Por Rodrigo Macedo*
No final do ano passado, a ANVISA aprovou uma resolução que autoriza farmácias e drogarias a realizar a atividade de vacinação. Fato muito positivo, pois a despeito das controversas, a norma – que já havia sido regulamentada em alguns estados, como São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Brasília – tem como proposta aumentar o número de pessoas imunizadas no país. Porém, especialmente em períodos de campanha e alta demanda, é preciso ter clara a ideia de que vacinar requer responsabilidade e, mais do que aplicar, é preciso zelar pela eficiência da conservação de vacinas.
A ONU estima que 50% do total de vacinas produzidas em todo mundo são perdidas anualmente. Tivemos um caso marcante ano passado em Maricá, no Rio de Janeiro, onde 12 mil doses foram perdidas por conta de mau armazenamento. Uma série de cuidados são necessários, tanto para atender às exigências de conservação de vacinas impostas pela Anvisa, quanto para evitar desperdícios e prejuízos para as farmácias.
Embora geladeiras tradicionais ainda sejam utilizadas, o controle térmico desses equipamentos não é preciso e nem ideal. Este insumo requer uma temperatura na faixa 2ºC a 8ºC. A própria Anvisa já esclareceu a importância de se utilizar as câmaras de conservação, que possuem diversos sensores para monitoramento da temperatura, e representam um considerável avanço de estabilização térmica das vacinas.
Além disso, os equipamentos mais modernas do mercado possuem painéis eletrônicos, que de forma simples e intuitiva para o usuário, permitem executar diversas funcionalidades capazes de aprimorar e facilitar as atividades de monitoramento e programação de alertas.
Em caso de falta de energia ou outro evento adverso, por exemplo, um sistema especial de baterias permite seu funcionamento contínuo por até 48 horas enquanto a tecnologia das câmaras conectadas envia um alerta caso o sistema note alguma variação de temperatura, prevenindo perdas do material armazenado.
Estamos falando de um insumo extremamente delicado. A conservação de vacinas requer, portanto, condições adequadas e específicas, com faixas de temperatura controladas com rigor, ou corre-se o risco de inutilização. Mais do que isso, vacinas e até mesmo medicamentos, podem perder sua eficácia ou tornarem-se nocivos à saúde quando aplicados fora destas condições. Sem falar que estamos nos referindo a insumos caros: cada vez que uma ampola ou frasco é descartado por falhas no armazenamento, o impacto também é financeiro.
Desta forma a conservação de vacinas é algo muito necessário não só para a saúde de quem irá consumi-la, mas também para as próprias farmácias que as fornecem.
*Rodrigo Macedo é biomédico e supervisor comercial da Fanem.