Inteligência Artificial no Diagnóstico Clínico

CBDL - Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial

Nos dias atuais, a Inteligência Artificial, mais comumente chamada IA, já é uma realidade e está mudando a nossa forma de ver o mundo. Deixou de ser um conceito e se tornou realidade.

Já utilizada em muitos segmentos da economia mundial, seu uso no segmento da saúde, marcado sempre por frequentes inovações, tem colaborado para agilizar processos, reduzir erros e ampliar o acesso a uma das áreas de grande relevância na saúde, o diagnóstico clínico. E só quem vive o dia a dia dos laboratórios sabe o quanto o uso da Inteligência Artificial melhorou a eficiência desses estabelecimentos.

A Inteligência Artificial não veio para substituir o profissional da saúde, ela veio para liberar tempo, trazer precisão e reforçar o que há de mais humano no diagnóstico: o cuidado. E, no final, cada minuto ganho, cada erro evitado, cada laudo entregue mais rápido, tudo isso é sobre vidas.

No Brasil, essa tecnologia tem um papel ainda mais importante: ela pode transformar o cuidado em saúde com base em dados e propósito humano, visto que o País tem um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Sete em cada dez brasileiros dependem do SUS. E o maior desafio do sistema hoje é a fragmentação de informações. Relatórios recentes da OCDE reforçam que o investimento em saúde, especialmente na atenção básica e no diagnóstico, é um dos pilares mais eficientes para reduzir desigualdades e sustentar o uso estratégico da inteligência artificial no sistema público.

Hoje, um paciente é atendido em um local, faz exames em outro, e não há um intercâmbio de informações, nem mesmo quando os dois locais fazem parte do sistema público. Imagine então integrar o sistema público ao privado! A ferramenta está aí, mas parece que ninguém enxerga o todo.

Para conectar essas pontas, a solução é o Prontuário Eletrônico, porque a Inteligência Artificial precisa dessa base. Sem dados, a Inteligência Artificial não aprende. E, sem a integração de dados, ela não transforma.

Mas, a boa notícia é que essa transformação já está em curso. Já existem hospitais públicos brasileiros com processos digitalizados, eliminado o papel e por consequência, ganhando velocidade e qualidade em seus atendimentos. É o caso do Hospital Geral do Grajaú (SP), que se tornou o primeiro hospital público estadual 100% digital; do HCor, que usa inteligência artificial para interpretar eletrocardiogramas e emitir laudos em até dez minutos para unidades do SUS; da Santa Casa de Belo Horizonte, que aplica IA para auditar prescrições e gerar economia de mais de R$ 1,3 milhão por ano; e em Goiás, onde a tecnologia apoia a gestão de leitos e a redução da mortalidade infantil

E tudo isso ocorre dentro do sistema público, provando que tecnologia não é incompatível com afeto. Elas podem coexistir.

Essa tendência vem sendo apontada em pesquisas divulgadas em publicações renomadas como a Nature, por exemplo. Estudos recentes mostram que a Inteligência Artificial pode aumentar a precisão diagnóstica em até 30% em determinadas condições.

Já o Lancet alerta que, sem políticas de acesso e equidade, a inovação pode ampliar desigualdades – reforçando que o desafio da tecnologia não é substituir o humano, mas potencializá-lo.

E no Brasil, um SUS conectado, inteligente e humano está sendo construído agora, com dados e ciência. Porque a verdadeira revolução na saúde não será feita apenas por máquinas, mas por pessoas que acreditam no poder da tecnologia a serviço da vida.

Autor: Cesar Masini – Head Comercial da Wiener lab., empresa associada à CBDL