A médica infectologista Valeria Rolla, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobaterioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), destaca a persistente influência da vulnerabilidade social na luta contra a tuberculose.
De acordo com a especialista, os grupos mais suscetíveis a tuberculose inclui aqueles que residem em condições precárias, com muita gente dentro do domicilio e pouca ventilação. Os custos associados à tuberculose representam um ônus significativo para os pacientes, expostos à pobreza, especialmente devido às despesas com transporte e alimentação.
A proximidade entre indivíduos saudáveis e doentes, resultante da vulnerabilidade social, é outro fator destacado pela infectologista. Ela enfatiza a necessidade de abordagens abrangentes, salientando que tratar apenas os casos de tuberculose não é suficiente para reduzir sua incidência. Valeria ressalta a importância de tratar os contatos próximos dos pacientes e lidar com diversas formas da doença. A tuberculose tem várias formas de apresentação tais como a pulmonar, ganglionar e óssea.
Quanto aos avanços no diagnóstico e tratamento, a pesquisadora elogia o programa brasileiro de tuberculose e aids, destacando a incorporação de testes rápidos e tratamentos mais eficazes. A incorporação da pretomanida, por exemplo que vai reduzir a duração do tratamento para casos multirresistentes que era de 18 meses para 6 meses.
Olhando para o futuro, Valeria enfatiza a importância de políticas públicas que abordem a resistência aos medicamentos e testes rápidos para diagnóstico. Ela menciona os esforços do Brasil na incorporação de testes de resistência e tratamentos mais curtos para contatos que duram apenas 3 meses.
Para a infectologista, a tuberculose continua sendo um problema de saúde pública devido ao alto número de casos novos, cerca de 80 mil anualmente, reforçando a importância de abordagens integradas que considerem os aspectos socioeconômicos e as condições de vida dos pacientes.
Matéria – Karina Burini (INI/Fiocruz)