Há muitos anos o laboratório clínico vem procurando um marcador precoce e não invasivo de sepse. A sepse é classicamente conhecida como uma infecção generalizada associada a uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica, que comumente leva a leucocitose por neutrofilia por induzir o recrutamento de neutrófilos e granulócitos imaturos para a circulação. Contudo por décadas a medicina e o laboratório utilizaram como parâmetro de infecção o desvio a esquerda (bastões >6%) baseado na contagem relativa dos bastões. Entretanto, os equipamentos hematológicos eletrônicos não contam bastonetes neutrófilos e só emitem flags na presença de neutrofilia, quando não nunca notam. Já a contagem por microscopia de bastonetes é falha e pouco reprodutível, variando entre analistas clínicos. Assim na busca por um marcador fidedigno de sepse fez com que os fabricantes de aparelhos hematológicos eletrônicos que possuem tecnologia a laser começassem a mudar este panorama com a contagem de granulócitos imaturos. Uma contagem de percentagem de granulócitos imaturos (IG%) superior a 3% mostrou ser um indicador de risco de sepse. Além disso, valores de IG% <2,0% são úteis na exclusão do diagnóstico de sepse com uma especificidade muito alta (90,9%). Assim, os analistas clínicos devem valorizar mais este índice e associar a outros comuns na sepse (leucocitose, neutrofilia, eosinopenia, linfopenia, granulações tóxicas e vacúolos citoplasmáticos nos neutrófilos) no momento de realização do hemograma e revisão de esfregaços de sangue periférico. Conclui-se que IG% é um marcador adicional útil para o diagnóstico de sepse, permitindo o início precoce da terapia e melhores possibilidades de recuperação de quadros infecciosos graves.
Referência: Ayres LS, Sgnaolin V, Munhoz TP. Immature granulocytes index as early marker of sepsis. Int J Lab Hematol. 2019 Jun;41(3):392-396. doi: 10.1111/ijlh.12990. Epub 2019 Feb 26. PMID: 30806482.