Mamografia no SUS: uma nova recomendação!

por Dra. Aline Morião

Em 2025, o Ministério da Saúde anunciou uma atualização importante nas diretrizes de rastreamento mamográfico do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de agora, mulheres entre 40 e 49 anos passam a ter acesso garantido à mamografia, mesmo na ausência de sinais ou sintomas de câncer de mama.

Antes, o rastreamento era indicado apenas para mulheres de 50 a 69 anos. A nova regra amplia o acesso, permitindo que mulheres a partir dos 40 anos façam o exame sob demanda, conforme a solicitação do profissional de saúde. O objetivo é favorecer o diagnóstico precoce, já que aproximadamente 22,6% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem justamente nessa faixa etária.

O relato de Danielle Veiga

“Aos 34 anos, jamais imaginei que, em meio à minha rotina de exames de saúde, precisaria dedicar atenção aos seios. Descobrir um câncer de mama no final de 2020 foi assustador, ainda mais receber o resultado da biópsia em um cenário de escassez de cilindros de oxigênio durante a pandemia por COVID-19 no Amazonas.

 

Como muitas mulheres jovens, eu costumava ir ao ginecologista apenas uma vez por ano. Até o momento do diagnóstico, nunca havia realizado sequer uma ultrassonografia das mamas. Minhas primas, irmãs e amigas também não.

 

Após o diagnóstico, enfrentei quimioterapia adjuvante, radioterapia e onze cirurgias, incluindo quadrantectomia e mastectomia bilateral radical, além de outras intervenções em virtude da mutação genética BRCA.

 

Hoje, mais de quatro anos depois, procuro retribuir compartilhando com familiares, amigos e com a sociedade a importância da prevenção. Para as mulheres, que agora têm acesso garantido à mamografia a partir dos 40 anos pelo SUS, trata-se de uma verdadeira oportunidade.

 

Sou profundamente grata por ter recebido um diagnóstico rápido, que me deu tempo e muitas oportunidades. Acredito que a ampliação da faixa etária da mamografia trará, a longo prazo, uma transformação real nas estatísticas.”

Diagnóstico precoce salva vidas!

Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama tende a exigir tratamentos menos invasivos e proporcionar maior sobrevida e qualidade de vida às pacientes.

A mamografia continua sendo o método padrão-ouro de rastreamento, capaz de identificar microcalcificações e nódulos milimétricos, antes de se tornarem palpáveis. A ultrassonografia mamária atua como exame complementar, especialmente útil em mulheres com mamas densas ou que apresentaram algum achado na mamografia que mereça investigação adicional.

Integração entre radiologia e patologia

O diagnóstico definitivo depende da integração entre as diferentes áreas da medicina diagnóstica. Um achado radiológico suspeito precisa ser correlacionado com estudo histopatológico. A patologia analisa o material coletado, determinando o tipo e o grau do tumor. A imunohistoquímica complementa a investigação, com marcadores hormonais e moleculares.

Estes marcadores são fundamentais para definir o tratamento mais adequado, em outras palavras, eles dão o “sobrenome” do câncer e orientam a conduta terapêutica específica.

Rastreamento com decisão compartilhada

Caminhamos para um modelo que valoriza o diálogo entre a mulher e a equipe de saúde, considerando os riscos individuais, como o histórico familiar e mutações genéticas. A decisão compartilhada representa um avanço na humanização e reforça o cuidado centrado no paciente.

É importante salientar que, independentemente da faixa etária, qualquer sinal de alerta deve motivar a busca imediata por atendimento médico, como:

  • Nódulo palpável nas mamas ou axilas;
  • Alterações na pele, como vermelhidão ou aspecto de “casca de laranja”;
  • Saída de secreção espontânea pelo mamilo.

A atenção aos sinais do próprio corpo é o primeiro passo para a detecção precoce. Converse com sua equipe de saúde e mantenha seus exames em dia.

A mamografia salva vidas e a informação também.

Dra. Aline Morião - Médica radiologista, mestre pela UFAM, especialista em saúde da mulher

Dra. Aline Morião

Médica radiologista, formada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e mestre pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com foco em saúde da mulher, especialmente em ressonância magnética das mamas e da pelve.

É membro da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e Major da Força Aérea Brasileira.

Autora do e-book Guia de Comunicação para Radiologia Baseada em Valor, é palestrante e consultora, com atuação voltada à qualidade, segurança do paciente e humanização no diagnóstico por imagem.