Imagine uma única pessoa com mais de 30 personalidades diferentes que interagem entre si, têm memórias e comportamentos próprios onde, inclusive, uma persona não é responsável pelos atos cometidos por outra? Parece coisa de ficção científica, mas esses são sintomas comuns em uma pessoa que possui TDI – Transtorno Dissociativo de Identidade.
O TDI, anteriormente conhecido como Transtorno de Personalidade Múltipla, é um transtorno psiquiátrico raro marcado pela presença de duas ou mais identidades completamente distintas em uma única pessoa, cada persona pode ter sua própria maneira de pensar, sentir e se comportar.
O TDI é causado por traumas graves na infância, onde a “fragmentação” da personalidade ocorre como mecanismo de defesa, uma espécie de amortecimento gerado pelo cérebro para proteger a sanidade. Seus principais sintomas incluem lapsos de memória, perda de tempo, mudanças de voz e comportamento, além de angústia e disfuncionalidade. O tratamento envolve terapia psicoterapêutica, ajudando a pessoa a integrar suas identidades e lidar com o trauma subjacente.
A condição pode afetar gravemente o convívio social do indivíduo e desencadear outras condições, com ansiedade e depressão, mas o uso de medicamentos e o acompanhamento especializado podem gradualmente reduzir esses efeitos e integrar todas as personalidades em uma só, mas como isso nem sempre é possível, muitas vezes a solução é conciliá-las da melhor forma para que o paciente consiga controlá-las melhor.
Apesar de já se saber bastante sobre a condição e de os tratamentos e abordagens medicamentosas e terapêuticas serem eficazes na integração ou conciliação das personalidades, o transtorno ainda é marcado por uma alta complexidade que faz com que cada caso tenha particularidades intrincadas.
Para se ter uma breve noção da complexidade desse transtorno, uma determinada personalidade pode conhecer uma pessoa, enquanto para outra ela será um completo estranho, mas ambas podem interagir entre si em uma espécie de ambiente mental paralelo onde todas coexistem, mas isso pode variar completamente entre pacientes, que em alguns casos chegam a ter mais de 30 identidades diferentes.
A chave para o tratamento do transtorno é o apoio do círculo de convívio do paciente, tanto para a identificação da necessidade de buscar ajuda profissional, pois muitas vezes o próprio paciente pode não ter compreensão dos sintomas por não guardar as mesmas memórias das outras personalidades, quanto para compreensão das especificidades da relação com o indivíduo para tornar a convivência mais harmônica durante o tratamento, que deve ser contínuo.
Sobre Dr. Fabiano de Abreu Agrela
O Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos e 15 livros.
Créditos: Dr. Fabiano de Abreu Agrela (MF Press Global) Foto ilustrativa (Pixabay)