Qual a melhor forma de prevenir o câncer de mama? Quais são as principais causas da doença? Com que idade é preciso fazer a primeira mamografia?
Você realmente sabe a resposta para essas questões?
A pesquisa Câncer de Mama no Brasil: Desafios e Direitos, realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) fez essas e outras perguntas sobre a doença com 1.400 mulheres de São Paulo (capital) e das regiões metropolitanas de Belém (PA), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Distrito Federal, com 20 anos ou mais de idade. O levantamento foi feito a pedido da Pfizer.
Nunca houve tantas sobreviventes ao câncer de mama. Quando a doença é descoberta no início, o índice de sobrevivência passa dos 95%, e mesmo mulheres em estágios mais avançados da doença já são beneficiadas por novos tratamentos que surgiram nos últimos anos, como os inibidores de ciclina, que dão qualidade de vida no tratamento do câncer de mama.
Mas mesmo com tantas boas notícias, ainda há muita desinformação sobre a doença, o tipo de tumor que mais acomete mulheres (30%). E a falta de informação pode ser fatal. Afinal, estatísticas são apenas números e não contam as histórias das mulheres que adoecem. São mães, filhas, irmãs e amigas de todos nós.
Por esse motivo, selecionei aqui algumas das perguntas feitas na pesquisa Câncer de Mama no Brasil: Desafios e Direitos para esclarecer algumas dessas dúvidas. Durante a divulgação da pesquisa, a médica oncologista Solange Sanches, líder do time de câncer de mama do A.C. Camargo Câncer Center, explicou alguns dos tópicos citados na pesquisa que podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre a doença. Que tal passar essas informações para frente?
Com que idade é preciso fazer a primeira mamografia?
A mamografia é um exame que precisa ser feito a partir dos 40 anos para todas as mulheres. No entanto, no sistema público de saúde (SUS) a recomendação é que seja feita a partir dos 50 anos, a despeito das novas diretrizes sobre a doença. Isso porque há mais mulheres jovens sendo acometidas pelo câncer de mama, e nessas mulheres a doença costuma ser mais agressiva.
No entanto, na pesquisa do Ipec, 40% das mulheres disseram acreditar que a mamografia é necessária apenas quando outros exames indicam alterações na mama. E outras 48% acreditam que, se os exames não indicarem nenhuma alteração, a mulher fica liberada apenas para fazer o autoexame em casa.
O autoexame é suficiente para o diagnóstico de câncer de mama?
A médica Solange Sanches explica que, embora o autoexame seja importante para o autoconhecimento da mulher, ele não substitui a necessidade da mamografia, que deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos. No entanto, 63% das mulheres acredita que o autoexame é a principal maneira de prevenir o câncer de mama. “A mamografia pode detectar tumores menores que 1 cm, enquanto aqueles muito pequenos podem não ser perceptíveis ao toque”, explica a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.
Não tenho casos de câncer na família. Preciso fazer mamografia?
Sim. Apenas de 5% a 10% dos casos de câncer têm componente genético. O câncer é uma doença multifatorial, e por essa razão, todas as mulheres acima dos 40 anos precisam fazer mamografia preventiva anualmente. Ainda assim, 71% acreditam que a principal causa do câncer é a herança genética e 26% das entrevistadas acreditam que não precisam fazer o exame se não têm histórico de câncer familiar. Ultrassom e ressonância podem ser pedidos como exames complementares, sem excluir a mamografia.
Se você tenha casos de câncer na família, é importante falar com seu médico. Em alguns casos, ele pode pedir a mamografia até antes dessa idade – eu fiz a minha primeira mamografia aos 35 anos. No entanto, a mamografia pode não ser eficiente em mulheres muito jovens. Nesses casos, os médicos costumam pedir apenas a ressonância e o ultrassom das mamas para fazer o rastreamento.
É possível prevenir o câncer de mama?
Não existe uma fórmula que garanta que você não terá câncer de mama. No entanto, diversas pesquisas apontam que alguns hábitos podem aumentar ou diminuir os riscos, segundo explica Solange Sanches. Obesidade está entre os principais fatores de risco, já que a gordura provoca um processo de inflamação crônica e aumento nos níveis de determinados hormônios, o que aumenta as chances de aumentar a doença. Mas 58% das mulheres entrevistadas na pesquisa não sabem disso.
Já cuidar da alimentação, com menos alimentos ultraprocessados e maior ingestão de frutas e verduras, e evitar a ingestão de álcool contribuem para diminuir os riscos, assim como a prática regular de exercícios físicos. No entanto, 70% das mulheres entrevistadas não apontaram a ligação entre o consumo de álcool e o aumento de riscos de câncer.
Matéria – Estadão, Por Adriana Moreira