Com o diagnóstico de diabetes mellitus do filho aos quatro anos de idade, a assistente administrativa Raquel da Silva Pontin se vê diante do desafio da nova rotina alimentar da criança. Procura não privá-lo de uma alimentação variada, mas ressalta a dificuldade em encontrar comidas próprias para o filho.
Para melhorar a qualidade de vida da criança, Raquel optou pelo uso da ferramenta de monitorização da glicose FreeStyle Libre. O aparelho realiza a leitura da glicose no organismo sem a necessidade de tirar sangue. Com o auxílio da ferramenta, Raquel consegue controlar a alimentação do filho, porém acredita que novas soluções tecnológicas podem ajudá-la ainda mais. “Tudo é bem-vindo, especialmente se trouxer mais informações”.
E as informações que Raquel procura podem estar no aplicativo CarboTower, desenvolvido por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, que promete autonomia às crianças com diabetes mellitus para os cuidados com a própria saúde.
A ferramenta, elaborada especialmente para uso de crianças e seus familiares, tem formato lúdico e educativo. O objetivo, segundo a pesquisadora responsável Priscilla Ramos de Queiroz Amaral e sua orientadora, a professora Luciana Mara Monti Fonseca, é estimular positivamente a adesão ao tratamento proposto. “No contexto da era digital, as ferramentas educacionais inovadoras podem auxiliar na aprendizagem sendo motivadoras e inclusivas para a população, daí a importância do desenvolvimento de materiais educativos de qualidade como este”, explica a professora Luciana.
Traça rotinas e orienta atitudes em tempo real
Mas Priscilla adianta não se tratar apenas de um contador de carboidratos lúdico. A partir da inserção de dados, como a quantidade da alimentação diária, dividida por horários; as doses de insulina e os valores do teste de glicemia capilar, o app traça toda a rotina da criança, contabilizando suas ações e orientando atitudes a tomar em tempo real.
O sistema também permite interação com o profissional de saúde, como médico, enfermeiro e nutricionista, por exemplo, que acompanha a criança, Com acesso às informações, o “profissional pode intervir rapidamente, quando necessário”, dizem as pesquisadoras.
Além dos profissionais, os pais também têm espaço no CarboTower. Como tratar dessas crianças exige muitos cuidados, os pesquisadores incluíram ferramentas que facilitam esse processo e promovem a integração dos familiares. Priscilla justifica essa característica do aplicativo, afirmando que “os pais devem estar inseridos neste plano de cuidados e fazer parte dele para que seja realizado de forma adequada e efetiva”.
O aplicativo ainda não está disponível para o público. “Algumas etapas de testes precisam ser finalizadas antes do teste final com os usuários”; mas as pesquisadoras prometem que “tão logo finalizado, o CarboTower poderá ser adquirido nas principais plataformas de acesso”.
O CarboTower é resultado de estudos do Grupo de Pesquisa de Enfermagem no Cuidado à Criança e ao Adolescente (GPECCA) da EERP que também integra o mestrado de Priscilla Ramos de Queiroz Amaralcom orientação da professora Luciana Mara Monti Fonseca.
Mais informações: priscillarqueiroz@hotmail.com
Por Joice Soares – Informações Assessoria USP