Dispositivo que coleta material por meio de saliva é nova opção para exames mais acessíveis e menos invasivos
O mercado farmacêutico está em constante evolução, buscando opções que contribuam para o bem-estar da população, como novas maneiras de descobrir diagnósticos, melhorar procedimentos ou alcançar a cura de doenças. Com base nisso, algumas pesquisas na área de instrumentação analítica e análises clínicas apontaram novas maneiras de coleta além do tradicional exame de sangue: a coleta por saliva.
A obtenção de material por meio da saliva é uma opção menos invasiva. Até o próprio paciente pode coletar sua amostra, sem a necessidade da ida ao laboratório, o que causa menos estresse ou algum tipo de trauma ao indivíduo. O dispositivo utilizado para a coleta desse fluído oral é constituído por um tubo de plástico em formato de cone, com uma base inserida nesse tubo e um algodão. No laboratório, sua manipulação consiste basicamente em uma centrifugação, agilizando os procedimentos pré-analíticos. Existe, na literatura farmacêutica, estudos sobre o dispositivo desde 1989.
Segundo Marcelo Filonzi, pós-doutor em toxicologia pela Universidade de São Paulo, a saliva, obtida por meio deste dispositivo, é uma excelente matriz biológica e pode ser utilizada nos procedimentos para identificação e quantificação de cortisol, di-hidrotestosterona (DHT), dehidroepiandrosterona (DHEA), androstenediona, progesterona, testosterona, estrona, estradiol, estriol, insulina, anticorpo IgA, estudos com DNA incluindo avaliações de SNP (single nucleotide polymorphism – polimorfismo de nucleotídeo único) e toxicologia analítica (dosagens de álcool e outras drogas de abuso, fármacos). “Há estudos para utilizar o fluido oral e obter biomarcadores de doenças cardíacas, renais, autoimunes, infecciosas e diabetes”, exemplifica Filonzi.
Aqui no Brasil, a responsável pela fabricação deste dispositivo é a Sarstedt, que o nomeou de Salivette®. De acordo com a empresa, o uso do produto vem aumentando a cada ano. “Não há a necessidade de ‘perfurar’ o corpo do paciente para coletar a amostra. Inclusive, o próprio paciente pode realizar a coleta, desde que receba as orientações sobre o uso do Salivette®”, reforça o gerente de produtos da linha Life Science da Sarstedt, Flávio Capelossa. A companhia explica também que seus principais clientes são Institutos de Pesquisa e Laboratórios Clínicos.
Filonzi destaca que alguns laboratórios já estão substituindo o tradicional exame de sangue pela saliva, pensando na praticidade e conforto dos pacientes. “Há exames que devem ser colhidos em momentos diferentes em um mesmo dia. Utilizando-se o fluído oral, o paciente pode retirar os dispositivos de coleta no laboratório, colher na casa dele e entregar no dia seguinte ou solicitar ao laboratório, caso esse tenha o serviço disponível, a retirada domiciliar dos materiais. É comum encontrarmos pessoas com muito medo e traumas de agulhas, idas ao hospital ou laboratório. A opção de coleta salivar minimiza esses desconfortos”, complementa.
A Sarstedt possui duas opções de dispositivo para coleta: o Salivette® e o cortisol Salivette®; o segundo é muito usado para coleta de saliva em áreas sensíveis do diagnóstico, em que as quantidades de saliva e/ou o nível de cortisol são mínimos para um resultado confiável. “O cortisol Salivette® foi desenvolvido para uma elevada recuperação do líquido e da concentração de cortisol. Ele é especialmente indicado para analitos, que oscilam ao ritmo das horas. Mesmo com pequenas quantidades de saliva e concentrações muito baixas de analito, o Salivette® permite resultados confiáveis e exatos”, explica o gerente.
O pós-doutor também salienta que para muitos exames diagnósticos, ambas matrizes biológicas apresentam os mesmos resultados. “É importante o laboratório validar o método com o fluído oral e observar se há correlação entre os resultados de sangue e saliva. Dependendo do caso e da situação, um pode ser mais eficaz do que o outro”, conclui.
O uso do Salivette® já existe em alguns centros de diagnóstico, e a tendência é um aumento rápido de outras quantificações devido à confiabilidade dessa matriz biológica. Outro ponto positivo é que os exames laboratoriais poderão ser mais acessíveis e que ocorrerá, consequentemente, uma redução dos custos de todo processo, desde a coleta até a liberação dos resultados.
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