A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença comum, prevenível e tratável caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo de ar. É o resultado de alterações alveolares e/ou das vias aéreas geralmente causadas pela exposição significativa a partículas e gases nocivos e influenciada por características individuais, incluindo o desenvolvimento pulmonar anormal. Apesar de prevalente, a DPOC permanece subdiagnosticada.
O diagnóstico deve ser ponderado perante indivíduos com mais de 40 anos com dispneia progressiva e persistente, tosse crônica que pode ser intermitente e não produtiva, produção crônica de expetoração, historial de infeções respiratórias recorrentes e/ou historial de exposição a fatores ambientais nocivos, como o tabaco. A presença de uma destas alterações não faz o diagnóstico mas se existirem vários destes pontos, maior a probabilidade. Muitas vezes os sintomas são subvalorizados e o diagnóstico diferencial com a asma pode ser um desafio.
A avaliação inicial deve contemplar a espirometria onde a presença de um FEV1/FVC abaixo de 0,70 após prova de broncodilatação confirma a limitação do fluxo aéreo persistente, a avaliação dos sintomas através do CPOD Assessment Test (CAT) e a dispneia com a Escala modificada do Medical Research Council (mMRC), e ainda a existência e gravidade de agudizações. Em conjunto, é possível a classificação da gravidade em grupos “ABCD” que serve de guia para o tratamento inicial. Podem ainda ser considerados exames de imagem para excluir outros diagnósticos.
O seguimento regular do doente permite avaliar e gerir as comorbilidades, incentivar a hábitos de vida saudáveis e vacinação, avaliar a resposta à terapêutica e ponderar a referenciação para um programa de reabilitação respiratória, hospitalar ou cuidados paliativos.
A referenciação hospitalar deve ser considerada em doentes com diagnóstico incerto/não estabelecido (após realização de espirometria), início da doença antes dos 40 anos, suspeita de défice de alfa1 antitripsina, formas graves de DPOC (grupos C e D), sintomas desproporcionados para o grau de obstrução, doença rapidamente progressiva, exacerbações graves e recorrentes apesar de tratamento otimizado, necessidade de oxigenoterapia de longa duração e/ou ventilação não invasiva, indicação para programas de reabilitação respiratória quando não disponíveis em ambulatório, suspeita de síndrome de apneia do sono associado e/ou necessidade de avaliação para cirurgia e transplante.
FONTE: JORNAL MÉDICO por Sara Fernandez