A avaliação física nem sempre é suficiente para que o fisioterapeuta consiga identificar com clareza uma lesão. Informações adicionais fornecidas por exames de imagem facilitam o diagnóstico e o tratamento, auxiliando na escolha da intervenção mais adequada para cada caso. Por isso, os profissionais estão autorizados a solicitar os recursos de imaginologia.
O pedido já é contemplado em diversas resoluções do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). A primeira delas data de 1987, em que o artigo 3º esclarece a importância dos exames complementares na atuação do profissional:
Artigo 3º – O fisioterapeuta é profissional competente para buscar todas as informações que julgar necessárias no acompanhamento evolutivo do tratamento do paciente sob sua responsabilidade, recorrendo a outros profissionais da Equipe de Saúde, através de solicitação de laudos técnicos especializados, como resultados dos exames complementares, a eles inerentes.
Entretanto, nem todos os profissionais envolvidos na cadeia de atendimento estão cientes dessa autorização. Diversos tribunais já avaliaram ações e decidiram a favor da prática. Um dos últimos casos ocorreu em Natal (RN), onde um laboratório recusou uma solicitação de exame assinada por um fisioterapeuta.
O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) entrou com ação para julgamento do caso, e o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) acabou reconhecendo a legitimidade da prática em fevereiro de 2018.
Mais que um direito, solicitar exames de imagem é um dever dos fisioterapeutas. O Código de Ética e Deontologia estabelece que os profissionais devem utilizar todos os conhecimentos técnico-científicos a seu alcance para promover a saúde. Além disso, devem prevenir condições que possam prejudicar a qualidade de vida dos pacientes.
Qualificação profissional para imaginologia
O ensino sobre solicitação, execução e interpretação de exames de imagem é previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia, instituídas em 2002. O Conselho Nacional de Educação define que o estudante deve estar apto a:
VI ? realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e complementares que permitam elaborar um diagnóstico cinético-funcional, para eleger e quantificar as intervenções e condutas fisioterapêuticas apropriadas, objetivando tratar as disfunções no campo da Fisioterapia, em toda sua extensão e complexidade, estabelecendo prognóstico, reavaliando condutas e decidindo pela alta fisioterapêutica.
A educação continuada é critério fundamental na qualificação profissional. Especializações e cursos de pós-graduação em imaginologia são alternativas para o aprofundamento dos conhecimentos sobre o assunto. Portanto, as grades curriculares preveem aulas sobre todas as etapas dos exames, desde a indicação de acordo com a necessidade do paciente. Passam também pelo processamento das imagens digitais e pela interpretação dos resultados.
Exames de imagem utilizados na fisioterapia
Os exames complementares são indispensáveis na rotina de atendimentos dos pacientes. Servem para embasar as decisões clínicas do fisioterapeuta, a partir da verificação do local e da dimensão de cada lesão.
A solicitação deve ser feita apenas após a avaliação do paciente por meio de exames físicos e da formulação de hipóteses de diagnóstico. Assim, a solicitação do uso do recurso de imaginologia será melhor direcionada.
Os fisioterapeutas podem requisitar a realização de ressonância magnética, radiografia, tomografia computadorizada e ultrassonografia. Por meio da interpretação dos resultados, são capazes de apontar o grau de gravidade e confirmar a ocorrência de lesões na articulação do joelho (meniscais, ligamentares e da cartilagem), espondilolistese, Síndrome da Dor Trocantérica, Síndrome do Pescoço de Texto, entre outras.
Em 2018, foram realizados 861,4 milhões de exames complementares, segundo o último Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), divulgado em julho deste ano. Os principais procedimentos realizados por meio de planos de saúde foram, em ordem, radiografia (31,8 milhões), hemoglobina glicada (13,5 milhões), ressonância magnética (7,9 milhões) e tomografia computadorizada (7,4 milhões).
A aplicação da tecnologia na área fisioterapêutica também se dá por meio de novos tratamentos. E recentemente a robótica surgiu como uma inovação tecnológica útil a esse cenário.
Com informações de Blog Secad.