Visão geral de privacidade
Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados no seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de desativar esses cookies. Mas a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o bom funcionamento do site. Esses cookies garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site, anonimamente.
Os cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

No cookies to display.

Os cookies de desempenho são usados ​​para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

No cookies to display.

Os cookies analíticos são usados ​​para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas de número de visitantes, taxa de rejeição, origem de tráfego, etc.

No cookies to display.

Os cookies de publicidade são usados ​​para fornecer aos visitantes anúncios e campanhas de marketing relevantes. Esses cookies rastreiam os visitantes em sites e coletam informações para fornecer anúncios personalizados.

No cookies to display.

Outros cookies não categorizados são aqueles que estão sendo analisados ​​e ainda não foram classificados em uma categoria.

No cookies to display.

Notícias

Pesquisadores identificam mutação em gene capaz de regular a dor

Em todo o mundo, 1,5 bilhão de pessoas sofrem de dor. Mesmo com diversas opções de medicamentos disponíveis, nem todas as suas formas são tratáveis e, quando são, pode haver efeitos adversos, como o desenvolvimento de dependência ou tolerância – especialmente no caso da morfina e outros opioides. Em busca de novas opções de analgésicos, pesquisadores do Laboratório Especial de Dor e Sinalização (LEDS) do Instituto Butantan estudaram um receptor celular denominado TRPV1, responsável por captar estímulos nocivos de calor e a sensação de ardência da pimenta. Eles descobriram uma mutação no gene codificador dessa proteína que pode causar perda de sensibilidade à dor.

Em estudo com roedores, cientistas do Instituto Butantan e colaboradores descobriram que uma variação no receptor TRPV1 – o mesmo que capta a sensação de ardência da pimenta – presente nas aves pode bloquear a sensação dolorosa, até mesmo em condições crônicas (imagem: The Journal of Clinical Investigation)

Resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados em The Journal of Clinical Investigation.

Em parceria com as universidades Stanford e Emory, ambas nos Estados Unidos, e o Hospital Universitário de Münster, na Alemanha, o grupo brasileiro analisou uma série de mutações em humanos. Os autores também se beneficiaram de um conhecimento já existente sobre as aves – animais pouco sensíveis a estímulos nocivos e indiferentes a alimentos picantes justamente por conta de uma mutação no gene TRPV1.

“Existem mais de mil mutações para o receptor TRPV1 em humanos e não é novidade tentar desligá-lo para aliviar a dor, mas até hoje essas tentativas não foram bem-sucedidas”, diz à Agência FAPESP Vanessa O. Zambelli, pesquisadora do LEDS e primeira autora do estudo ao lado de Shufang He, de Stanford.

“Primeiro porque muitos medicamentos resultantes desse processo interferem com a temperatura corporal e segundo porque, como se trata de um canal importante para a sensação de estímulo térmico nocivo, alterar completamente sua atividade anula a dor fisiológica, interferindo com a sensação de calor, que tem função protetora.”

O primeiro passo para os pesquisadores foi investigar um banco de dados de genoma para entender como era a sequência genética do receptor TRPV1 das aves e compará-la com a análise genômica dos humanos.

Por estudos computacionais, foram identificadas nas aves cinco mutações que seriam relacionadas à resistência à dor. Análises de criomicroscopia eletrônica (nas quais amostras preservadas em baixas temperaturas são observadas em microscópio) mostraram que elas estão localizadas em um resíduo de aminoácido (K710, um dos componentes que formam a proteína TRPV1) que controla a abertura e o fechamento do canal. Embora elas também possam existir naturalmente em humanos, são muito raras. Os cientistas, então, se perguntaram: o que aconteceria se essas mutações fossem transpostas para mamíferos?

Em estudos de células, descobriu-se que, nesse caso, ocorria, sim, uma alteração na função do canal. Testes em camundongos com a mutação induzida por meio da técnica de edição gênica CRISPR/Cas9 confirmaram a ausência de comportamento nociceptivo (o termo “dor” não é usado para animais pela dificuldade de mensurar o componente subjetivo e emocional) após injeção de capsaicina (composto ativo da pimenta) na pata e ingestão de ração (picante) para aves, diferentemente do que ocorreu com camundongos selvagens.

Na sequência, o corpo celular do neurônio sensorial dos camundongos foi retirado e, em cultura de células, estimulado com capsaicina. Novamente, os neurônios reduziram sua capacidade de transmitir nocicepção, o que também se repetiu em um modelo mais robusto de dor crônica, por meio de lesão no nervo isquiático. Tudo isso sem perder a capacidade de sentir a temperatura nociva.

Além de modular a dor, o TRPV1 também tem papel importante de proteção frente a outros estímulos. Estudos anteriores mostram, por exemplo, que sua ativação controla a citotoxicidade induzida por excesso de glicose. Testes adicionais feitos neste trabalho, com retirada e estímulo de células cardíacas (cardiomiócitos) por agentes lesivos, como peróxido de hidrogênio e glicose elevada, em modelo de isquemia cerebral, confirmaram que o efeito de proteção se manteve mesmo com a mutação.

Trabalho translacional

A segunda parte do estudo envolveu a tentativa de reduzir a função do receptor farmacologicamente. Para isso, os pesquisadores desenvolveram um peptídeo batizado de V1-cal, que atua seletivamente na região do resíduo K710. Tratados com esse composto, animais que receberam capsaicina demonstraram menos comportamento nociceptivo. Observou-se ainda diminuição na liberação dos neuropeptídeos que causam inflamação e edema, sem alteração na temperatura. Por fim, também a dor crônica melhorou consideravelmente.

“Agora, queremos agregar valor a esse estudo validando-o em condições de boas práticas de laboratório [requeridas pelas agências regulatórias] e identificar, além do peptídeo, outras pequenas moléculas mais fáceis de serem sintetizadas para avançar nos estudos pré-clínicos e, se tudo der certo, entrar em ensaio clínico”, finaliza Zambelli.

O artigo A human TRPV1 genetic variant within the channel gating domain regulates pain sensitivity in rodents pode ser lido em: www.jci.org/articles/view/163735.

 

Fonte: Julia Moióli | Agência FAPESP

@2020 – Todos os Diretors Reservados,  Newslab. por Fcdesign