As recentes enchentes no Sul do país criaram vários problemas. Entre as questões de saúde, uma das mais graves é a interrupção dos tratamentos com medicamentos de uso contínuo para o controle de doenças crônicas. Pacientes com diabetes, problemas cardíacos, hipertensão, HIV e outras condições crônicas dependem de uma administração rigorosa de seus medicamentos para evitar complicações sérias.
A médica infectologista Dra. Marli Sassaki, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo, orienta que nos casos de suspensão da terapia antirretroviral para tratamento do HIV o tratamento deve ser retomado o mais breve possível para controlar a carga viral, preservar a função imunológica, prevenir a progressão da doença e a transmissão do vírus. Ela complementa que, em caso de sintomas, o profissional médico deve ser procurado para avaliação e tratamento.
No caso de tratamentos psiquiátricos, há o risco de recaídas severas nas pessoas com doenças mentais, além de mal-estar e sintomas de abstinência da medicação. Já os pacientes com hipertensão e problemas cardíacos podem enfrentar crises hipertensivas, infartos e acidentes vasculares cerebral (AVCs) que podem ser fatais. “Pessoas com doenças coronarianas que já infartaram e fizeram angioplastia correm perigo se pararem o medicamento que evita a formação de coágulo dentro das coronárias. Assim, haverá o entupimento do Stent, levando a um novo infarto agudo do miocárdio, causando sério risco de morte”, alerta o Dr. Ney Valente, cardiologista do Hospital do Servidor.
De acordo com Evandro Souza Portes, endocrinologista do HSPE, pessoas diabéticas que são dependentes de insulina e os que têm insuficiência adrenal primária e secundária e fazem uso de glicocorticoide correm o risco de entrar em coma em poucos dias com a descontinuidade do tratamento. “A medicação garante a sobrevivência desses pacientes”, afirma.
Os médicos são unânimes em orientar que os pacientes que interromperam seus tratamentos entrem em contato, caso seja possível, com o médico que faz o acompanhamento do seu quadro ou que procurem um serviço de saúde o mais rápido possível para obter novas receitas e, assim, retomar as medicações que já fazem uso. Nos municípios do Rio Grande do Sul há médicos visitando os abrigos e é possível relatar essa questão para que eles auxiliem na resolução e também no tratamento de sintomas.
Em resposta à crise, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução excepcional e temporária que flexibiliza o receituário para medicamentos de uso controlado em municípios do Rio Grande do Sul. Também foi publicada uma nota técnica pelo Ministério da Saúde flexibilizando a retirada de antivirais para PreP, Hepatites e HIV.
Sobre o Iamspe
O Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) é o sistema de saúde do servidor público estadual. Com uma rede de assistência própria e credenciada presente em mais de 160 municípios, o Iamspe oferece atendimento a 1,3 milhão de pessoas, entre funcionários públicos estaduais e seus dependentes.
São mais de duas mil opções de atendimento no Estado, incluindo hospitais, clínicas de fisioterapia, médicos e laboratórios de análises clínicas e de imagem, além de postos de atendimentos próprios no interior, os Ceamas, e o Hospital do Servidor Público Estadual, na Capital. O Iamspe é um órgão do Governo do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Gestão e Governo Digital.