A Doença Inflamatória Intestinal (DII), que abrange patologias como a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa, tem se mostrado um desafio para a qualidade de vida dos pacientes. Um diagnóstico precoce e um tratamento preciso são essenciais para melhorar a rotina daqueles que vivem com a condição. Mas se a DII não for tratada adequadamente, o impacto pode ser significativamente negativo.
Em 2022, a revista The Lancet Regional Health Americas publicou um estudo revelando um aumento de 233% no número de pessoas diagnosticadas com doenças inflamatórias intestinais (DII) no Brasil ao longo de oito anos. No ano de 2012, havia 30 casos por 100 mil habitantes, enquanto em 2020 esse número subiu para 100,1 casos por 100 mil pessoas.
De acordo com o médico Alexandre Carlos, gastroenterologista especializado em questões relacionadas ao sistema digestivo, além da constância dos casos diagnosticados diariamente e do desafio de lidar com os resultados, os pacientes com DIIs também enfrentam sintomas debilitantes:
“Dor abdominal, diarreia crônica e fadiga intensa, são alguns dos sintomas que interferem diretamente nas atividades diárias e no desempenho profissional. Além dos sintomas físicos, a doença também pode levar a problemas psicológicos, incluindo ansiedade e depressão, devido à imprevisibilidade dos surtos e à necessidade constante de tratamento”, aponta Alexandre.
O médico explica que a adesão a uma dieta equilibrada e à medicações contínuas é essencial para o controle da DII, mas nem sempre é suficiente para garantir a remissão completa dos sintomas. A falta de um controle efetivo da doença pode resultar em frequentes hospitalizações e até mesmo na necessidade de cirurgias, aumentando o estresse e a carga financeira para os pacientes e suas famílias.
Priscila Crepaldi, de 37 anos, Técnica em Enfermagem, foi diagnosticada com Retocolite Ulcerativa grave há seis anos e está sendo tratada pelo Dr. Alexandre Carlos. A doença foi descoberta logo após sua gravidez, e o impacto da condição em sua vida gerou mudanças significativas:
“Meus sintomas iniciais foram diarreia e sangramento. A descoberta do diagnóstico foi muito confusa, e passei por vários médicos até descobrir realmente o que tinha. Meu maior desafio hoje é conseguir minha remissão, mas estou quase lá”, disse a técnica em enfermagem, que complementa explicando o impacto da doença em sua vida:
“Tive que fazer muitas mudanças depois do diagnóstico, como me alimentar o mais saudável possível, e levar uma vida tranquila. Fico um pouco triste porque às vezes não consigo ter vida social quando estou em crise. Passei por várias internações, fiquei abalada emocionalmente, e faço uso de ansiolítico. Mas hoje posso dizer que estou bem melhor”, finaliza a paciente.
A necessidade de ajustes frequentes no estilo de vida e a possibilidade de episódios de urgência para ir ao banheiro podem limitar as interações sociais e as atividades de lazer, contribuindo para o isolamento social e a diminuição da qualidade de vida.
“Apesar dos desafios, avanços na pesquisa e no tratamento da DII têm oferecido esperança aos pacientes. Terapias biológicas e novos medicamentos estão em desenvolvimento e têm mostrado resultados promissores na redução dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, completa o médico.
Alexandre explica também que é fundamental que os pacientes com DII recebam um suporte abrangente, que inclua não apenas o tratamento médico, mas também apoio psicológico e orientação nutricional. Por isso, a conscientização sobre a doença e a criação de redes de apoio são essenciais para ajudar os pacientes a lidar com os desafios diários impostos pela DII.
Sobre o Dr. Alexandre Carlos
O Dr. Alexandre Carlos é um médico gastroenterologista especializado em questões relacionadas ao sistema digestivo. Atualmente, atua como médico coordenador do Centro Diagnóstico em Gastroenterologia do Hospital das Clínicas- FMUSP, mantendo um papel de destaque na pesquisa, ensino e assistência na área gastroenterológica. Alexandre também faz parte do corpo clínico de renomados centros de excelência no Brasil, como o Hospital Sírio Libanês, Hospital Albert Einstein, Hospital São Camilo Pompéia e Hospital da Beneficência Portuguesa de SP.