Recentemente, o apresentador Tiago Leifert e a esposa, Daiana, revelaram que a filha do casal, Lua, sofre de retinoblastoma, um câncer na retina. Lua é uma das 6 mil crianças por ano que são acometidas pela doença no mundo. No Brasil, são ao menos 400. A atitude de Tiago e Daiana de revelar o tumor da filha, muito nobre, por sinal, acendeu um alerta sobre o retinoblastoma e nos ajuda a conscientizar muitos pais.
A doença é o câncer ocular mais comum no público infantil, e surge na retina, parte posterior dentro do olho, podendo ocorrer em um olho (unilateral) ou em ambos (bilateral). O retinoblastoma representa cerca de 3% dos cânceres na infância e a maioria dos casos é esporádica, mas pode ser hereditário. Até o momento, não foram identificados fatores externos, como fumar ou beber, que possam favorecer o aparecimento do tumor, embora ainda estejam sendo realizados estudos nesse sentido.
É importante esclarecer que não há como prevenir o retinoblastoma. O surgimento é mais frequente em crianças com menos de 3 anos de idade. Quando o tumor é ainda intraocular, mais de 90% dos casos podem conseguir a cura. Sendo assim, o diagnóstico precoce é fundamental na luta contra o retinoblastoma. O melhor diagnóstico é aquele que acontece sem sinal de doença, porque provavelmente significa que o tumor está em estágio inicial.
É possível detectar a doença ainda na maternidade, através do chamado “teste do olhinho”. É um exame simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O teste do olhinho ajuda a identificar não só o retinoblastoma, mas também outras doenças oculares na criança.
Entretanto, também é fundamental que até os dois anos de idade, a criança seja acompanhada a cada seis meses por consultas periódicas ao oftalmologista (e posteriormente com visitas anuais ao especialista), com exames mais detalhados. É nesse período em que 90% da visão é formada, e qualquer alteração pode deixar sequelas permanentes. O retinoblastoma pode inclusive ser diagnosticado durante uma consulta de rotina com o oftalmopediatra, que também pode pedir exames complementares como ultrassonografia ocular, tomografia e ressonância.
É importante ficar alerta a sinais como “olho de gato” ou leucocoria (alteração do reflexo vermelho normal do olho, aparecendo no lugar uma mancha branca, principalmente vista em fotos), desvio ocular e/ou movimentos involuntários do olho (nistagmo), posição viciosa da cabeça para enxergar, baixa da visão.
As opções de tratamento variam de acordo com cada caso e vão depender do estágio da doença (tamanho do tumor, se é bilateral, e se já envolve outros órgãos). Os procedimentos podem incluir laserterapia, braquiterapia/radioterapia, crioterapia, quimioterapia e em último caso, a enucleação (retirada do olho comprometido).
A importância do combate ao retinoblastoma é tanta que foi inclusive reconhecida por lei pelo governo brasileiro. Em 2012, a Lei nº 12.637 instituiu o dia 18 de setembro como o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. Diagnóstico precoce e acompanhamento adequado são os maiores aliados para que as crianças possam alcançar a cura e preservar completamente a visão.
FONTE: DIÁRIO DE PERNAMBUCO – Patrícia Rêgo – Oftalmopediatra do Hospital de Olhos Santa Luzia