A queda nas taxas de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) pode estar relacionada ao aumento do número de mulheres com câncer de colo de útero, terceiro tipo de câncer com maior incidência na população feminina. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas neste ano, estão previstos 17.010 novos casos desta neoplasia, ou seja, em cada 100 mil mulheres, 13,25 terão câncer de colo de útero.
A técnica em vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura, destaca que o Papilomavírus Humano está relacionado a 84% dos casos da doença, podendo ser evitados por meio da imunização. Enquanto isso, porém, a cobertura vacinal contra o HPV segue em queda. “No ano passado, entre meninas e mulheres, a taxa foi de 75,81%. Entre os meninos, que também devem se proteger para não transmitirem sexualmente o vírus, essa taxa foi ainda menor, de 52,16%. Para os dois gêneros, o índice considerado ideal pelo Ministério da Saúde é 95%”, destaca Marta.
Segundo a especialista, em conjunto com o exame preventivo (Papanicolou), a imunização é uma das principais ações de prevenção. “A meta é vacinar pelo menos 80% da população (mulheres e homens) para reduzir a incidência deste câncer no país nas próximas décadas”, informa. Para alcançar esse objetivo, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM) recomendou alterações no Calendário de Vacinas, ampliando o público-alvo estratégico para receber as doses do imunizante fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Programa Nacional de Imunização, a vacina está disponível para meninos e meninas de 9 a 14 anos e para pessoas de 9 a 45 anos, nas seguintes condições: convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea. Já na rede privada, a vacina contempla todas as faixas etárias, a partir dos 9 anos de idade, e para as idades não contemplada em bula com prescrição médica.
“Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que haja de 9 a 10 milhões de infectados por esse vírus no Brasil e que a cada ano surjam 700 mil novos casos de infecção. O risco de desenvolvimento de cânceres associados ao HPV é cerca de quatro vezes maior entre pessoas vivendo com HIV/Aids e transplantados do que na população sem a doença ou transplante”, explica a especialista.
HPV
De acordo com o Ministério da Saúde, existem mais de 150 tipos conhecidos do Papilomavírus Humano. Mas os tipos 16 e 18 são considerados os mais perigosos e estão envolvidos na grande maioria dos casos de câncer de colo de útero. O HPV ainda pode levar a outros tipos de câncer, como anal, de vulva, de vagina, de pênis e de orofaringe, e costuma levar à formação de verrugas na pele.
Vacinação em Queda
Marta Moura afirma que, de acordo com os estudos, as baixas taxas de vacinação têm como fatores a preocupação com a segurança da vacina, o desconhecimento sobre as doenças relacionadas ao HPV e o estigma existente por esse ser um vírus transmitido sexualmente. “No Brasil, o Ministério da Saúde atribui a queda, em grande parte, ao fato de muitas escolas terem deixado de se envolver com a questão, sendo esses os principais motivos para a queda nos níveis de imunização da população”, acrescenta.
A Técnica em Vacinas do Lustosa ainda afirma que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a vacina pode prevenir 70% dos cânceres causados pelo HPV. Ela lembra, entretanto, que essa medida deve ser usada em conjunto com o exame preventivo. “É fundamental que mulheres realizem o exame de citologia, também chamado de Papanicolau ou preventivo, no ginecologista. Nunca deixe de consultar o seu médico e fazer todas as prevenções necessárias”, orienta.