As plaquetas (também chamadas de trombócitos) estão envolvidas em diversas respostas fisiológicas tais como o processo de coagulação sanguínea, cicatrização e imunidade. Por outro lado, também estão presentes em situações patológicas, como inflamação, aterogênese* e formação de trombos.
São encontradas exclusivamente em mamíferos e possuem uma vida média curta, entre 8 e 12 dias na circulação. Dentre os elementos figurados, são os menores componentes presentes no sangue: plaquetas normais possuem um diâmetro médio de 1,5 a 3,0 mm e volume de 7 fl (figura 1).
O tamanho reduzido, a curta vida média e a origem das plaquetas geraram dúvidas quanto à sua classificação como células ou fragmentos celulares.
Origem Plaquetária
No feto, as plaquetas são geradas no fígado. Após o nascimento, esse processo passa a ocorrer na medula óssea. As plaquetas têm origem em uma série de eventos, que culminam com a produção de megacariócitos, uma das maiores células presentes no sistema hematopoiético. Esses eventos são divididos em duas etapas principais: megacariocitopoiese e trombopoiese.
Na megacariocitopoiese, células tronco hematopoiéticas sofrem diferenciação e geram megacarioblastos. Essas células são precursoras dos megacariócitos. O megacariócito amadurece por um processo de replicação que consiste, em resumo, no aumento do volume do citoplasma e do número de lóbulos nucleares.
Em um estágio avançado de desenvolvimento, o citoplasma torna-se granular. Megacariócitos maduros são células grandes, com núcleo lobulado excêntrico e baixa relação núcleo-citoplasma (figura 2).
Os megacariócitos maduros contêm uma extensa rede de membranas internas e múltiplos vacúolos com proteínas e outras moléculas. No estágio final de desenvolvimento, a contração nuclear e emissão de pseudópodes permitem a liberação das plaquetas para a corrente sanguínea, em um processo conhecido como trombopoiese. Em média, são necessários 10 dias entre a diferenciação das células tronco e a produção das plaquetas.
Menores células presentes no sangue
As plaquetas são células anucleadas com tamanho uniforme e formato discoide, que possuem estruturas internas mantidas por meio de processos celulares dinâmicos. Possuem algumas organelas internas, tais como mitocôndrias, lisossomos, sistema tubular denso, além de diversos grânulos, glicogênio e proteínas contráteis.
São capazes de realizar síntese proteica e respondem a diversos estímulos do meio, como, por exemplo, matrizes extracelulares expostas após dano vascular, o que permite a realização de suas funções para manutenção da hemostasia.
Quando ativadas, as plaquetas secretam o conteúdo de seus grânulos, o que permite a mudança de morfologia. Isso facilita o recrutamento de mais células e posterior adesão plaquetária.
É muito importante que a produção e destruição das plaquetas permaneçam em equilíbrio. Uma baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia) pode aumentar o risco de hemorragias, enquanto um elevado número dessas células na circulação (trombocitose) pode favorecer a formação de coágulos, aumentando as chances de desenvolvimento de trombose.
Hemograma
O hemograma é o exame por meio do qual é possível avaliar as plaquetas presentes no sangue. São liberados os seguintes parâmetros relacionados a essas células: contagem absoluta, PCT (plaquetócrito), MPV (volume plaquetário médio), PDW (amplitude de variação do tamanho das plaquetas), e P-LCR (percentual de plaquetas grandes).
A contagem absoluta indica o número de plaquetas presente em cada mm³ de sangue. O resultado geralmente é expresso em 10³/mm³ como unidade de medida. No verão, principalmente, contagens baixas de plaquetas, em conjunto com outros sintomas e sinais, podem sugerir ao médico o diagnóstico de dengue. Dentre todos os parâmetros relacionados às plaquetas, a contagem absoluta é o único que pode ser realizado tanto de forma manual quanto automatizada. Todos os outros são realizados por analisadores hematológicos.
O PCT representa o volume total de plaquetas em um determinado volume de sangue. Está diretamente relacionado à contagem de plaquetas e ao seu volume. É equivalente ao hematócrito liberado no eritrograma.
O MPV representa a média dos volumes de todas as plaquetas contadas pelo equipamento. Apresenta uma correlação inversa com a contagem absoluta e é um importante marcador para o turnover dessas células.
Os parâmetros PDW e P-LCR estão associados ao tamanho das plaquetas e são calculados a partir do histograma de distribuição plaquetário.
[Artigo disponível na Revista Newslab Ed 158]
Aline Regina da Cruz
Coordenadora de Produção – Diagno
Bióloga e Mestre em Bioquímica e Imunologia – UFMG.
(diagno.ind.br)