É a primeira vez que o Brasil lidera e coordena uma pesquisa internacional de grande porte destinada a pacientes com infarto agudo do miocárdio
O Instituto de Pesquisa HCor (IP HCor) lidera e coordena o maior estudo internacional na cardiologia brasileira. Com o objetivo de testar e avaliar a eficácia e segurança de um antiplaquetário, o Ticagrelor, que previne o entupimento coronariano, em comparação ao Clopidogrel, para pacientes com infarto agudo do miocárdio tratados com trombolíticos (medicamento para melhorar o fluxo sanguíneo em um infarto). A nova medicação começou a ser testada nos primeiros pacientes em novembro de 2015, e a entrada de pacientes no estudo foi finalizada em novembro de 2017, com 3.800 pacientes.
Denominado TREAT, este estudo é muito importante, pois o Brasil, por meio do IP HCor, coordenou 170 centros de pesquisa em 10 diferentes países como: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Nova Zelândia, Peru, Rússia e Ucrânia. Só no Brasil, são 32 hospitais que participaram deste projeto.
O estudo TREAT avaliou pacientes com infarto agudo do miocárdio com supra de ST: tipo de infarto mais grave onde ocorre entupimento total de artéria coronária por um coágulo. Estes pacientes necessitam de tratamento urgente para reabrir a artéria coronária, que pode ser feito com trombolítico, uma medicação que dissolve o coágulo, ou com angioplastia (cirurgia realizada com o intuito de desobstruir uma artéria do paciente). Segundo o diretor do IP-HCor, Dr. Alexandre Biasi, para que as artérias coronárias não voltem a ocluir, os pacientes utilizam medicamentos que inibem a atividade das plaquetas (antiplaquetários), como aspirina e clopidogrel, iniciados imediatamente após o infarto e continuados por pelo menos um ano.
“Com a nova medicação Ticagrelor, os pacientes tratados por meio da angioplastia, apresentaram resultados superiores aos pacientes que recebiam o medicamento clopidogrel, em prevenir o risco de complicações decorrentes do infarto”, explica Dr. Biasi.
O estudo TREAT: neste estudo, o medicamento Ticagrelor mostrou resultados tão seguros e eficazes quanto o clopidogrel, em termos de efeitos adversos. “Este é o projeto mais importante feito pelo HCor em pesquisa clínica brasileira, visto que estamos liderando outros países. No final do estudo, comprovamos que o Ticagrelor pode ser usado para tratar pacientes com infarto por ser eficaz e seguro. Por isto, as diretrizes para o manejo do infarto podem ser modificadas”, esclarece Dr. Biasi.
Resumidamente os principais resultados do estudo foram: Idade média dos pacientes do estudo foi de 58 anos, 77,1% dos pacientes eram homens, e 573% eram brancos. Até o 30º dia de seguimento ocorreu sangramento severo em 14 de 1913 pacientes (0,73%) recebendo ticagrelor e em 13 de 1886 pacientes (0,69%) recebendo clopidogrel o que demonstrou que o uso de Ticagrelor é tão seguro quanto o de Clopidogrel para esta população. O composto da morte de causas vasculares, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral ocorreram em 76 pacientes (4,0%) tratados com ticagrelor e em 82 pacientes (4,3%) recebendo clopidogrel.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o infarto agudo do miocárdio (IAM), representa a principal causa de mortalidade e incapacidade no mundo. É uma das questões de saúde pública mais relevantes da atualidade. Portanto há necessidade contínua de intervenções com benefícios comprovados na redução da incidência de eventos cardiovasculares importantes.
O estudo foi apresentado na sessão de Late Breaking Trials, do American College of Cardiology, entre os dias 10 e 12 de março, em Orlando. E o estudo foi publicado em periódico internacional de alto impacto, no dia 11 de março.