Por Dhalia Gutemberg*
A fase da coleta, denominada também de pré-analítica, costuma responder por aproximadamente 75% dos erros que acontecem nos laboratórios clínicos. Uma coleta abrange a própria coleta do material, onde devem ser observados estritamente os procedimentos, o transporte e conservação da amostra até o momento onde a mesma é analisada para fornecer o resultado ao paciente.
Um bom resultado de uma analise clinica depende substancialmente de uma coleta bem feita e do material utilizado para a mesma. O binômio profissional e o material de coleta de boa qualidade garantem o resultado, o qual possibilita ao médico estabelecer o diagnóstico e tratamento.
Os dispositivos de coleta são controlados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 1991. Estavam no grupo de materiais de uso médico e com a publicação da RDC-36/2015, em 27 de agosto de 2015 há novas regras para classificação, cadastro e registro de produtos para diagnóstico in vitro. Desta forma, os dispositivos para coleta passam a ser responsabilidade da Gerência de Produtos para Diagnóstico in Vitro. Todos são classificados como Risco I e Risco II e devem ser cadastrados na ANVISA. O cadastro não necessita ser renovado e deve ser atualizado sempre que houver alterações. As alterações de cadastro classe I e classe II não geram taxa a ser recolhida.
Todos os dispositivos de coleta devem ser cadastrados na Agência Nacional De Vigilância Sanitaria, com exceção do coletor de urina e do coletor de fezes não estéreis. Quando estes coletores são estéreis são alvo de cadastro.
Podemos enumerar os dispositivos de coleta mais comuns, sendo que esta lista nunca fica completa, pois a tecnologia sempre implementa com novos produtos, sempre com o objetivo de facilitar e tornar mais segura para o paciente e para o profissional, a coleta de amostras.
Tubos para coleta de sangue a vácuo
Os tubos são fabricados em vidro ou polímero plástico. Tem uma tampa de borracha e o sangue é coletado pela perfuração desta tampa com a formação de vácuo. Proporcionam conforto ao paciente e evitam várias punções venosas para a coleta de vários exames simultaneamente. Os tubos são divididos em dois grandes grupos (Para o cadastro na ANVISA é considerada esta classificação com aditivo e sem aditivo)
Temos dois grandes grupos, com aditivo e sem aditivo
- Sem aditivo: são siliconizados internamente, para análises clínicas em sangue total.
- Com aditivo:
- Gel separador com gel e ativador de coágulo
- Com gel e heparina
- EDTA Dissódico ou EDTA trissódico
- Com ativador de coágulo – para a obtenção de soro
- Citrato (coagulação)
- Citrato (para VHS – Velocidade de Hemosedimentação)
- Fluoreto de sódio /EDTA dissódico (glicose)
- Tubos com elemento traços (EDTA ou heparina)
- Tubo com elementos traços (ativador de coágulo)
Ordem de coleta dos tubos
Durante a coleta de amostras de sangue são utilizadas agulhas de coleta múltipla e adaptadores de coleta com os tubos de coleta a vácuo. A ordem de coleta recomendada é a seguinte:
Tubos de coleta
- “Swabs” – Um material absorvente (algodão, nylon, poliéster, rayon, poliuretano e outros) enrolado em uma haste (madeira ou material polimérico), forma o que se denomina “swab”. Útil para coleta de fluidos em cavidades naturais do corpo humano (por exemplo, nasofaringe, retal, uretral, orofaringe, uterino, faringe). O “swab” pode vir acoplado a um tubo, com ou sem meio de cultivo para o acondicionamento da amostra coletada no “swab”. São estéreis em sua maioria.
- Kits de coleta para uma finalidade específica – os fabricantes de dispositivos de coleta fabricam “kits” onde todo o material para a coleta está em uma mesma embalagem, facilitando a rotina da coleta no laboratório. Comum para coletas na área ginecológica.
- Cartões de papel de filtro para coleta de sangue de calcanhar de recém-nascidos – Fabricados em papel de filtro, com desenhos circulares para a coleta do sangue do calcanhar de recém-nascidos, para a análise de distúrbios genéticos.
Sempre há o lançamento de novos dispositivos para coleta. O laboratório clínico deve sempre exigir do distribuidor de material que estes produtos sejam cadastrados na ANVISA e solicitar o número de cadastro do produto. No site da ANVISA há a relação de produtos registrados, bastando acessar a página www.anvisa.gov.br.
*Dhalia Gutemberg – Consultora Técnica da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial – Contato: dhalia@terra.com.br