo estatísticas do Inca, o tabagismo é a principal causa de câncer evitável no mundo, não apenas de pulmão. Tabagismo, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas são hábitos que podem resultar não só no aumento da incidência de doenças cardiovasculares, como também no de casos de câncer. Levar uma vida saudável é, antes de tudo, uma maneira de viver bem e um importante aliado na prevenção de doenças malignas.
FONTE: CLÁUDIA CARDOSO | ONCOLOGISTA DA FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER