Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou suas diretrizes sobre o consumo de gorduras e carboidratos como parte de uma dieta saudável. A entidade justificou as mudanças com base nas últimas evidências científicas. O objetivo é ajudar a reduzir o risco de ganho de peso e de doenças associadas à obesidade, como diabete tipo 2 e problemas cardiovasculares.
O novo documento destaca a importância de levar em conta tanto a quantidade quanto a qualidade do que é consumido. Mas até que ponta estas diretrizes impactam, diretamente, na alimentação da população?
A nutricionista Renata Brasil, que é mestranda em bioquímica na UFMG e especialista em nutrição esportiva e fisiologia hormonal, explica que as diretrizes ajudam profissionais e pacientes a criarem dietas mais saudáveis e adequadas a fim de evitar, especialmente, doenças ligadas à má alimentação.
“Na prática, as novas diretrizes lançada pelo pela Organização Mundial de Saúde, preconizam um novo consumo de gorduras, açúcares e carboidratos, em diferentes quantidades para crianças, adolescentes e adultos. Esses novos números funcionam como uma diretriz para uma dieta saudável, com objetivo de reduzir doenças relacionadas com a dieta, principalmente a diabete tipo 2, câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças que podem ser adquiridas através de uma má alimentação”.
Renata Brasil destaca, ainda, que as mudanças têm mais a ver com a saúde da população do que com o ganho ou perda de peso, algo que está relacionado ao estilo de vida e não a tipos de alimento isolados.
“Quando a gente fala de ganho de peso, a gente não pode levar em consideração algum tipo de alimento isolado. O ganho de peso é relacionado a tudo: estilo de vida, sedentarismo e ingestão calórica acima do recomendado. O Brasil tem se tornado um grande campeão em doenças adquiridas por sobrepeso e maus hábitos alimentares. A OMS divulgou novos hábitos que o brasileiro precisa adquirir e que, muitas vezes, vão parecer difíceis, mas o importante é começar aos poucos. Cada pequena mudança já vai trazer uma grande diferença no estilo de vida e na saúde de cada um”.
Fibras e carboidratos
Segundo a nova diretriz da OMS, adultos devem consumir pelo menos 400 gramas de frutas e vegetais e 25 gramas de fibras diariamente. O documento da OMS também traz indicações específicas para as necessidades de crianças e adolescentes, divididos por faixa etária. A principal recomendação da entidade, contudo, é substituir produtos industrializados por alimentos naturais e ricos em fibras.
“Uma alimentação de qualidade é aquela equilibrada, onde a gente encontra carboidratos de qualidade, que são carboidratos ricos em fibras, além de proteínas vegetais, que são as proteínas dos vegetais verdes escuros e das leguminosas, como feijão, grão-de-bico, lentilha, ricos em proteínas que não contenham muita gordura”, afirma a nutricionista Renata Brasil.
A profissional da saúde ressalta, ainda, que as diretrizes da OMS recomendam a ingestão de duas a três frutas por dia, além de evitar a adição excessiva de sal e açúcar nos alimentos.
Açúcar
Já o açúcar de adição, que inclui aquele presente no mel, nos sucos, bebidas, bolos e sobremesas, não deve passar de 10% do total de energia consumida, conforme as novas diretrizes. Para uma dieta de 2.000 calorias, isso significa no máximo 50 gramas (cerca de 5 a 10 colheres de chá).
“Sobre o açúcar, os novos números dizem que a quantidade ideal de consumo deve ser entre 5 a 10 colheres de chá por dia, como valor máximo a ser usado. Lembrando que a OMS enfatiza que a principal fonte de açúcar deve vir de frutas e carboidratos, considerados carboidratos saudáveis, aqueles alimentos que a gente encontra na natureza e não nas prateleiras. O alimento deve ser o menos industrializado possível. Esses alimentos com muito açúcar a gente pode deixar para consumir, em média, uma a duas vezes na semana.”, explica Renata Brasil.
A nutricionista destaca que não é preciso cortar, completamente, o açúcar da dieta, mas que quanto mais conseguiu evitar o açúcar simples e industrializado, mas saudável a dieta fica. Ela sugere, inclusive, tentar adoçar a comida de maneira natural, usando mel ou água de cocô para adoçar sucos, ou misturando frutas, que já possuem um açúcar natural, a frutose.
Gorduras
Considerando uma dieta de 2.000 calorias, o consumo de gorduras totais não deveria passar de 600 calorias (30% do total) – o que representa 66 gramas. As gorduras saturadas deveriam somar no máximo 10% dessa quantidade, ou cerca de 6,6 gramas. As do tipo trans não poderiam passar de 2 gramas. Daí a importância de limitar o consumo de alimentos de origem animal e evitar o excesso de industrializados e ultraprocessados. É o que comenta a nutricionista Renata Brasil:
“Agora, com essa nova diretriz, a OMS preconiza o consumo de pelo menos 400 g de frutas e vegetais, e 25 g de fibras. Esse valor foi aumentado e direcionado de forma que as pessoas possam realmente aumentar o consumo de fibras, frutas, verduras e legumes, o principal objetivo dessas novas diretrizes, para que assim a gente tenha uma redução na ocorrência dessas doenças ocasionadas através de maus hábitos alimentares”.
As dicas da nutricionista para consumir gordura sem prejudicar a saúde ou ter ganho de peso e ingerir as “gorduras boas”, que podem ser encontradas no azeite, castanhas, sementes, nozes e castanha do Pará, por exemplo.
Matéria – Itatiaia, Por Mariana Cavalcanti.