Pacientes com a doença tiveram quase 16 vezes mais risco de inflamação do músculo do cardíaco em comparação com não infectados, segundo estudo do CDC dos Estados Unidos
Infecções virais são uma causa comum de miocardite, a inflamação do músculo do coração chamado de miocárdio. Pesquisas recentes indicam uma associação entre a Covid-19 e a condição cardíaca que pode levar à hospitalização, insuficiência cardíaca e morte súbita.
Segundo um estudo conduzido por pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), pacientes com a doença tiveram quase 16 vezes mais risco de miocardite em comparação com pessoas que não foram infectadas com o novo coronavírus. A análise considerou o período de janeiro de 2019 a maio de 2021.
Para chegar ao resultado, os pesquisadores utilizaram recursos de um grande banco de dados de mais de 900 hospitais e serviços de saúde dos Estados Unidos. Foram analisadas informações de saúde de mais de 36 milhões de pessoas, das quais 1.452.773 (4%) confirmaram o diagnóstico de Covid-19 entre março de 2020 e janeiro de 2021, e 5.069 (0,01%) receberam um diagnóstico de miocardite entre março de 2020 e fevereiro deste ano.
Os pacientes com miocardite eram ligeiramente mais velhos do que aqueles sem a condição. A inflamação do miocárdio também foi mais comum em homens (59,3% dos casos) do que em mulheres.
Os casos de miocardite em pacientes internados foram 42,3% maiores em 2020 em comparação com o ano anterior. No período de março de 2020 a janeiro de 2021, que coincide com a pandemia de Covid-19, o risco de miocardite foi de 0,146% entre os pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, considerando internados e indivíduos que passaram por atendimento ambulatorial. Já entre as pessoas que não foram infectadas, o índice caiu para 0,009%.
Segundo o estudo, a análise dos pacientes com a Covid-19 no período mostrou que eles tiveram 15,7 vezes o risco de miocardite em comparação com os não infectados. As taxas de risco variaram de acordo com a idade, mostrando um maior risco para os extremos de faixa etária. Os índices foram de 7 vezes para pacientes de 16 a 39 anos para mais de 30 vezes maior entre menores de 16 anos ou mais velhos que 75 anos.
Necessidade de estudos complementares
Os autores destacam que o mecanismo exato da infecção pelo novo coronavírus que pode estar relacionado à miocardite permanece desconhecido. No entanto, ressaltam que a associação entre as duas condições clínicas seja provavelmente semelhante à ação de outros vírus.
Outros dois estudos, conduzidos nos Estados Unidos e em Israel, também mostraram uma associação entre a miocardite e a Covid-19. O estudo nos EUA, com a análise de dados de mais de 70 mil pessoas, revelou que a miocardite apresentou uma taxa de probabilidade de 8,17%, mas um risco geral de 0,1%. Segundo os autores, embora haja uma associação entre a condição e a Covid-19, isso não se traduz necessariamente em um alto risco geral.