A procura pela razão dos transtornos de personalidade tem sido uma temática de desperta bastante interesse em diversas áreas, entre elas a neurociência. Descobrir a razão porque reagimos de determinadas maneiras assim como a resposta que o nosso cérebro desencadeia quando confrontado com diferentes situações é uma das prioridades.
O neurocientista, PhD e biólogo Dr. Fabiano de Abreu Agrela tem demonstrado interesse sobre estas questões que acha pertinentes para nos desvendarmos enquanto seres humanos e devido aos problemas comuns em nossa sociedade.
A terminologia “sequestro da amígdala” pretende identificar que temos uma estrutura antiga no nosso cérebro, a amígdala, sendo que esta é projetada para responder rapidamente a uma ameaça.
Como nos explica o neurocientista, “mesmo que o objetivo primário seja proteger-nos do perigo e das ameaças, ela pode intrometer-se nas nossas ações no mundo moderno, onde as ameaças geralmente são mais sutis por natureza. Quando vê, ouve, toca ou saboreia algo, essa informação sensorial vai primeiramente para o tálamo, que atua como estação de retransmissão do cérebro. Seguidamente, este retransmite essa informação para o neocórtex (o “cérebro pensante”). Já no neocórtex as informações são enviadas para a amígdala (o “cérebro emocional”) que produz a resposta emocional que considera apropriada.”.
Mas o processo não é tão simples e primário como se apresenta em primeira mão. Há outros fatores a ter em conta na diversidade de situações a que somos expostos diariamente.
No seguimento da explicação, Abreu alerta que, por exemplo, “quando enfrentamos uma situação que é interpretada como uma ameaça, o tálamo envia informações sensoriais tanto para a amígdala quanto para o neocórtex. Se a amígdala sentir o perigo, esta toma uma decisão muito rapidamente, em frações de segundo, para iniciar a resposta de luta ou fuga antes que o neocórtex tenha tempo de anulá-la.”.
Como podemos apreender das explicações acima referidas, esta catadupa de eventos acaba por desencadear a libertação de hormônios relacionados com o estresse (stress), incluindo os hormônios epinefrina (também conhecido como adrenalina) e cortisol. Esses hormônios dispõem o corpo para reagir ou fugir, aumentando a frequência cardíaca, elevando a pressão arterial e ampliando os níveis de energia, entre outras coisas.
O neurocientista refere ainda que “embora muitas das ameaças que enfrentamos hoje sejam simbólicas, evolutivamente, os nossos cérebros progrediram para lidar com ameaças físicas que colocavam em causa a nossa sobrevivência que impunham uma resposta rápida. Como resultado, o nosso corpo ainda responde com mudanças biológicas que nos preparam para lutar ou fugir, mesmo que não haja uma ameaça física real que tenhamos de enfrentar.”
Sobre
Dr. Fabiano de Abreu Agrela é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat – La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México.