Estimado leitor, é com grande satisfação que publico este primeiro texto na minha coluna na prezada revista NewsLab. Decidi começar com um tema que é a base de todas as discussões científicas há centenas de anos: a famosa metodologia científica. Afinal, o que ela é? Para que ela serve? Ela é confiável? Essas são questões muitas vezes ignoradas pelos acadêmicos e pesquisadores em geral.
Primeiramente, é extremamente importante entendermos que existem dois tipos principais de raciocínio: o pensamento dedutivo e o pensamento indutivo. Na dedução são obtidas conclusões a partir de premissas universais. É o que ocorre na matemática, como, por exemplo, partindo da premissa de que os números primos são aqueles naturais maiores do que um e que são divisíveis estritamente por um e por ele mesmo; e que o número três é divisível somente por um e por três, podemos concluir que o número três é um número primo. A dedução é muito limitada na geração de conhecimento inovador, uma vez que fica restrita aos limites impostos pelas premissas.
Diferentemente, a indução faz o caminho oposto: ela parte de premissas particulares para se chegar a uma teoria universal. Por exemplo, através de extensas e exaustivas observações e experimentações, Charles Darwin (1809–1882) desenvolveu a Teoria da Evolução por Meio da Seleção Natural, a qual revolucionou a ciência moderna. Portanto, o pensamento indutivo é utilizado no método científico e permite a produção de conhecimento que extrapola os limites das premissas particulares.
A metodologia científica é um conjunto básico de procedimentos utilizados na investigação científica. Os cientistas são observadores dos fenômenos naturais e artificiais. A partir de uma intensa observação, o cientista deve formular perguntas sobre esses fenômenos. No entanto, não são quaisquer perguntas, mas aquelas cujas respostas irão contribuir significativamente para o avanço da ciência.
Com o objetivo de responder a essas questões, o cientista deve juntar evidências, que são obtidas a partir de observações e da aplicação de técnicas de laboratório, técnicas em campo, entre outros tipos de técnicas cientificamente reconhecidas. Não são aceitas todas as evidências obtidas, mas aquelas que atendem critérios rígidos de qualidade. Esses critérios variam de acordo como a área de pesquisa científica. Portanto, as evidências passam por um processo de triagem e assim são classificadas em confiáveis (aceitas) e não confiáveis (rejeitadas).
A próxima etapa da investigação científica é a discussão sobre as evidências confiáveis com o objetivo de responder às perguntas inicialmente formuladas. O cientista reflete, compara e avalia essas evidências para obter respostas satisfatórias. No entanto, a realidade não é tão simples quanto parece. Por isso, as perguntas e respostas obtidas são constantemente aperfeiçoadas e reformuladas. Nesse aspecto, a pesquisa científica nunca terá um fim, uma vez que é impossível o ser humano responder a todas as perguntas sobre os fenômenos da natureza.
É importante salientar que todos os procedimentos da investigação científica devem ser registrados com o maior nível de detalhe e de organização possível, de modo a preservar a rastreabilidade dos dados obtidos. Essa rastreabilidade é essencial na garantia da qualidade do trabalho científico.
A metodologia científica, portanto, gera conhecimento que ajuda o ser humano a entender a natureza e a desenvolver novos medicamentos, tratamentos, técnicas e tecnologias. A metodologia científica, aplicada com rigor e honestidade, é extremamente confiável, apesar de não ser perfeita, pois o conhecimento científico está em constante desenvolvimento e revisão. Nós percebemos todos esses processos científicos durante o desenvolvimento das vacinas contra o vírus da Covid-19. Os cientistas de todo o mundo, utilizando a metodologia científica, trabalharam exaustivamente para o desenvolvimento dessas vacinas. Após muitos experimentos e estudos, a ciência triunfou sobre a Covid-19 através da imunização em massa da população mundial com imunizantes seguros e eficazes.
Dr. Gilberto Augusto Teixeira Dalboni de Lima
✓ Doutor em Biotecnologia (UFF).
✓ Mestre em Farmacologia (UFRJ).
✓ Especialista em Análises Clínicas (F. Unyleya).
✓ Biomédico CRBM1-43416 (UFRJ).
✓ Habilitado em Análises Clínicas e em Pesquisa e Docência em Embriologia.
✓ Professor de Análises Clínicas, de Redação Científica e de Biomedicina.
✓ Coordenador e Palestrante no grupo Analistas Clínicos.
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