Conexão veio por meio da observação da proteína apolipoproteína E (apoE), que atua no transporte do colesterol para os neurônios
O colesterol não é só um vilão, ele é necessário para o funcionamento do organismo e é um tipo de gordura que faz parte da estrutura de várias células, do cérebro aos músculos e coração. No entanto, precisa ser controlado para não se tornar maléfico e isso exige bons hábitos alimentares.
O Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória que se instala quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começam a dar errado. O que essas duas doenças tem em comum?
O estudo científico Regulation of beta-amyloid production in neurons by astrocyte-derived cholesterol, conduzido por pesquisadores da Scripps Research, na Flórida, EUA, comprovou a correlação entre o colesterol e a produção de uma das proteínas associadas ao Alzheimer, a beta-amiloide (Aβ).
A pesquisa esclarece como a doença está diretamente ligada ao acúmulo anormal dessas proteínas, que atuam como receptoras de sinais químicos no cérebro.
Adriana Thomaz, médica cardiologista do Hermes Pardini, destaca que o artigo é bem específico, uma excelente pesquisa: “A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, representando 60% a 70% de todos os casos (OMS). No Brasil, são cerca de 1,2 milhão de pessoas portadoras de demência, sendo 700 mil a 800 mil com Alzheimer. É uma degeneração primária do Sistema Nervoso Central. É caracterizada pela presença de placas amiloides, emaranhados neurofibrilares, inflamação e perda da função cognitiva”.
Segundo a cardiologista, a sua etiologia é multifatorial (genética, fatores ambientais – atividade física, hábitos alimentares, atividade intelectual, consumo de álcool), e muito se tem estudado sobre o assunto, uma vez que é uma preocupação mundial. “Sabemos da importância do diagnóstico precoce para melhor direcionamento do tratamento, motivo pelo qual inúmeros trabalhos estão sendo feitos na pesquisa sobre biomarcadores.”
Conforme Adriana Thomaz, “este artigo diz respeito a um estudo realizado em cérebros de ratos (embrião Dia 17), onde se mostrou o colesterol do astrócito a chave reguladora do acúmulo neuronal de proteína amiloide. Os dados das culturas de neurônios e astrócitos mostraram que a apoE (Apolipoproteína E) carreia o colesterol para dentro dos neurônios”.
AÇÃO TÓXICA NO CÉREBRO
José Pedro Jorge Filho, cardiologista cooperado da Unimed-BH, diz que “estudos feitos em cérebro de pessoas com Alzheimer mostram que eles têm um acúmulo de proteína anormalmente formada, que é a chamada beta-amiloide, e ela forma pequenos grumos que vão se aglomerando formando placas que prejudicam a transmissão do impulso nervoso dos neurônios, provocando o défict congnitivo”.
“Descobriu-se que o colesterol elevado, quando chega ao cérebro, circula por todo o organismo e pode contribuir para que estas placas se juntem formando placas maiores, prejudicando a transmissão do impulso elétrico através dos neurônios. Então, o colesterol alto, vários estudos têm demonstrado isso, pode piorar o desenvolvimento da doença de Alzheimer favorecendo a formação das placas maiores, chamadas de proteínas beta-amiloide”, explica.
MUDE DE HÁBITOS. DICAS DE COMO EVITAR OU CONTROLAR O COLESTEROL
- Pratique atividade física regularmente
- Evite consumir gordura
- Tenha sempre uma alimentação saudável
- Não fume
- Como moderadamente carnes vermelhas e derivados de leite. Prefira peixes e frango sem pele, eles têm menos gorduras
- Coma à vontade verduras, legumes e frutas frescas
- Prefira os alimentos cozidos, refogados, grelhados ou assados em vez dos fritos
- Tenha moderação na quantidade de creme de leite, chocolates, sorvetes à base de leite, presunto e demais embutidos.
FONTE: ESTADO DE MINAS – por